by OrCa | Dez 31, 2020 | Efemérides, Humor, Textos facebook |
A vida tem muito daquilo que quisermos fazer dela.
Hoje, por exemplo, para aqui limitados e constrangidos, recebi de mão amiga uma sugestão para os aficionados dos fogos de artifício que estão tristes por não poderem sair à rua para deitar fora o ano velho e receber o ano novo.
Aqui a partilho, com a devida vénia, com os votos de que 2021 seja um ano pleno de criatividade e bom humor, com saudinha da boa à mistura.
https://www.facebook.com/andres.helgason/posts/10157668169492623
by OrCa | Dez 29, 2020 | Breve reflexão, Opinião - pensamento crítico |
Nada me move politicamente contra o actual governo mas quando, no espaço de um escasso mês…
– o governo aprova o aumento atribuído a três administradores da TAP, em plena reestruturação desta empresa, com muitas centenas de despedimentos anunciados;
– ou quando se apressa a manifestar anuência à mirabolante habilidade da venda da concessão de exploração de seis barragens hidroeléctricas no rio Douro, por parte da EDP, por 2.200 milhões de euros, sem pagamento de impostos nem a mínima contrapartida para as regiões onde se localizam as barragens que não sejam as que provirão do erário público;
– quando esse mesmo governo considera não haver ligação entre o abate de animais na Torre Bela e a construção de uma central fotovoltaica…
Isto é tudo ingenuidade, falta de jeito, desconhecimento ou ausência de interesse pela coisa pública, meras circunstâncias mal esclarecidas junto da opinião pública… ou é pior?
by OrCa | Dez 24, 2020 | Efemérides, Textos facebook |
Dos vários milhões de amigos, conhecidos e assim-assim a quem já fiz chegar os votos de saúde e de boas festas, esperando que 2021 seja para todos um auspicioso ano, recebi outras tantas respostas, o que é muito reconfortante.
Nalguns casos, estes amáveis votos já vão na terceira ou quarta réplicas… o que me cria a dúvida angustiante de saber se terei chegado a todos.
Assim, não me levem a mal que aqui formule, para todos e de novo, os meus votos de boa saúde e de boas festas, com a promessa solene de que este ano ficarei por aqui.
Com beijos e abraços, claro.
by OrCa | Dez 22, 2020 | Crónicas, Opinião - pensamento crítico, Textos facebook |
Na Quinta da Torre Bela, em Aveiras de Cima, concelho da Azambuja, numa quinta murada, 540 veados, gamos e javalis foram massacrados por 16 aberrações da natureza, sob a égide de um casal de energúmenos, porventura saudosos da Guernica…
Ora bem, como declaração de princípios, considero a caça e os caçadores como resquícios atávicos que, como sói dizer-se, nos correm na «massa do sangue» e, enquanto tal, uma prática em declínio, a caça, e uma espécie em vias de extinção, os caçadores, com o avanço civilizacional.
Serão excepções notáveis todos quantos tentam introduzir alguns aspectos de humanidade e, até, cientificidade aos instintos mais básicos que presidem a tal «desporto», tal como é doentiamente considerado.
Por exemplo, não é despiciendo o argumento segundo o qual algumas espécies selvagens apenas existem, nos nossos dias, porque existem caçadores…
Mas, na maioria dos casos, invoca-se a cultura e a tradição apenas para dar pretexto justificativo ao instinto predatório, muito desajustado aos dias que correm, quando não dar livre curso a outras psicoses mais obscuras.
Mas os interesses capitalistas são sempre, nos tempos em que vivemos, mais fortes do que qualquer lógica ou bom senso. E não venham para cá com tretas de esquerdismo e tal… Atenhamo-nos aos factos conhecidos:
Numa coutada privada, gerida pelo tal casal espanhol, onde está prevista a instalação de uma central fotovoltaica com 775 hectares (num total de 1000 hectares da herdade) e cujo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) se encontra em fase de consulta pública, até 20 de Janeiro de 2021, e onde se tem verificado uma significativa desflorestação nos últimos tempos, este massacre é só coincidência?
E vangloriam-se da façanha no «facebook», com imagens publicadas? E ousam chamar àquilo montaria, quando de um cobarde massacre se trata? Estão a gozar com as nossas caras?
Aqui ao lado, em Espanha, o então rei Juan Carlos foi veemente condenado pela opinião pública após a divulgação de uma fotografia sua ao lado de um elefante abatido num safari em África.
O que poderá suceder, proporcionalmente, a este casal de «empresários» e aos «16 indomáveis patifes» com o seu espólio tétrico de 540 animais selvagens?
Sabe-se já de movimentações de autarcas e de partidos. Sabe-se da invocação de total desconhecimento prévio dos factos por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Mas fica uma pergunta aos intensos defensores do turismo em Portugal: é esta a imagem que se pretende dar do tal país de brandos costumes, à beira-mar plantado?
E nem me interessa saber se há legislação que contemple a penalização deste massacre ou se, como é hábito, o dinheiro fala mais alto.
Porque há uma coisa que deve prevalecer em cada ser humano, sob pena de deixar de o ser: a ética. E não há recanto onde, neste lamentável episódio, a possamos encontrar.
A meia-dúzia de dias do Natal, fuzilam-se a sangue-frio centenas de veados e gamos e javalis, como em qualquer episódio de uma guerra sangrenta… onde as vítimas nem sequer podem fugir ou ripostar. E tornam-se públicas as imagens. Eis um grandessíssimo exemplo de cobardia e falta de escrúpulos a transmitir às nossas crianças, no meio de uma pandemia às costas.
Se os autores deste inqualificável desmando saírem incólumes deste episódio, podemos bem, todos nós, limpar as mãos à parede por sermos o país que somos
by OrCa | Dez 14, 2020 | Poemas |
Valendo mais cedo do que tarde, cá vos deixo o meu poema de Natal para 2020. Vai com ele um abraço e um brinde à Vida. E votos para que a vossa saúde esteja forte e para que continuemos a encontrar-nos por aí…
Podem ouvi-lo «ao vivo» aqui:
https://www.facebook.com/1271511073/videos/10223531478576367
NATAL 2020
passo por este Natal como se Natal não fosse
passo pelo Natal como se nem houvesse
pedem-me que viva como se não vivesse
– nunca estive preso que agradecesse… –
lá fora choveu
está frio
e eu
vejo pela vidraça que tudo parou
mas vendo melhor
o Sol
o mar
o vento a soprar
percebo que ao fim nada em mim mudou
só este torpor
o garrote imenso de mal respirar
esse algo indizível que nos rouba o ar
mas passo o Natal como se nada fosse
pois que há na Terra
a fome
e o frio
o medo e a guerra que sempre acontece
como há o riso
o sonho
e a vida que já amanhece
quero então que o Natal seja um recomeço
e seja também
quanto lhe apetece dar passos em frente
a caminho da esperança
e que mais não seja
– ao longe e muito ao de leve –
o primeiro choro de alguma criança
nascida a Dezembro deste inverno duro
e a mãe que a teve
se atreva a erguê-la aos céus deste mundo
gritando que ali
nasceu o futuro.
- Jorge Castro
12 de Dezembro de 2020 - Tenham um bom Natal e um sorridente ano novo.