Terra de Miranda (2024) – uma vez mais, com um grupo de amigos, percorrendo o planalto transmontano

– Largo D. João III, em Miranda do Douro. Em fundo as duas torres da Concatedral de Miranda.

– Vista parcial da albufeira da Barragem de Miranda do Douro.

– Albufeira e barragem de Miranda do Douro. Imagem obtida da varanda do Hotel Parador de Santa Catarina.

– Vista para a Concatedral de Miranda do Douro.

– O castelo de Miranda do Douro, testemunha de um território onde, embora se fale a língua mirandesa, é português por inteiro.

– No rio Fresno, que se passeia pelos pés de Miranda, um circuito pedonal que se recomenda e que nos leva até ao centro histórico da cidade.

– Pormenor da estátua da autoria de José António Nobre, evocativa da mulher e do homem mirandeses, trajando os seus trajes típicos, localizada no centro histórico de Miranda, na praça D. João III.

(Quem quiser apreciar devidamente esta escultura em toda a sua plenitude tem bom remédio: vá lá.)

– Muito me aprouve registar grande profusão de predadores alados, sempre indício de uma natureza pródiga em recursos.

– Na sempre inesquecível paisagem que o cruzeiro ambiental ao longo das arribas do rio Douro nos proporciona, dezenas de grifos (buitres, em Mirandês) fizeram questão de marcar presença.

– No cenário arrebatador que o cruzeiro ambiental nos proporciona, momentos há em que os meandros do rio Douro nos escondem o seu curso, parecendo ali se erguer uma muralha intransponível…

– Nos cenários de beleza agreste com que vamos deparando ao longo da viagem do cruzeiro ambiental no rio Douro, somos surpreendidos, a cada passo, com curiosos jardins naturais que crescem nas arribas…

– Gostemos mais ou menos, certo é ser este jovem de olhos azuis um dos ex libris de Miranda do Douro, o Menino Jesus da Cartolinha, assim chamado, e foco de grande devoção.

Dizia-me um bom amigo que descobria no seu rosto traços do Mário Viegas quando novo… Será. Cada um vê o que vê com os seus olhos.

– Em Atenor, um burrico «lhanudo» pasta com a progenitora, que já enverga o seu traje primaveril.

– Por Duas Igrejas, no terminal da linha ferroviária do Sabor (desactivada), a velha e decrépita estação presenteia-nos, ainda, com uma série de painéis de azulejos da fábrica Sant’Anna (de Lisboa), que documentam usos e costumes da região.

Duas Igrejas fica a escassos dez quilómetros de Miranda do Douro mas, como ali estavam os silos de cereais da campanha do trigo dos tempos do Estado Novo (que não ocorreu só no Alentejo, mas também no planalto transmontano), por ali se quedou a linha de comboio… As tais malhas que o império tece…

Agora e seguindo o poeta, jaz morta e arrefece ou, melhor, apodrece. Parece que a actual autarquia tem planos para este espaço, o que muito me apraz registar.

– Exemplar de ovelha churra – a que, por lá, chamam canhona – um motivo mais para visitar a Terra de Miranda. E lembremo-nos da recomendação do poeta: «melhor é experimentá-lo que julgá-lo…».

– Palaçoulo, terra de indústrias múltiplas, onde cutelaria e tanoaria serão as mais notáveis; aldeia rara onde se regista pleno emprego; paraíso para os coleccionadores de navalhicas; local onde se fabricam das melhores pipas do mundo (os «ferraris» das pipas) e cuja fama já chegou ao Farol do Bugio, onde a autarquia de Oeiras mantém uma mão-cheia delas com o também único néctar de Carcavelos (por aqui Villa Oeiras)…

– Barrocal do Douro (Picote) – Capela projectada em 1954 por Nunes de Almeida, um dos arquitectos, a par de Archer de Carvalho e de Rogério Ramos, reponsáveis pela edificação de uma «cidade ideal», em estilo arquitectónico a que se chama Moderno Escondido, uma jóia verdadeiramente escondida nos fraguedos transmontanos e de uma modernidade que espanta.

Aí fomos, como sempre, muito bem recebidos pela sua guardiã, Margarida Vale, a quem deixo aqui o meu agradecimento, pela disponibilidade, simpatia e paciência, também pelo seu afã constante em manter aquele espaço um brinco, como sói dizer-se, e a quem já era tempo de ser prestada devida homenagem por entidades competentes.

Este Cristo Crucificado, bem como as demais figuras desta capela, são da autoria de Barata Feyo.

– Barrocal do Douro (Picote) – vista parcial da albufeira da barragem, inaugurada em 1958.

– Barrocal do Douro (Picote) – a «barraige». Aquando da sua construção, pela Hidro-Eléctrica do Douro, avaliada como a maior central hidroeléctrica da Europa.

E , do lado de lá, fica Espanha.

– Barrocal do Douro (Picote) – o Rio Douro, a jusante da barragem.

Faltavam cá estas personagens. Não só pela posta, entenda-se, mas pela boa aposta que esta estirpe representa.

Por outro lado e convenhamos, aqueles penteados deixam a perder de vista e, decerto, bem invejosos alguns despenteados mentais que por aí pululam, do tipo Johnson, Trump ou Milei…

Picote – Capela de Santo Cristo dos Carrascos, onde ao ser retirado o altar mor para restauro foram descobertas estas imagens originais, do século XVI, das quais já se tinha perdido a memória.

Documentam episódios da vida de São João Baptista e encontravam-se, à data da descoberta, em excelente estado de preservação, ainda que já lhes tenham operado algum cuidadoso restauro.

Picote – Miradouro da «Peinha de l Puio» ou Fraga do Puio, sobre o rio Douro, com o grupo de visitantes e guia completo.

Fica a dever-se a imagem ao amigo Eduardo Domingues que tão bem nos acompanhou neste périplo.

Ainda em Picote, não deixe de visitar o Ecomuseu Terra Mater, da Frauga – Associação para o desenvolvimento integrado de Picote.

Não sendo um espaço grande é enorme em ensinamentos. Mas também é um exemplo maior de perseverança e de amor pela terra-mãe.

– De novo em Miranda, com uma passagem pela sua estátua e em evocação a António Maria Mourinho, que, entre muitas outras virtudes, pois foi padre, professor, antropólogo, etnolinguista, historiador e arqueólogo, foi ainda o grande cultor e defensor da Língua Mirandesa, a quem se deve a sua elevação a Língua Oficial.

No Externato de São José, lá pelos idos de 60 do século passado foi meu professor de Religião e Moral… aulas em que nos ensinava a importância das pedras e pedrinhas que ele sabia existirem por todo o concelho e que nos contavam uma História ainda por descobrir.

– Ia alta a noite. Pelo Restaurante da Balbina, o grupo fez as honras ao cordeiro assado na brasa, antecedido pela boa alheira de Miranda e por aquela salada que nos traz o bom saber dos velhos tempos.

Eis senão quando um grupo de jovens pauliteiros acede em presentear-nos com um seu ensaio informal, junto à Concatedral, mostrando-nos, com a sua mestria, que o ser-se mirandês está ali para lavar e durar, como se costuma dizer. Um aplauso a eles e a chapelada pelo empenho com que fizeram tal demonstração!

de novo em passeio pela Terra de Miranda do Douro – I

Alguns terão adivinhado. Fui até à Terra de Miranda do Douro, lá por onde me criei, ainda que não seja o local de nascimento, mas onde pude encontrar berço de afectos.

Com alguma regularidade, os antigos alunos do Externato de São José (Miranda do Douro) promovem um encontro/convívio em que participo sempre que posso, esbatendo saudades e tentando colocar em dia a premência dos tais afectos.

Irei, pois, em homenagem à terra e suas gentes, colocando por aqui alguns «bonecos» que obtive nesta recente deslocação.

Também porque a Terra de Miranda permanece desconhecida de boa parte dos portugueses, sempre com a invocação de que «fica lá tão longe…» mas, seguramente, bem mais perto do que Barcelona ou Veneza, etc., etc.

E, afinal, há tantas razões que justificam a viagem…

Miranda do Douro (1) – Praça D. João III

Miranda do Douro (2) – Vista parcial da albufeira da barragem da central hidro-eléctrica.

Se valesse a ironia, dir-se-ia que, à esquerda, Espanha; à direita, Portugal; e, no centro, a França. Uma prova de quão néscios (ou pior…) podem ser os homens quando os interesses económicos falam mais alto do que tudo.

Miranda do Douro (3) – As arribas do Douro vistas da cidade de Miranda.

Já fizesteis o passeio fluvial entre barragens? Aceitai uma sugestão: não vos deixeis morrer sem o fazer.

