by OrCa | Jul 23, 2021 | Breve reflexão |
Gosto de ler. Entre muitas outras coisas, as opiniões dos outros. Devo, no entanto, lê-las com vagar, para as entender e interpretar ou, como diria, salvo erro, Fernão Mendes Pinto, lambê-las como a ursa faz aos filhos.
Esse é o caminho para evitar precipitações espúrias. Se não o fizer, qualquer que seja o motivo, nomeadamente a falta de tempo, não faz sentido pronunciar-me sobre o assunto, seja a favor, seja contra.
E vão, decerto, escapar-me muitas subtilezas de linguagem, em que somos pródigos. Vou, provavelmente, gerar controvérsias infundadas. Vou hostilizar, muito provavelmente, terceiros de forma gratuita…
Apenas por exaltação momentâneo do ego? Ora, há tanta forma e maneira de o exaltar. Basta pensar um pouco, exercício muito recomendável para quem tenha de si o conceito de “sapiens”.
Ler, pois, devagar. Também o melhor modo de discernir o trigo do joio.
Depois deste momento de reflexão, vou beber um cafezinho. Até já.
by OrCa | Jul 15, 2021 | Opinião - pensamento crítico, Textos facebook |
Helena Matos dixit, no Observador, em 11 de Julho, p.p.: «Quando a SIDA apareceu nos anos 80 não se proibiu nada a ninguém. Em 2020, quando chegou o COVID proibiu-se quase tudo a toda a gente. Somos as cobaias de uma nova forma de governar: o social-sanitarismo»
Eu tendo a sentir muita consideração por todo e qualquer ser vivente e pondero sempre evitar meter-me nas tamanquinhas de cada um, até por razões profiláticas. Mas quando alguém partilha uma opinião, o mínimo que se espera é o seu eco, a ressonância produzida.
Assim sendo, quando alguém que se arvora em jornalista publica um artigo de opinião assume o que vulgarmente se chama responsabilidade social acrescida.
Ora, Helena Matos ao pretender comparar a SIDA, nos idos de 80, à actual COVID, para defender uma agenda política que é muito sua, comete, em meu entender, vários pecados indefensáveis:
- Confunde – e tenho de admitir que o faz deliberadamente, tal a monumentalidade do disparate – duas realidades cientificamente distintas, muito especialmente no que à relação entre seres humanos respeita e, portanto, à transmissibilidade da doença.
- Ignora, também deliberadamente, a dimensão comparada do impacto social entre ambas as maleitas… (Veja-se o exemplo da necessidade do teletrabalho: no que respeita à SIDA – e se me é permitida alguma ironia – apenas se justificaria em relação às equipas de produção de filmes pornográficos ou naqueles casos em que um ambiente de trabalho se revelasse muito promíscuo para além das tarefas do dia-a-dia, com vários «bodystorming» sobre as secretárias, maquinas de costura, etc…).
- Promove, concomitantemente, a desinformação num momento histórico em que o comum cidadão se debate no mar de informações contraditórias ou antagónicas que colocam em causa a sua própria sobrevivência.
Poder-se-ia continuar, mas não vale a pena. Helena Matos, como tantos «jornalistas» a que vamos tendo direito, não é tanto jornalista mas mais uma opinativista – o que, se calhar, até é um neologismo covidiano. Talvez por isso conceitos como a deontologia não se lhe aplicam nem há ordem profissional que a sustenha.
O bêbedo da aldeia não teceria melhor comentário, entre dois copos de três.
O Observador paga-lhe por isto ou para isto? É que até isso fará diferença…
by OrCa | Jul 13, 2021 | Eventos, Lançamento de livro |
Este o título da colectânea organizada e acabada de publicar pela UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e com distribuição da Guerra e Paz , em que tive o gosto e a honra de participar, lado a lado com outros 74 autores, com dois poemas de minha autoria, articulados com a problemática pandémica que vivemos.
Brasil, Galiza-Espanha, Cabo Verde, Angola, Portugal, Moçambique, Olivença-Espanha, Guiné-Bissau, Macau, São Tomé e Príncipe, Goa e China, de todas estas paragens vieram as participações com que me apraz estar irmanado.
