Estou, de novo, a pensar no 25 de Abril. Sem mais conversas e agradecendo à Associação 25 de Abril, aqui vos deixo um elementar «manual de procedimentos» para o nosso próximo 25 de Abril, em forma de cartaz. No caso de se portarem como cidadãos a valer, podem também assistir a um concerto de piano que chegou à A25A, proveniente de Macau, interpretado por um jovem (José Li Silveirinha) e com temas do José Afonso. Vejam aqui: https://www.youtube.com/watch…
Poderia lançar aqui um poema circunspecto, quiçá conceptual, um tudo ou nada selecto… Mas é dia de poesia em que vivo constrangido… e por tal constrangimento falo de um dia vivido:
Um dia de Corona
já eu estou que nem me tenho sem poder sair do ninho com a parceira me avenho de longe aceno ao vizinho
corta aqui – fura acolá em arranjos sem ter fim p’ra que serve, digam lá ter um tão lindo jardim?
na calçada queimo ervinhas libertando olor profundo… – estou a falar das daninhas, ó almas do outro mundo!
lá dou de comer ao melro ao rabirruivo, ao pardal… tenho lenha, se não erro p’ra cortar ‘té ao Natal
se tivesse cão iria para a praia passear mas como tenho a Maria em casa devo ficar
bem chateia um tanto estar no nem ata nem desata vou tentar deambular pondo uma trela na gata
pelo feicebuque passeio traseiro bem instalado apuro cenas pelo meio e fico mais ilustrado
ilustrado nem é bem pois lá passeiam vaidades gostamos do que convém e o resto nem são verdades…
mas sempre lanço uns bitaites como se filosofasse depois visito alguns «saites» e espero que o tempo passe
para tratar do traseiro temos cá muito papel não faço da merda tinta nem dos dedos um pincel
vejo filmes, leio livros e sou feliz de algum modo e se me faltam convívios vou-me às árvores… e ali podo
depois uma especiaria à refeição apurada eu e a minha Maria, a gata… não falta nada
vejo então televisão – Corona de ponta a ponta e Marcelo até mais não, mas o António é que conta
e em vez de dar um grito vem-me o Aleixo à memória neste momento aflito que confunde até a História:
ó vós que do alto império prometeis um mundo novo calai-vos que pode o povo querer um mundo novo a sério…
Iniciado «oficialmente» em 01 de Janeiro de 2004, este espaço salta, a pés juntos, para o seu décimo sexto ano de existência. Aos que o frequentam ou frequentaram, um forte abraço. Para os que nem sonham com a sua existência, um forte abraço, também.
Cada ano, cada átimo temporal, é sempre muito o que dele fazemos. Façamos, pois, todos um excelente 2020!
E deixo-vos com um apontamento, a propósito, do qual recomendo visualização, criado pelas SaganSeries, e que se refere ao tanto que convosco quero partilhar neste momento:
Permitam-me que ocupe um cachico do vosso tempo para vos dar a conhecer como se dão as boas festas nas terras onde passei a minha nineç, o planalto mirandês. Espreitem aqui:
Buonas Fiestas Esta ye la mensaige de Buonas Fiestas de la nuossa Lhéngua Mirandesa.Por adonde steias, bibe estas fiestas cun nós i manda-mos amboras de l tou Natal para: lhéngua@gmx.comAmpeinhosGuion – Alcides MeirinhosEidiçon – Dinis MeirinhosGaiteiro – Paulo MeirinhosCoordenaçon de ls alunos – Duarte MartinsPartecipaçon special – Domingos Raposo
… eventualmente temperada com uma dose contida de orgulho: o SINDEL, sindicato a que pertenço desde 1981 e onde desempenhei diversas funções, de delegado sindical a membro do Conselho Geral e responsável de empresa de Comissões de Higiene e Segurança no Trabalho, comemorou, no passado dia 12 de Outubro, o seu 40ª aniversário, com uma celebração de grande brilho que ocorreu no Convento de São Francisco, em Coimbra.
Nesse dia foi lançado o Hino do Sindel, cuja letra me fora solicitada, contando com a música de João Martins. Obviamente, uma vaidade temperada com uma dose contida de orgulho.
Este cravo nasceu em 20 de Abril de 2019, nada o distinguindo daqueles outros nascidos há 45 anos…
Quando se fala em Abril (em 2019)
quando se fala em Abril
nos dias que vão correndo
há quem abra muito os olhos
no assombro de angústias mil
quem semicerre os sobrolhos
como quem diz «não entendo…»
e as portas que abriu Abril
em torpor se vão fechando
entre uma biquinha curta
ou marés de ignorância
sempre havendo atrás da porta
alguns esgares de arrogância
quem sabe da Liberdade?
quem quer saber de ser livre?
quem quer ter voz na cidade?
(ai-jesus-e-deus-nos-livre!…)
quem quer trazer um poema
por achar que vale a pena?
e também algum amigo
e entre ambos descobrirem
que vai além do umbigo
o concerto do universo
e porventura assumirem
a transcendência de um verso
dito a dois como se em coro
e duas vozes são mil
já num abraço fraterno
combatendo o desconsolo
ao descobrir sempre Abril
mal nos acaba o inverno.
E palavras não eram ditas, eis que uma querida amiga me dá conta de que, também num seu canteiro, floriu um cravo, este de 24 para 25, que ela me presenteou em belíssima fotografia que partilho: