by OrCa | Ago 24, 2017 | Crónicas, Sítios |
Nos passados dias 17 e 18 de Agosto,
voltei a Miranda do Douro para o convívio anual dos Alunos do Externato de São José. Uma vez mais e sempre, lá me ficou a ideia, de novo remoçada, de que Miranda yê la mie tiêrra e, contra isso, nada feito.
A Sé que nos aguarda…
… a cidade que nos acolhe…
… a brejeirice que nos acena…
… as tradições que se nos impõem.
O passeio nocturno revela segredos…
… que na longínqua meninice apenas se poderiam imaginar.
Depois, numa arruada integrada nas comemorações locais a Santa Bárbara – de quem nos lembramos quer troveje quer não -, um grupo inusitado de pauliteiras.
Confesso-vos que a quebra da tradição tende a perturbar-me um pouco…
… mas a elegância assertiva da coreografia…
… aliada à inegável beleza das participantes e seus trajares…
… me deixaram rendido e convencido.
Ângelo Arribas, de Freixiosa, antigo conhecimento, sempre activo e devotado artista…
… figura carismática das terras mirandesas que tem artes de se rodear de gente boa e de todas as idades, com o condão de nos recriar ambientes de antanho, por mais que a actualidade se nos imponha.
E a barraije lá permanece, ocupando o «canhão» mirandês, mentora de mudanças a que o Douro teve de se afeiçoar… porque sim ou, se quisermos e como nos diria o poeta, Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. E o rio, queira ou não, tem de se acostumar à ideia e ser assim domado.
O fotógrafo lá estava, também posando…
… que, entre o volume da água e a dimensão das arribas, não há quem resista à imponência da paisagem.
Na Biblioteca Municipal, relembrando referências da minha vida, percorri os percursos de António Maria Mourinho, meu antigo professor e o grande cultor do Mirandês, que teve artes de guindar a língua oficial.
Visita às referências patrimoniais.
E, como habitualmente, a recepção oficial da comitiva de antigos alunos no salão nobre da Câmara Municipal…
… presidida pelo actual Presidente, Artur Nunes, muito bem acompanhado por
La Comisson Ourganizadora de l Ancontro de ls Antigos Alunos de l Sternato de S. Jesé, constituída, para que conste e em homenagem ao bom trabalho feito, por Adelaide Monteiro, Maria Joaquina Aguiar, Eduardo Domingues e José Manuel Alves.
Algumas amigas presentes, onde a amizade não tem idade.
A belíssima surpresa de termos contado com a presença da Sra. D. Odete – ai, se ela me ouve… – a nossa professora de Inglês e de Francês, por quem a idade parece não passar
– Artur Nunes
De seguida, com a presença do incontornável Ângelo Arribas,
visita às instalações do novo grupo produtivo da
Central Hidroeléctrica do Barrocal do Douro (Picote), recentemente construído pela EDP…
… com a correspondente visita guiada.
Três graças que por lá vi, diria eu…
José Franco explanando a evocação que arquitectou…
… recorrendo a memórias diversas que condensou em filme que nos exibiu
E quando mestre Arribas toca, logo a malta dança, claro!
O espelho do Barrocal…
… sobrevoado pelos grifos, estranhando porventura a inusitada agitação na coroa da barragem.
Aqui se separa, convencionalmente, Portugal de Espanha.
A Junta de Freguesia de Picote, em colaboração com a Comissão Organizadora, organizou um lanche encostadinho a Espanha que, como se pode observar, foi muito participado…
… e, em boa hora, na pouca sombra exterior disponível, que o sol era de molde a grelhar-nos a todos e sem ser em lume brando
À noite, o jantar, animado – adivinhem lá por quem… –
Todos satisfeitos com o repasto, tempo de colocar conversas em dia, trocar ou revitalizar contactos…
… e de se promover a passagem de testemunho para eventos vindouros.
Não vos falei da muito interessante e bem participada exposição de Pintura da autoria de muitos dos presentes. Mas aqui deixo apenas esse apontamento escrito, para vos suscitar o interesse em, para a próxima, irem lá vê-la com os próprios olhos, pois estas coisas têm sempre mais graça com gente dentro!
Também não vos falei da gastronomia, das conversas, das festas que por lá houve… Mas nunca é bom falar de tudo. Talvez nalgum futuro romance…
by OrCa | Set 9, 2016 | Sem categoria |
Talvez romagem, talvez hábito, talvez vício… o certo é que, regularmente, lá rumo ao canto nordestino de Portugal, em viagem de afectos, em encontro de antiquíssimas amizades e afectos. Desta feita, o encontro dos antigos alunos do Externato de São José de Miranda do Douro.
Saído a meio da tarde de Lisboa, registo com agrado que escassas quatro horas e meia de viagem a velocidade legal são bastantes para cá chegarmos. Como sempre, a Sé esperava-nos…
… bem como o Restaurante da Balbina, ponto de romagem primeiro. Nele, travámos conhecimento com um cabrito grelhado, digno e merecedor dos maiores encómios. Sim, claro, para sobremesa queijo com marmelada, como deve ser!
Um sapatinho artesanal, todo feito à mão e aqui adquirido, ia contribuindo para o bem estar geral.
Depois, a visita a lugares muitas vezes vistos e sempre revisitados com carinho.
Um autóctone deu-nos as boas vindas.
A evocação sempre merecida a um velho professor a quem todos muito devemos.
E a Sé sempre de vigília.
Ah, e para os distraídos sempre vou lembrando que aqui também é Portugal.
Os dois figurões que se olham na praça.
Velhas casas de eterno retorno.
E Miranda sempre à nossa espera.
Pela manhã, a excelente vista d’A Morgadinha saudou-nos, como é seu timbre.
Muito bem, vamos ao dia!
– Fotografias de Jorge Castro
by OrCa | Ago 2, 2016 | Sem categoria |
Pois, pois… Quem quer bons destinos para férias, procure-os, que talvez ainda encontre…
Nove horas da manhã. Temperatura da água… enfim, até eu lá entrei, sem medo. Uma praia inteirinha com vinte «gatos», se tanto, a esta hora.
Façam o favor de ser felizes. Eu volto já…
by OrCa | Ago 1, 2016 | Sem categoria |
Decorreu, em 30 de Julho, e com o nível de sucesso a que nos habituámos, o
XIII Passeio ao Farol do Bugio, organizado pela EMACO.
Para registo muito sucinto do evento e memória futura:
A peitaça da t-shirt distribuída
O briefing em terra
O briefing a bordo
A preparação para a descolagem
A partida
O verdadeiro início oficial da aventura
O primeiro olhar de mais perto (e do lado do mar)
A acostagem
A magnífica paisagem
Já no interior, com vista em redor
José Meco, no interior da capela, brinda os visitantes com o enquadramento histórico e fala da gritante necessidade de não aguardarmos pela derrocada final de todo este inigualável monumento
A visita às instalações
Um olhar de encantamento
A escala, não perceptível de terra
Apontamentos do seu interior
Joaquim Boiça ilustra os visitantes quanto ao enquadramento histórico do edifício…
… as suas razões de ser e as vicissitudes, também transformadas em oportunidades novas, pelas quais foi passando o farol do Bugio…
… abordagem que não sabe (nem quer) dissociar da sua vivência pessoal, conferindo à dissertação uma aproximação também pelo campo dos afectos que não deixa ninguém indiferente.
E, subindo ao piso superior…
… conclui a sua exposição, no escasso tempo disponível, ficando nos presentes um saudável «gosto a pouco», a indiciar que para o ano haverá mais… Aliás, alguns houve que manifestaram a vontade de repetir já no próximo dia 06 de Agosto.
Aguardando a viagem de regresso
Um último «boneco» ilustrativo de um momento bem passado
O regresso
Alguns autóctones ficam, discretamente, a contemplar a partida até à próxima…
- Imagens de Lídia Castro e de Jorge Castro
by OrCa | Jul 3, 2016 | Sem categoria |
Ora, bem… Arouca, ali como quem vai para o Porto, vindo de Lisboa, e em vez de virar para o mar e Aveiro, vira para dentro, passa por Vale de Cambra e já lá está – claro, passados que foram trezentos e tantos quilómetros, quase todos em auto-estrada (onde se recomenda a A17, pela calmaria de trânsito):
Com um bom e bem dimensionado grupo de companheiros de viagem, assentámos teres e haveres no Hotel São Pedro, já em Arouca – que recomendo – e partimos para a satisfação da primeira necessidade básica, nestas aventuras: onde jantar e, muito preferencialmente, bem.
Sem desprimor dos demais e porque o tempo sempre escasso não nos permitiu visitar todos, aqui vos deixo uma magnífica sugestão: o Restaurante Tasquinha da Quinta, no centro da localidade.
Apenas uma breve nota: a prancha de entradas e a vitela arouquesa deixaram-nos absolutamente convencidos.
Tempo ainda para uma espreitadela à Capela da Misericórdia…
… e ao Mosteiro de Santa Mafalda, ambos em Arouca, onde guias de ocasião nos prestaram informações preciosas para entendimento do que nos rodeava.
Um dos destinos previstos era o Museu das Trilobites (em Canelas, muito próximo de Arouca).
Para além dos esclarecimentos científicos que podem ser profusamente colhidos no local e que não têm lugar neste breve apontamento de viagem, não quero deixar de divulgar que se trata de fósseis com 500 milhões de anos e dos maiores do mundo, colhidos numa pedreira ali localizada e que, por sinal, por uma gestão esclarecida e interessada, deu origem à criação deste espaço cultural, ponto de encontro já da comunidade científica internacional que se dedica a estas coisas…
A sua dimensão – gigantesca em termos comparativos com as que se encontram um pouco por todo o mundo – dever-se-á a razões várias, mas onde os cientistas ainda divergem. Certo é que, com tal dimensão, apenas se encontram outras manifestações no Canadá, não deixando de ser curioso o facto de que, na Pangeia (previamente à deriva de continentes), quando na Terra existiria um único continente (aí por volta de 200 a 540 milhões de anos atrás) – essa região do actual Canadá e a região do actual Portugal, que visitámos, se encontrarem muito próximas.
E o objectivo primeiro desta passeata: os Passadiços do Paiva que, apesar do incêndio registado há cerca de um ano, foram prontamente reabilitados e ali estão, para nosso deleite.
Recomenda-se a caminhada, ao longo de um trajecto de um pouco mais de oito quilómetros, em dia de semana, pois aos fins de semana, conforme nos constou, a romaria é infindável e algum encanto ficará beliscado pela enorme afluência de interessados… e a paisagem sente-se melhor com alguma tranquilidade em nosso redor.
A ponte, lá em baixo, assinala de algum modo, o início do percurso…
O grupo de jovens caminheiros.
Dois trechos dos passadiços, obra de notável engenharia e de uma estabilidade contrária à aparentemente enganadora fragilidade da estrutura.
Pelo caminho, a maravilha de uma Natureza ainda não alterada pela mão humana. Aqui, claramente, o curso de água dirigido ao rio Paiva, ofereceu-nos o desenho inusitado daquilo que me pareceu ser um coração de filigrana… Apreciem vocês mesmos.
A maravilha da digitalis purpurea – dedaleira ou campaínha, para os amigos…
… espreitando as «marmitas» escavadas pelo sobressalto do Paiva no duro granito, esculturas autênticas e sempre de elegância imbatível.
Algures, a meio do percurso, uma ponte pênsil, a desafiar medos de vertigens, dando ainda mais tempero à caminhada. Enfim, opcional, para tranquilidade daqueles a quem a vertigem é mais forte do que eles.
E cada trecho mais belo e apaziguador do que aquele já transposto.
Um habitante apenas da profusa diversidade que por lá de vai vendo. Aqui vo-la deixo, à amiga lesma, pela pouco vulgar coloração (negro retinto), bem como pela dimensão – cerca de 12 cm em repouso contraído…
E mais não mostro, pois aquilo é para ser visto no local e cada imagem rouba a dimensão do encanto. É ir, senhores. A inscrição faz-se na net e custa 1 €.
No dia seguinte uma visita ao Museu do Convento de Santa Mafalda, cujo espólio ou recheio é muito digno de ser visto.
Depois, rumo à Serra da Freita, mesmo ali mais à frente, tanto mundo para ver. Desde os vestígios, ancestrais ou mais recentes, que os humanos foram por lá deixando, até à magnífica paisagem, que tem um ponto alto (na verdadeira acepção do termo), na Panorâmica do Detrelo da Malhada – nome que, por si só, já é um poema…
Aí travámos conhecimento com um grupo de simpáticos exemplares arouqueses – a quem, aliás, já tínhamos prestado outro tipo de honras no dia anterior, na Tasquinha da Quinta, nomeadamente.
A paisagem, serrana e montanhosa, em paletas que sempre nos surpreendem e inspiram…
… mesmo se condimentadas com alguns «tem-de-ser» que a constrangem.
Logo mais, a Frecha da Mizarela, segundo parece a maior queda de água da Europa… E mesmo que o não seja, ponto obrigatório para lavar os olhos cansados das rotinas citadinas.
E, de seguida, mais uma originalidade muito nossa: as pedras parideiras da aldeia de Castanheira. Quase-quase único no mundo, este fenómeno geológico, apesar de ter ali já o seu centro interpretativo, mereceria talvez outro resguardo… Mas isso, serão outros cantares.
As covinhas que se avistam na rocha granítica eram o leito parideiro das pedras paridas, também chamadas, localmente, de ovelhas ou de jogas, mas a que os geólogos chamam encraves.
Por mim, fico-me pelo encanto das paridas, para não enjeitar o esforço enorme das suas parideiras.
Enfim, cá me vai ficando a sensação, cada mais enraizada,
de que não chega uma vida para saber de Portugal todo.