Natal 2024

Hoje, vou deixar-vos aqui um poema.

Sabem os que me são mais próximos que duas datas celebro, todos os anos, em forma de poema: o 25 de Abril e o Natal, ou a festa do Solstício, se preferirem.

Pelo caminho ficam, também, os costumeiros votos de boas festas e de um ano vindouro pleno de felizes realizações.

Natal 2024

– sobre um poema de Vítor Barroca Moreira, escrito quando ele tinha nove anos (1960) e coligido por Maria Rosa Colaço em A Criança e a Vida

desta vez fiz um poema

do Natal que alguém quiser

poderá ser claro ou escuro

ser de compra ou de aluguer

ser presente ou ser futuro

estar em guerra ou em paz

se estiver verde ou maduro

para o caso tanto faz

mas que lembre

impertinente

a prata que embrulhava

o chocolate das prendas

e que alisámos com as unhas

dos dedos da nossa esperança

criando com eles regatos

e açudes prateados

entre o musgo e os rebanhos

ou verduras de arvoredos

nos campos imaginados

ah como era bom ser criança

poema em forma de gente

e clamar aos quatro ventos

que «O amor é um pássaro verde
num campo azul
no alto da madrugada
»

numa certeza de tudo

e temerosos de nada

podes chamar-lhe utopia

podes dizê-lo impossível

mas é concreto e audível

no cantar da cotovia

depois então imaginar

um mundo assim sem fronteiras

uma irmandade do homem

maior talvez do que o mar

e de olhos abertos

sonhar.

– Jorge Castro

Dezembro de 2024

sem título que nos valha…!

Hoje, em período natalício tão celebrado em toda a parte deste nosso mundo ocidental, não me apetece colocar a imagem de nenhum presépio.

A imagem que hoje selecciono é a que documenta a inadjectivável acção policial que ocorreu no Martim Moniz (Lisboa): algumas dezenas de transeuntes, porventura de nacionalidades várias, obrigados a colocarem-se de braços levantados contra uma parede durante mais de uma hora para serem revistados por agentes da PSP!!!

Vergonha e humilhação! E tu, gostarias de te ver nestes preparos, ou aos teus filhos ou aos teus netos nos diversos países para onde nos exportamos diariamente e de há tantos anos para cá?

As «explicações» dadas pelos actuais mandantes deste país para esta atitude, digna de tempos hitlerianos nos guetos judeus, são tão manhosas quanto idiotas, frustres, cobardes e sem sentido.

Parece que, no resultado da gigantesca operação policial, foram efectudas duas detenções (pelo menos, uma delas a um cidadão português), apreendido algum dinheiro, alguma droga e algumas armas brancas… também conhecidas como canivetes. Talvez se a região seleccionada fosse, por exemplo, a Quinta da Marinha, em Cascais, ou numa sexta-feira no Bairro Alto ou no Cais do Sodré os resultados fossem mais avantajados…

E é assim. É Natal! Paz na Terra aos homens de boa vontade… Mas, em boa verdade vos digo, irmãos: fascismo, nunca mais! Pelo menos, é o que se deseja intensamente mas, tal como as bruxas, que os há, há e cada vez se atrevem mais a sair das sombras pestilentas onde chafurdam.

Montenegro, Ventura e Moedas, a mesma luta, não é…?

Pode ser uma imagem de 8 pessoas, a Basílica do Sagrado Coração, o Portão de Brandemburgo, multidão, a Praça da Bastilha e a texto

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