
Sendo este um espaço de marés, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
as eleições estão à porta…
(Ai, a pena que eu tenho de não ter tempo para me dedicar com mais e maior afinco a este meu cantinho, tão entregue ao abandono…)
Enfim, aí estão as eleições para a Assembleia da República. Votarei? Sempre! Acompanho a campanha? Nunca (com especial incidência no que se refere às diversas televisões)!
Mas com a arrogância que caracteriza aqueles que que presumem ter algumas convicções na vida, sempre vos digo que todos devemos votar. Nenhum cidadão é neutro. Isso é coisa que não existe.
Respiramos, comemos, bebemos… e tudo o mais que vos ocorra nós fazemos. E, mesmo quando presumimos o contrário, certo é que nunca o fazemos sozinhos. A montante ou a jusante dos nossos actos estão sempre os nossos semelhantes que, quando não partilham a execução dos nossos actos, colhem sempre o efeito dos mesmos.
Nenhum homem é uma ilha, não é verdade? Então, vote lá, se faz o favor. Não custa muito e vai ver que se sentirá, logo a seguir, um exemplar de homo sapiens muito mais livre.
O resto… é a vida, como dizia o outro.
Manuel Veiga, hoje, na Casa de Trás os Montes
Carlos Carranca
Com a devida vénia, aqui se transcreve a precisa e sentida mensagem do Professor José d’Encarnação, a propósito deste exemplo maior de Ser humano que era Carlos Carranca e com quem tive a honra e privilégio de ombrear em sessões sempre com poemas e música à mistura:
Faleceu Carlos Carranca.
Completaria 62 anos a 9 de Novembro…
A sua enorme força de viver não logrou driblar – para usar um termo que lhe era caro – as curvas da Morte. Que descanse em paz o Lutador, o Cidadão que não hesitava em comprometer-se e em bradar bem alto contra a injustiça, a incúria, a falta de espírito cívico. O Professor que entusiasmava os alunos pela Literatura, pela Poesia, pelo Canto. A voz da canção coimbrã, que muitas vezes elevou, juntamente com tantos vultos grandes da Lusa Atenas, designadamente Luiz Goes. Cascais, Coimbra, Lousã e Figueira da Foz devem-lhe muito! Todos lhe devemos muito! E guardamos serenamente a sua memória! Até sempre, Carlos! Até sempre!
Doutorado em Cultura Portuguesa pela Universidade Autónoma de Lisboa, com uma tese – publicada – sobre o Iberismo em Torga e Unamuno, Carlos Carranca exerceu, até a doença o prender, funções docentes na Escola Profissional de Teatro de Cascais e colaborou, intensamente também, com a Universidade Lusófona de Lisboa. Poeta compulsivo, dir-se-ia, escreveu muitos livros de Poesia (e digo ‘muitos’, porque ultrapassarão decerto as duas dezenas, alguns dos quais eu tive o privilégio de apresentar) e estava sempre pronto a programar mais uma sessão em prol da Cultura, onde nunca faltava, a terminar, o toque coimbrão!
Constituíram os últimos meses, em que se debateu com esse grave problema de saúde, um testemunho exemplar de como se deve encarar a doença, de como o espírito deve ser forte, positivo, de como, mesmo na dor que atormenta, se pode olhar para os outros, confortá-los, dar-lhes o ânimo que, por vezes, corria o risco de lhe faltar. A consulta da sua página no Facebook, onde quase diariamente deixava as suas reflexões é, pois, obrigatória para quantos queiram inteirar-se de como um Grande Homem é Cidadão de corpo inteiro até ao fim!
José d’Encarnação
Mário Piçarra – homenagem na SPA
Sociedade Portuguesa de Autores

Tony da Costa, Octávio Rodrigues, Rui Curto, Vítor Amorim, Carla Correia, Sofia Carvalho, Coro Voz-Terra, Heloisa Monteiro, Djone Santos, António Lima, João Carlos Callixto, António Barbosa, Fernanda Lopes, Jorge Castro, Tito Lívio, João Paulo Oliveira, Gonçalo Reis, Bulimundo Lopes e amigos e não seremos demais para mais uma evocação ao Mário Piçarra, em torno do seu último cd Claridade.
Na Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, no Auditório Maestro Frederico de Freitas, pelas 18h30 do próximo dia 17 de Julho, lá estaremos para celebrar o nosso Amigo.
Venham daí e tragam outro amigo, também.
109ª sessão das Noites com Poemas
– Homenagem a Mário Piçarra

