Sendo este um espaço de marés, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
Hoje, apetece-me Camões
Passam 500 anos e a malta esquece-se de que tem (devia ter…) à mão de semear um dos nomes maiores da poesia mundial.
Também porque a poesia é (pode/deve ser…) um momento de reflexão sobre a vida e nem sempre com flores, rodriguinhos ou mariposas, mas com a nudez crua da verdade.
Relembrem – mas saboreiem cada palavra, se fizerem o obséquio – estas suas breves palavras
Ao Desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que só para mim
Anda o mundo concertado.
– Luís Vaz de Camões
a artificiosa natureza
À entrada da Anta Grande do Zambujeiro, em Valverde (Évora) a artificiosa natureza esculpiu, servindo-se de um sobreiro, o símbolo totémico de um dragão.
Nada de futebóis, bem entendido. O dragão ou a serpente alada, em tempos ancestrais, seria uma marca identitária do território onde hoje vivemos. Podem espreitar em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ofi%C3%BAssa
Pois é… tanta coisa que por aqui nasceu e nós sabemos tão pouco…
Terra de Miranda (2024) – uma vez mais, com um grupo de amigos, percorrendo o planalto transmontano
– Largo D. João III, em Miranda do Douro. Em fundo as duas torres da Concatedral de Miranda.
– Vista parcial da albufeira da Barragem de Miranda do Douro.
– Albufeira e barragem de Miranda do Douro. Imagem obtida da varanda do Hotel Parador de Santa Catarina.
– Vista para a Concatedral de Miranda do Douro.
– O castelo de Miranda do Douro, testemunha de um território onde, embora se fale a língua mirandesa, é português por inteiro.
– No rio Fresno, que se passeia pelos pés de Miranda, um circuito pedonal que se recomenda e que nos leva até ao centro histórico da cidade.
– Pormenor da estátua da autoria de José António Nobre, evocativa da mulher e do homem mirandeses, trajando os seus trajes típicos, localizada no centro histórico de Miranda, na praça D. João III.
(Quem quiser apreciar devidamente esta escultura em toda a sua plenitude tem bom remédio: vá lá.)
– Muito me aprouve registar grande profusão de predadores alados, sempre indício de uma natureza pródiga em recursos.
– Na sempre inesquecível paisagem que o cruzeiro ambiental ao longo das arribas do rio Douro nos proporciona, dezenas de grifos (buitres, em Mirandês) fizeram questão de marcar presença.
– No cenário arrebatador que o cruzeiro ambiental nos proporciona, momentos há em que os meandros do rio Douro nos escondem o seu curso, parecendo ali se erguer uma muralha intransponível…
– Nos cenários de beleza agreste com que vamos deparando ao longo da viagem do cruzeiro ambiental no rio Douro, somos surpreendidos, a cada passo, com curiosos jardins naturais que crescem nas arribas…
– Gostemos mais ou menos, certo é ser este jovem de olhos azuis um dos ex libris de Miranda do Douro, o Menino Jesus da Cartolinha, assim chamado, e foco de grande devoção.
Dizia-me um bom amigo que descobria no seu rosto traços do Mário Viegas quando novo… Será. Cada um vê o que vê com os seus olhos.
– Em Atenor, um burrico «lhanudo» pasta com a progenitora, que já enverga o seu traje primaveril.
– Por Duas Igrejas, no terminal da linha ferroviária do Sabor (desactivada), a velha e decrépita estação presenteia-nos, ainda, com uma série de painéis de azulejos da fábrica Sant’Anna (de Lisboa), que documentam usos e costumes da região.
Duas Igrejas fica a escassos dez quilómetros de Miranda do Douro mas, como ali estavam os silos de cereais da campanha do trigo dos tempos do Estado Novo (que não ocorreu só no Alentejo, mas também no planalto transmontano), por ali se quedou a linha de comboio… As tais malhas que o império tece…
Agora e seguindo o poeta, jaz morta e arrefece ou, melhor, apodrece. Parece que a actual autarquia tem planos para este espaço, o que muito me apraz registar.
– Exemplar de ovelha churra – a que, por lá, chamam canhona – um motivo mais para visitar a Terra de Miranda. E lembremo-nos da recomendação do poeta: «melhor é experimentá-lo que julgá-lo…».
– Palaçoulo, terra de indústrias múltiplas, onde cutelaria e tanoaria serão as mais notáveis; aldeia rara onde se regista pleno emprego; paraíso para os coleccionadores de navalhicas; local onde se fabricam das melhores pipas do mundo (os «ferraris» das pipas) e cuja fama já chegou ao Farol do Bugio, onde a autarquia de Oeiras mantém uma mão-cheia delas com o também único néctar de Carcavelos (por aqui Villa Oeiras)…
– Barrocal do Douro (Picote) – Capela projectada em 1954 por Nunes de Almeida, um dos arquitectos, a par de Archer de Carvalho e de Rogério Ramos, reponsáveis pela edificação de uma «cidade ideal», em estilo arquitectónico a que se chama Moderno Escondido, uma jóia verdadeiramente escondida nos fraguedos transmontanos e de uma modernidade que espanta.
Aí fomos, como sempre, muito bem recebidos pela sua guardiã, Margarida Vale, a quem deixo aqui o meu agradecimento, pela disponibilidade, simpatia e paciência, também pelo seu afã constante em manter aquele espaço um brinco, como sói dizer-se, e a quem já era tempo de ser prestada devida homenagem por entidades competentes.
Este Cristo Crucificado, bem como as demais figuras desta capela, são da autoria de Barata Feyo.
– Barrocal do Douro (Picote) – vista parcial da albufeira da barragem, inaugurada em 1958.
– Barrocal do Douro (Picote) – a «barraige». Aquando da sua construção, pela Hidro-Eléctrica do Douro, avaliada como a maior central hidroeléctrica da Europa.
E , do lado de lá, fica Espanha.
– Barrocal do Douro (Picote) – o Rio Douro, a jusante da barragem.
Faltavam cá estas personagens. Não só pela posta, entenda-se, mas pela boa aposta que esta estirpe representa.
Por outro lado e convenhamos, aqueles penteados deixam a perder de vista e, decerto, bem invejosos alguns despenteados mentais que por aí pululam, do tipo Johnson, Trump ou Milei…
Picote – Capela de Santo Cristo dos Carrascos, onde ao ser retirado o altar mor para restauro foram descobertas estas imagens originais, do século XVI, das quais já se tinha perdido a memória.
Documentam episódios da vida de São João Baptista e encontravam-se, à data da descoberta, em excelente estado de preservação, ainda que já lhes tenham operado algum cuidadoso restauro.
Picote – Miradouro da «Peinha de l Puio» ou Fraga do Puio, sobre o rio Douro, com o grupo de visitantes e guia completo.
Fica a dever-se a imagem ao amigo Eduardo Domingues que tão bem nos acompanhou neste périplo.
Ainda em Picote, não deixe de visitar o Ecomuseu Terra Mater, da Frauga – Associação para o desenvolvimento integrado de Picote.
Não sendo um espaço grande é enorme em ensinamentos. Mas também é um exemplo maior de perseverança e de amor pela terra-mãe.
– De novo em Miranda, com uma passagem pela sua estátua e em evocação a António Maria Mourinho, que, entre muitas outras virtudes, pois foi padre, professor, antropólogo, etnolinguista, historiador e arqueólogo, foi ainda o grande cultor e defensor da Língua Mirandesa, a quem se deve a sua elevação a Língua Oficial.
No Externato de São José, lá pelos idos de 60 do século passado foi meu professor de Religião e Moral… aulas em que nos ensinava a importância das pedras e pedrinhas que ele sabia existirem por todo o concelho e que nos contavam uma História ainda por descobrir.
– Ia alta a noite. Pelo Restaurante da Balbina, o grupo fez as honras ao cordeiro assado na brasa, antecedido pela boa alheira de Miranda e por aquela salada que nos traz o bom saber dos velhos tempos.
Eis senão quando um grupo de jovens pauliteiros acede em presentear-nos com um seu ensaio informal, junto à Concatedral, mostrando-nos, com a sua mestria, que o ser-se mirandês está ali para lavar e durar, como se costuma dizer. Um aplauso a eles e a chapelada pelo empenho com que fizeram tal demonstração!
Fausto Bordalo Dias
Por este rio acima, contra marés e maus ventos, ele singrou, levando-nos na viagem…
«Por este rio acima
Deixando para trás
A côncava funda
Cheguei perto do sonho
Flutuando nas águas
Dos rios dos céus (…)»
E nós fomos e vamos, sempre com ele por perto, como nos compete fazer àqueles que nos apontam caminhos e, assim, terem artes de se irem «das leis da morte libertando».
A Vida Saiu À Rua Num Dia Assim
No lançamento deste meu livro, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana, foi bonita a festa, pá! Lugar comum? Não, senhores, lugar incomum, isso sim.
Especial agradecimento a Joaquim Boiça e a João Paulo Oliveira, que estiveram a meu lado nesta iniciativa, bem como aos trabalhadores da Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana, na pessoa de Celeste Ribeiro.
Com um abraço aos participantes – e foram tantos -, aqui ficam algumas imagens de LC, para memória futura.
Com um agradecimento a João Coutinho, pela cedência do vídeo, aqui fica um apontamento da sessão, desta feita a cargo de João Paulo Oliveira.
um cravo em Abril – cinquenta cravos por Abril – por Abril, sempre!
se neste Abril plantaste
por militância ou bom gosto
o teu cravo de esperança
rubro vivo em terra amena
recorda bem
meu amigo
que ele viverá apenas
se com desvelo o cuidares
que lhe não falte a tua rega
nem o sufoquem as ervas
daninhas deste penar
e seja fecunda a terra
enriquecida e criada
pelos teus melhores ideais
que um cravo tal qual a vida
quer-se livre p’ra viver
ter raízes
e medrar.
