Quando se fala em Abril (em 2019)
quando se fala em Abril
nos dias que vão correndo
há quem abra muito os olhos
no assombro de angústias mil
quem semicerre os sobrolhos
como quem diz «não entendo…»
e as portas que abriu Abril
em torpor se vão fechando
entre uma biquinha curta
ou marés de ignorância
sempre havendo atrás da porta
alguns esgares de arrogância
quem sabe da Liberdade?
quem quer saber de ser livre?
quem quer ter voz na cidade?
(ai-jesus-e-deus-nos-livre!…)
quem quer trazer um poema
por achar que vale a pena?
e também algum amigo
e entre ambos descobrirem
que vai além do umbigo
o concerto do universo
e porventura assumirem
a transcendência de um verso
dito a dois como se em coro
e duas vozes são mil
já num abraço fraterno
combatendo o desconsolo
ao descobrir sempre Abril
mal nos acaba o inverno.
E palavras não eram ditas, eis que uma querida amiga me dá conta de que, também num seu canteiro, floriu um cravo, este de 24 para 25, que ela me presenteou em belíssima fotografia que partilho:
– Jorge Castro
25 de Abril de 2019