(É verdade, a segunda pessoa do plural ainda é, por lá, muito utilizada, mesmo «an pertués»)

Miranda do Douro (4)

A fachada principal da concatedral – sabem o porquê desta designação? O senhor google dará uma ajuda.

Miranda do Douro (5)

O Menino Jesus da Cartolinha, verdadeiro ex-libris da cidade, a quem um bom amigo que também por lá andou, João Pequito, encontrou grandíssimas parecenças faciais com Mário Viegas, na sua juventude.

Mário Viegas que, nos idos de 60 e com os seus catorze anos, ia por lá, passar férias e, já então, a desinquietar-nos com o bichinho do teatro, escreveu uma peça e a levou à cena, tendo a meninada como elenco. E nunca se terão visto tantos príncipes e reis e rainhas por terras de Miranda…

Numa passeata para distrair o pensamento – II

– Quem tem amigos não passa mal.

– O rebanho.

– O progenitor do rebanho.

– O curador do rebanho, no caso, também conhecido como pastor.

– Tratado sobre a arte de bem cavalgar toda a sala (é mesmo sala, não foi engano…).

Na encerrada estação de Marvão-Beirã, uma família de cegonhas padece sob a canícula.

– Marvão.

– E, ainda, Marvão e o velho efeito do espelho.

– E, outra vez ainda, Marvão.

Uma nota: uma localidade sem cabos eléctricos a perturbarem a paisagem! A minha chapelada!

– Estação de comboio (abandonada) Marvão-Beirã.

Mais uma prova indesmentível de que somos um país rico e perdulário, onde nunca se atina com possíveis formas de rentabilizar, reutilizando, património edificado… antes que se desmorone.

Valha-nos, então, o foguetório e o festivalório, tão do agrado dos sacristãos do efémero, para irmos coçando todos estes eczemas (se quiserem, podem chamar-lhes dermatites atópicas, que dá um ar mais «apetudeite»).

– De volta a Castelo de Vide. À primeira vista, pareceu-me que a representação de Cristo se preparava para um solo de contrabaixo. Depois, vendo melhor…

Em Marvão, o restaurante-café O Castelo. Um bom sítio para estar.

Apreciei, especialmente, a vertente café. Já o «lounge» tive alguma dificuldade em perceber como desfrutar. O meu velho problema com as línguas estrangeiras…

É verdade que a paisagem é bonita e vê-se até muito «lounge», mas creio que a ideia não era essa…

Numa passeata para distrair o pensamento – I

Numa passeata para distrair o pensamento (1)

– Castelo de Vide

Numa passeata para distrair o pensamento (2)

– Menir de Meada, do alto dos seus 7,15 metros de altura, uma impressiva representação do Neocalcolítico.

Numa passeata para distrair o pensamento (3)

– O Mosteiro da Flor da Rosa – magnífico!

Numa passeata para distrair o pensamento (4)

– Ammaia – uma importante cidade romana, fundada há cerca de dois mil anos, já dentro do território da Lusitânia, cuja investigação está a ser desenvolvida à portuguesa (curta… e morosa). O espaço museológico: excelente!

A fotografia publicada mostra, a negro, o extraordinário traçado da estrada actual para Portalegre que, distraída e/ou inconscientemente, foi construída, em 1920, sobre os relevantes vestígios da povoação.

Deixei um breve comentário no livro de visitas: «Desenterrem-me, porra!».

Ó autarcas da minha terra e demais mandantes, acordai… e agitai-vos um pouco em prol da cultura a sério, nem que seja como prova de vida!

Numa passeata para distrair o pensamento (5)

– Ainda a propósito de Ammaia: imaginem, através desta imagem, a dimensão e o interesse deste espaço. E, logo a seguir, pensem que o acesso aos vestígios desta cidade nem sequer estão perturbados por edificações posteriores…

Numa passeata para distrair o pensamento (6)

– Em Castelo de Vide, uma exposição por Abril, sempre!

Numa passeata para distrair o pensamento (7)

– Em Castelo de Vide – um jardim com rosas.

Numa passeata para distrair o pensamento ( 8 )

– Ermida de Nossa Senhora da Penha – vistas diurna e nocturna.

Numa passeata para distrair o pensamento (9)

– Núcleo museológico de Ammaia: pequeno e, no entanto, cheio de graça.

Numa passeata para distrair o pensamento (10)

– No claustro do Mosteiro da Flor da Rosa – uma Andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris)