Hoje, vou deixar-vos aqui um poema.
Sabem os que me são mais próximos que duas datas celebro, todos os anos, em forma de poema: o 25 de Abril e o Natal, ou a festa do Solstício, se preferirem.
Pelo caminho ficam, também, os costumeiros votos de boas festas e de um ano vindouro pleno de felizes realizações.
Natal 2024
– sobre um poema de Vítor Barroca Moreira, escrito quando ele tinha nove anos (1960) e coligido por Maria Rosa Colaço em A Criança e a Vida
desta vez fiz um poema
do Natal que alguém quiser
poderá ser claro ou escuro
ser de compra ou de aluguer
ser presente ou ser futuro
estar em guerra ou em paz
se estiver verde ou maduro
para o caso tanto faz
mas que lembre
impertinente
a prata que embrulhava
o chocolate das prendas
e que alisámos com as unhas
dos dedos da nossa esperança
criando com eles regatos
e açudes prateados
entre o musgo e os rebanhos
ou verduras de arvoredos
nos campos imaginados
ah como era bom ser criança
poema em forma de gente
e clamar aos quatro ventos
que «O amor é um pássaro verde
num campo azul
no alto da madrugada»
numa certeza de tudo
e temerosos de nada
podes chamar-lhe utopia
podes dizê-lo impossível
mas é concreto e audível
no cantar da cotovia
depois então imaginar
um mundo assim sem fronteiras
uma irmandade do homem
maior talvez do que o mar
e de olhos abertos
sonhar.
– Jorge Castro
Dezembro de 2024