by OrCa | Mai 21, 2013 | Sem categoria |
Iniciámos esta sessão das Noites com uma breve homenagem à nossa companheira Maria Francília Pinheiro, que recentemente nos deixou, após incómoda e pertinaz doença, durante a qual, contudo, sempre nos honrou com a sua presença e colaboração, e que tem, indelével, o seu lugar assegurado nesta nossa comunidade de afectos.
Logo mais e após a apresentação do nosso convidado, José Fanha. Tarefa de fácil execução, porquanto a personagem em apreço, de créditos mais do que firmados, não carece de grandes e/ou fastidiosos intróitos.
Português, aqui, e contando já quarenta e três anos de poemas publicados a que fez questão de juntar os milhentos quilómetros a calcorrear Portugal, de lés a lés, porque, como bem nos vai avisando, a poesia é para ser dita…
… e, através dela e dessa partilha sermos capazes de descobrir a graça e o enlevo da liminar existência do «outro», o próximo, tanta vez distante da nossa percepção, as mais das vezes sem se saber lá muito bem porquê.
Aí um poema pode ser o cartão de visita, o alerta, o abraço, o combate, a solidariedade, a comunhão de sentires ou de olhares que alguma pequenez dos dias esconda do nosso imediato conhecimento.
Para a melhor eficácia do que fica dito, o cultivo da palavra, primeiro escrita, depois dita, com a evidência de que quem melhor domine tais artes, mais eficazmente atinge esse objectivo.
E o livro de José Fanha – Poesia -, constitui-se então como o veículo de excepção que, conduzido com a mestria de quem já trilhou muitas estradas, avenidas, ruas, becos, veredas, enfim, caminhos de poesia, nos fala e conduz com segurança ao reino do mistério, que desvenda em cada página, apenas para o recriar.
Uma sala muito bem preenchida e atenta…
… havendo até quem fosse aproveitando o ensejo para ir adiantando leituras.
José Fanha foi-nos trazendo, a par e passo, as histórias da sua história, essas que amiúde espreitam atrás de cada poema que é feito – e assim deve ser – de sangue e lágrimas, como de riso e esperança, do negrume que ilumina, como do dia ensolarado a encaminhar-se, sem retraimento, para as trevas, expectante pelo eterno retorno, na certeza de alvoradas.
A tanto a poeta e amigo nos foi transportando, nessa excursão espiralada… – a que, se quisermos, poderemos muito bem chamar vida.
Por fim, a costumeira homenagem de quem assistiu mas quer, também, estar presente e ser ouvido, pois que traz alguma coisa para dizer:
– O grupo de jograis Oeiras Verde, que já integrei, e com quem acedi – com muito gosto – voltar a participar nesta ocasião, em homenagem ao nosso convidado.
– Jograis do Atlântico
– Tina
– Eduardo Martins
– João Baptista Coelho
– Francisco José Lampreia
– Ana Freitas
– Jorge Castro
– Rosário Freitas
Tempo de autógrafos e de troca dos últimos mimos – olhe que gostei muito de a ouvir; bela voz…
E assim se passou este tempo ganho à vida. E quem poderá adivinhar até onde nos pode levar cada sugestão escutada, cada história contada, o exemplo recolhido de um braçado de poemas? Eu, cá para mim, tenho uma ou duas ideias sobre o assunto…
– Fotografias de Lourdes Calmeiro e de José Freitas
by OrCa | Mai 14, 2013 | Sem categoria |
Amizades,
No próximo dia 17 de Maio (sexta-feira), pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, estaremos com José Fanha.
E com ele o seu mais recente livro que percorre quarenta e mais anos de poemas de sua autoria, livro de livros, através do qual o autor nos levará a passear, pela palavra como pelo afecto.
Diz-nos Fanha, a dado passo, que «juntando tudo ou quase tudo o que escrevi nestes anos verifico a importância que tem tido a relação entre muita da poesia que escrevi e as artes plásticas. Sempre gostei de misturar linguagens, teatro, música, pintura, cinema, poesia. Arquitecto de formação, professor de História de Arte durante vários anos, é-me bastante natural este encontro entre o fascínio das imagens e a música da palavra…»
Um poeta, um mestre, um amigo. Afeiçoem-se-lhe como melhor vos aprouver. Mas uma voz, sempre presente e audível, nessa tão premente necessidade de «ser português, aqui».
A ele lhe devo também, como tantos por esse País fora, o apadrinhamento, o impulso inicial, o incentivo, o aconselhamento a-propósito nesta vida airada e desvairada das escrevinhações e de lançamento ao ar de poemas um pouco por toda a parte. Um modo de ser (estar) solidário e de assumida cumplicidade que não pode nem deve deixar de se sublinhar, como preito de gratidão, sim, mas por reconhecimento de mérito que não tem por que ser calado.