Jorge Castro
Abril de 2024
dia 27 de Abril – apresentação livro «A Vida Saiu À Rua Num Dia Assim»
No próximo dia 27 de Abril (sábado), às 16 horas, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana (Bairro de Massapés, em Tires), ocorrerá a apresentação oficial do livro da autoria de Jorge Castro, «A Vida Saiu À Rua Num Dia Assim», numa edição da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras.
Acervo de cerca de trezentas imagens obtidas entre 25 de Abril e 01 de Maio de 1974, documento vivido na primeira pessoa onde cada imagem testemunha e conta as histórias de que a História se faz.
Além do autor, esta apresentação contará com a presença do historiador Joaquim Boiça e haverá, ainda, canções de Abril interpretadas por João Paulo Oliveira.
A iniciativa, integrada nas comemorações do 50º Aniversário da Revolução de Abril, decorrerá no mesmo espaço onde se encontra a exposição fotográfica com o mesmo título e conta com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras.
Venha, então, juntar-se-nos nesta festa.
a vida saiu à rua num dia assim…
Foi já no passado dia 05 de Abril a inauguração da minha exposição «A Vida Saiu À Rua Num Dia Assim» que ocorreu na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana e de que vos deixo algumas imagens da autoria de Lourdes Calmeiro. A exposição estará patente ao público até 04 de Maio próximo.
Será, entretanto, no próximo dia 27 de Abril, pelas 16 horas e no mesmo local que será apresentado o livro que esteve na origem desta exposição e que leva o mesmo título.
Contarei com a presença do historiador Joaquim Boiça – que também prefacia o livro – para me apoiar nesta demanda e haverá canções de Abril com João Paulo Oliveira… e quero contar convosco!
a vida saiu à rua num dia assim… por Abril, sempre!
Deste modo nomeei uma série de iniciativas em que me encontro envolvido e que homenageiam e glorificam o «dia inicial, inteiro e limpo», onde nasceu a nossa Liberdade.
E nasceu um livro. Pelas 8h30 da manhã do dia 25 de Abril de 1974, estava junto ao Terreiro do Paço, com a minha máquina fotográfica Voightländer Vito CD… e fui registando o que passava defronte dos meus olhos assombrados, até ao 1º de Maio desse mesmo ano.
São 168 páginas (formato 24×16) com cerca de 300 imagens, que transportam em si incontáveis histórias. No livro «A Vida Saiu À Rua Num Dia Assim» excertos de poemas de minha autoria e que integram um outro livro meu – «Abril, Um Modo De Ser» – acompanham o relato do evoluir dos acontecimentos.
Da sua ficha técnica realço a edição da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras, com projecto gráfico, capa e paginação de Marta Filipe e execução gráfica da Sersilito-Empresa Gráfica (Maia).
A apresentação oficial desta obra está aprazada para o dia 27 de Abril, algures em Cascais, e disso darei, oportunamente, informações.
Entretanto, quem esteja interessado em adquirir o livro, poderá enviar-me uma mensagem nesse sentido para jc.orca@gmail.com, indicando nome e morada. O custo do livro, com portes incluídos, é de 22 euros. Na resposta à mensagem enviada indicarei forma de pagamento.
Por Abril, sempre!
a vida saiu à rua num dia assim
Dia 05 de Abril, pelas 18h30, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana
E, de súbito, era Abril. Um apelo circunstancial e oportuno colocou-me próximo do Terreiro do Paço, no dia 25 de Abril de 1974… e com uma máquina fotográfica na mão.
Desse dia até ao primeiro de Maio do mesmo ano, passeei pelas ruas da cidade, agora carregadas de futuro, tal como o poema de Celaya.
Essas memórias fotográficas, registadas por um fotógrafo amador que nunca deixou de o ser, vão estar finalmente expostas, em boa parte, a partir do dia 05 de Abril, pelas 18h30 e até Maio, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana e muito gostaria de contar com a presença de quem queira e possa.
Esta exposição integra-se num conjunto de iniciativas que levam o título de A Vida Saiu À Rua Num Dia Assim – em homenagem a José Afonso e a essa efeméride maior das nossas vidas – de que fará parte, também, a publicação de um livro com o mesmo título (que reúne cerca de trezentas imagens).
Estas iniciativas – que irei por aqui anunciando – contam com o apoio da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras, a que pertenço, da Câmara Municipal de Cascais e da Câmara Municipal de Oeiras.
Para que não se apague a memória nem se reescreva a História por ínvios caminhos e, enfim, por Abril, sempre, conto convosco!