De um amigo que parte e que nos deixa aquela mescla de sentimentos ali algures entre a melancolia, a saudade, a sensação de desperdício… e, por vezes até, a necessidade de nos lembrarmos repetidamente de que já não poderemos encontrar-nos com ele, daqui a pouco, para completar conversas eternamente inacabadas, vale sempre a pena falar.
Falo-vos de Mário Piçarra, esse mesmo, um dos mentores do grupo Terra a Terra e de variadíssimos temas musicais que a nossa estultícia, pouca atenção ou desvairados afazeres fizeram esquecer… e, no entanto, existem.
No dia 05 de Julho (sexta-feira), pelas 21h30, ali pelo Templo da Poesia do Parque dos Poetas (Oeiras), alguns amigos evocarão esse homem de quem se poderá dizer que foi, tal como o 25 de Abril de Sophia, inicial, inteiro e limpo. A organização do evento está a cargo de Heloisa Monteiro e deste seu amigo de muitas andanças.
A sessão decorrerá, como habitualmente, sob a égide da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras e com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras.
O tema central desta nossa conversa, o seu mais recente cd Claridade, editado há bem pouco tempo.
Venham, venham… e tragam outro amigo, também, que a cantiga é uma arma e ele bem sabia!
nãoseinãotenhoideianãomelembronãotenhomemória
Há um novo tipo de indigência, neste mundo desigual em que vivemos, que reputo do mais confrangedor, pois mexe com aquilo que é tão único e distintivo no ser humano: a memória. Há quem a perca por sistema, quando, no demais, se apresenta a qualquer observador um aspecto saudável e escorreito. É, pois, um mal insidioso, não visível, e, não obstante, causador dos maiores constrangimentos, mormente para quem assiste à manifestação pública de tal doença. Os pacientes, esses, parecem não manifestar qualquer mal-estar ou desconforto, o que – convenhamos – motiva que não tenhamos pena dos pobres coitados. Vá lá…
Não sei se as bem-aventuranças contemplavam esta maleita quando se referiam aos «pobres de espírito», mas estou em crer que não.
Segue-se um vídeo cientificamente ilustrativo, para os mais incrédulos, da dimensão deste mal da civilização, socialmente tão pungente como o hemorroidal, tão tremendo como um crédito mal parado…
participação no projecto do Núcleo de Fotografia de Oeiras (NFO)
O Núcleo de Fotografia de Oeiras é constituído por um grupo de cidadãos que se encontram e convivem em torno do seu amor à fotografia, naquilo que se poderá considerar a sua abordagem mais abrangente. Há cerca de um ano que integro, também, este grupo informal mas de muito interessante gente.
Recentemente, desenvolveram um projecto que consiste na confecção de um livro que engloba cinco trabalhos de dezanove autores, dos quais se apresenta, ainda, uma biografia resumida.
Desse projecto, já concluído, nasceu, ainda, uma exposição com dois trabalhos fotográficos de cada autor, actualmente patente na Biblioteca Operária Oeirense, de que recomendo visita.
Abaixo, a capa do livro, bem como as minhas cinco colaborações, subordinadas ao tema genérico de O Mar em Nós.
madrugada da poesia
na Biblioteca Operária Oeirense
Tradição que já conhece vários anos, terá hoje lugar a Madrugada da Poesia, na Biblioteca Operária Oeirense
participação no livro
Manual – Principiantes de Pau-Luta – Arte Marcial Portuguesa
Por entre as diversas participações em que muito me honra ter o meu nome associado, desta feita surge uma obra, de há longo tempo esperada e que daqui saúdo, como primoroso exemplo de mais uma manifestação cultural muito portuguesa: Manual – Principiantes da Pau-Luta – Arte Marcial Portuguesa.
Da autoria de Manuel Monteiro e de Álvaro Santos Pato, este último antigo conhecimento das lides da Poesia Vadia, na Livraria Ler Devagar, ao Bairro Alto, que em boa hora me sugeriu a criação de um poema para integrar esta obra, tão original quanto necessária e que foi lançada ontem, dia 04 de Maio, na Cinemateca, em Lisboa.
Respigo do texto de apresentação: Este manual de ensino foi concebido como um instrumento de trabalho elaborado fundamentalmente para quem quer aprender ou aperfeiçoar a técnica do manejo do pau.
A arte, tão genuinamente portuguesa, da luta do pau na qual, como em tantas outras coisas, parece muito pouco termos a aprender com «os de fora», e cujas origens se perdem nos tempos primordiais da pastorícia…
E, já agora, uma pequena curiosidade: sabem qual o nome da árvore que fornece a matéria-prima para os paus? Pois trata-se do lódão ou lódão-bastardo (celtis australis L.), árvore comum em Portugal. E, já agora, resistente ao fogo…
ainda com Mário Piçarra, agora acompanhado por João Paulo Oliveira
Se é certo que os amigos são para as ocasiões, quero dar-vos conta do comentário publicado no facebook por João Paulo Oliveira, a propósito do cd Claridade de Mário Piçarra:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10218675879830663&set=a.1242968836856&type=3&theater

Homem da música, creio que a palavra do João Paulo Oliveira é mais abalizada do que a minha. Congratulo-me, pois, por partilharmos a mesmíssima opinião.