ele é o homem na cidade o homem-voz de um povo inteiro que pela sua voz era diferente
cantor de um fado em dó maior por si sentido por esse povo em sua voz ser renascido a reinventar o amor nas ruas frias da cidade enferma enferma de liberdade até à redenção enferma de saudade até ao coração que a razão cultiva o outro fado do outro lado de toda a vida que há em Lisboa num beco esconso mas corre mundo e corre a vida até ao osso ou à medula do que mais vale
a nossa voz que ele redimiu e reforçou onde a palavra se engrandece de pedra e rosas de andorinhas de uma loucura ao desencanto e as tabuinhas de uma janela feita do espanto que acontece depois do pranto depois da prece quando se ergue a voz do povo onde Lisboa sempre amanhece…
– não deixo de me comover com a imagem deste herói solitário, descendo a Avenida da Liberdade, em 25 de Abril de 2020…
Carlos Alberto Ferreira assim mesmo sem mais ser desce a Avenida liberto e a Liberdade é seu nome é o que tem de mais certo que assim se fez ao nascer
desce a passo compassado leva com ele o pendão que dá nome a uma nação e sobre os ombros transporta
leva o pendão em penhor de um destino maior futuro que mais importa
Carlos Alberto Ferreira desce trajado a rigor a Avenida e é senhor da verde e rubra bandeira que nas suas mãos é a flor de em Abril florescer para uma nação inteira.
Jorge Castro – 28 de Abril de 2020
(fotografia da autoria de José Sena Goulão, publicada pela Associação 25 de Abril)
Porventura pela evocação do sacrifício de (outro) cordeiro pascal, tocou-me a mensagem da minha amiga Júlia Coutinho, que me recordou, hoje, um poema de José Gomes Ferreira, que é sempre oportuno. Aqui fica a mensagem da minha amiga e o poema, para que a memória nos auxilie a criar um mundo melhor.
E hoje, que estou a reler José Gomes Ferreira, envio um poema seu de Set 1979 quando a GNR matou dois trabalhadores no Alentejo.
O poeta chorou… e eu, não sendo poeta, fiquei tão chocada que não consegui reter as lágrimas durante dias. No Portugal de Abril a guarda matava um homem de 40 e um jovem de 17 por quererem trabalhar as terras.
Abraço amigo e… Páscoa Feliz nesta fase de reinvenção dos dias.
julia
Aqui Nesta planície de sol suado Dois homens desafiaram a morte, cara a cara, em defesa do seu gado de cornos e tetas.
Aqui onde agora vejo crescer uma seara de espigas pretas
Quando os dois camponeses desceram às covas, Ante os punhos cerrados de todos nós, Chorei!
Sim, chorei, Sentindo nos olhos a voz do que há de mais profundo nas raízes dos homens e das flores a correrem-me em lágrimas na face.
Chorei pelos mortos e pelos matadores – almas de frio fundo.
Digam-me lá: Para que serviria ser poeta Se não chorasse Publicamente Diante do mundo?
José Gomes Ferreira
(Em memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo às mãos da GNR em Set. de 1979 por defenderem a Reforma Agrária)
Permitam-me que ocupe um cachico do vosso tempo para vos dar a conhecer como se dão as boas festas nas terras onde passei a minha nineç, o planalto mirandês. Espreitem aqui:
Buonas Fiestas Esta ye la mensaige de Buonas Fiestas de la nuossa Lhéngua Mirandesa.Por adonde steias, bibe estas fiestas cun nós i manda-mos amboras de l tou Natal para: lhéngua@gmx.comAmpeinhosGuion – Alcides MeirinhosEidiçon – Dinis MeirinhosGaiteiro – Paulo MeirinhosCoordenaçon de ls alunos – Duarte MartinsPartecipaçon special – Domingos Raposo
A cadência de homenagens, nestes meus dias que vão correndo, sendo certo que é aquilo que temos de esperar na vida, não é menos certo que nos deixam um nó na garganta, que nem sei se chore, se grite.
Patxi Andión. Ouvi-o, pela primeira vez, em 1969, no programa Zip-Zip. Passaram-se, então, 50 anos exactos, sempre a receber de alguém canções marcantes, que me acompanharam e ajudaram a viver.
Um dos poemas que eu conheço mais pungente e melancólico magistralmente acompanhado por uma interpretação a condizer e de que nunca me esquecerei…
20 años de estar juntos Esta tarde se han cumplido Para ti flores, perfumes Para mi, algunos libros No te he dicho grandes cosas Porque no me habrian salido Ya sabes cosas de viejos
Requemor de no haber sido Hace tiempo que intentamos Abonar nuestro destino Tu bajabas la persiana Yo apuraba mi ultimo vino Hoy en esta noche fría Casi como ignorando el sabor De la soledad compartida Quise hacerte una canción Para cantar despacito Como se duerme a los niños
Y ya ves, solo palabras Sobre notas me han salido Que al igual que tu y que yo Ni se importan ni se estorban Se soportan amistosas Mas no son una canción Que helada que esta casa! Sera, sera que esta cerca el rio O es que entramos en invierno Y estan llegando, estan llegando Los frios