Respigo da Apresentação:
«A pandemia causada pelo vírus SARS-Covid-2 atingiu, de forma inesperada e dramática, toda a Humanidade, obrigando à adoção de planos de contingência, também adotados pelas cidades dos Países de Língua Oficial Portuguesa representados pela UCCLA, que determinaram constrangimentos de mobilidade e distanciamento.(…)
A UCCLA não podia, logo no início da pandemia, deixar de fazer um apelo à reflexão sobre o papel da cultura no combate à Covid-19.
Perante este flagelo, povos e países viram-se confrontados com novos desafios sociais e políticos sobre os quais importa refletir e encontrar novas respostas.
Daí que, neste contexto, a UCCLA fez um apelo dirigido aos homens e mulheres da Cultura, em especial aos escritores, desafiando-os a contribuir para essa reflexão.
O livro que agora se apresenta é o resultado desse nosso apelo.»
by OrCa | Jul 11, 2021 | Opinião - pensamento crítico |
Houve um grande incêndio numa estação de tratamento de resíduos sólidos, em Trajouce, concelho de Cascais, no dia 10 de Julho de 2021.
Ver localização em:
https://www.google.com/…/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x0…
O fogo foi considerado extinto por volta das 18 horas do mesmo dia… ainda que pela meia noite, 150 operacionais estivessem a combater as chamas.
A coluna de fumo espesso e escuro espalhou-se intensamente pelos concelhos de Cascais e de Oeiras.
Ouvi apenas uma tímida recomendação para que os habitantes de Oeiras e Cascais não saíssem de suas casas e, dentro delas, usassem máscara. Fora e dentro de casa, o cheiro extremamente desagradável e intenso, hoje, dia 11, pelas 10h45, continua a fazer-se sentir, intenso e incomodativo.
Estações de tratamento de resíduos urbanos em meio urbano, com grande parte dos produtos da recolha a céu aberto, onde os ventos dominantes espalham os eflúvios exactamente sobre as zonas mais densamente povoadas… não será de pensar, sei lá, que talvez esta localização e os respectivos equipamentos sejam de remodelar? Se calhar, até com urgência, digo eu. Creio que já o Mário Soares enquanto presidente da república disse isso mesmo aquando de uma visita às instalações… e já lá vão uns anitos, mais propriamente, em 1992).
Julgo ser oportuno acrescentar que o problema principal do mal de que vamos padecendo incide, especialmente, nas vias respiratórias. Além disso, o sol que se esperava para hoje, desapareceu.
O Serviço Municipal de Protecção Civil já disse alguma coisa?
Algumas imagens elucidativas, respectivamente de Rodrigo Antunes, Paulo Cunha/LUSA e LUSA:
by OrCa | Jun 29, 2021 | Crónicas, Opinião - pensamento crítico, Serviço público |
Estou a pensar que isto de viver num concelho que ganhou a fama de ser o mais chique de Portugal – ainda se lembram do termo? – tem, no entanto e nos entrefolhos dos interesses instalados, muito que se lhe diga e nem tudo é abonatório do estatuto.
Seria longa e fastidiosa a conversa, por isso vou encurtar. Falemos de água ou, mais exactamente, da facturação das Águas de Cascais, S.A., que é uma daquelas empresas privadas vá lá a gente saber porquê.
Nem tecerei grandes comentários. Deixo apenas um extracto da última factura recebida. Consumo real, lido e facturado, correspondendo a 60 dias: 3 metros cúbicos. Valor a pagar 36,11 €.
Estou a pensar muito seriamente em fazer um contrato de abastecimento com uma empresa de água mineral.
A chatice é que, alegadamente, no interesse da saúde pública e pela letra da lei, sou obrigado a ter um contrato com as Águas de Cascais.
Por acaso ou por razões de mau feitio, uma legislação que me obriga a ter um contrato com uma empresa privada, sem concorrência, também é uma história para a qual ainda hei-de pedir a um entendido que me faça um desenho para perceber melhor o conceito, que isto da idade anda a tirar-me muito discernimento…
Deixo-vos, então, o tal extracto que é um tratado de fintas e malabarismos dignos de um Cirque du Soleil.