No dia em que se celebram os 100 anos do nascimento de Natália Correia quero aqui destacar dois aspectos que considero primordiais na sua vida e na sua obra: o inconformismo militante e a irreverência permanente.
Natália diz-nos, também, que o poeta deve ter uma intervenção política e, se olharmos atentamente, não foram raros os casos entre a plêiade de excelentes poetas portugueses do nosso século XX cuja intervenção na «res publica» foi o pilar maior do seu destaque, a par da sua mestria, e por isso se mantêm como referências duradouras.
Natália, seguramente, mas também Pessoa, O’Neill, Gomes Ferreira, Aleixo, Saramago, Mourão-Ferreira, Ary, até Cesário, entre tantos outros mais.
Pensemos, pois, nisso e que extraia cada um as suas ilacções.
E como, por vezes, ser ibérico não será pecado, Gabriel Celaya, cantado por Paco Ibañez, já nos dizia:
«(…) Maldigo la poesía concebida como un lujo
cultural por los neutrales
que, lavándose las manos, se desentienden y evaden(…)»
Não é necessária tradução, pois não?