O vosso lugar, como sempre, lá está reservado. E do abraço que por lá vos daremos fica, desde já, aqui o anúncio.
by OrCa | Abr 22, 2013 | Sem categoria |
Tratava-se, então, no passado dia 19 de Abril e na Biblioteca Municipal de Cascais – São Domingos de Rana, de dar voz ao Mirandês e à sua espantosa resiliência – digo eu, lançando mão deste «palavrão» tão em voga – através da voz de quem tão bem lhe conhece o corpo e a alma, o nosso convidado Amadeu Ferreira, personagem de créditos bem firmados na matéria.
Como sempre, perante uma sala confortavelmente preenchida, coube-me sucinta intervenção de apresentação, anunciando o que estava para vir:
– fotografia de José Freitas
– uma sessão integralmente em torno do Mirandês e da poesia de Amadeu Ferreira, vertida nas autorias de Fracisco Niebro e de Fonso Roixo, bem como de Marcus Miranda, sendo este, preferencialmente, um tradutor de clássicos latinos (Catulo e Horácio), com preponderância em peças de teatro, mas com incidência próxima também na poesia daqueles autores.
Tratando-se de Miranda – que tentei trazer para perto de todos, até na vestimenta – algum arrebatamento, ao nível dos afectos, se me impunha, para o que contei com a complacência do nosso convidado.
Depois, a palavra ao excelente comunicador que o professor é. Com vivacidade, ritmo e paixão, Amadeu Ferreira levou-nos a passear pelo linguajar (linguajares?) das terras do nosso nordeste… mas sempre em Mirandês, obrigando-nos a redobrada atenção, para não lhe perder pitada…
… ainda que sempre mantivesse a preocupação da sua inteligibilidade, em relação à assistência.
Assim percorremos, afinal, diversas disciplinas da História, enriquecendo a moldura do quadro mirandês que Amadeu Ferreira nos ia, vividamente, pintando…
… e ilustrava com poemas extraídos dos seus diversos heterónimos em livros como Cebadeiros, Pul Alrobés de Ls Calhos, L Mais Alto Cantar de Salomon, Ars Vivendi-Ars Moriendi, LPurmeiro Libro de Bersos…
… através dos quais dá livre curso, também, ao seu combate em defesa da grandeza e dignidade de uma língua que o é de corpo inteiro, como muito bem documentou também através da leitura
de diversas estrofes de Ls Lusíadas an Mirandés, com retroversão de sua autoria.
Foi-me dado, ainda, o privilégio de usufruir de um mano a mano e partilhá-lo com toda a assistência, em volta de um poema de minha autoria, em pertués i mirandés,
com a prestimosa ajuda do professor Amadeu Ferreira
– fotografia de José Freitas
Por fim e continuando a matriz que enforma estas nossas sessões,
foi dada a palavra a quem se afoitasse a usá-la:
– fotografia de José Freitas
Adelaide Monteiro trouxe-nos poemas mirandeses de sua autoria,
colhidos no seu livro Antre Monas i Sebolácios
E mais disseram, nesse entrelaçar de poemas que ocorre na parte final das nossas sessões:
– Mário Baleizão Júnior
– Ana Freitas, que ousou homenagear Adelaide Monteiro, lendo um poema desta autora em Mirandês…
… o que bem pareceu cair no goto do nosso convidado, para além do da própria autora, claro.
– Rosário Freitas
– João Baptista Coelho
– Inês Santos
– Eduardo Martins
E assim decorreu prazenteira e alegremente esta sessão em redor do Mirandês da qual vos poderei assegurar, com o maior respeito por todos os anteriores convidados, que não terá sido melhor nem pior, mas que foi, seguramente, diferente.
Aqui deixo testemunhado o meu enorme agradecimento ao professor Amadeu Ferreira pela sua disponibilidade, empenhada e, diria até, militante, tanto quanto pela vivacidade que teve artes de imprimir a este nosso encontro.
– Todas as fotografias, com excepção daquelas devidamente identificadas, são da autoria de Lourdes Calmeiro.
by OrCa | Abr 18, 2013 | Sem categoria |
Cá vai o convite mensal para a nossa 85ª sessão das Noites com Poemas, que terá lugar no próximo dia 19 de Abril de 2013, pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana.
Desta feita, cá vos proponho o ensejo de escutar sonoridades da nossa outra língua oficial, em território nacional, o Mirandês, por parte de quem tão bem o cultiva, Amadeu Ferreira. Dele se dirá, muito sucintamente:
Amadeu Ferreira (Sendin, 29 de Júlio de 1950) ye abogado, i porsor cumbidado an la Faculdade de Dreito de l’Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i cuntina a ser un de ls percipales respunsables pula promoçon de l Mirandés, sendo pursidente de la Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i tenendo traduzido yá ‘Ls Quatro Eibangeilhos’, ‘Ls Lusíadas’ i bários poemas de Bergílio i Hourácio.(http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira)
Será, então, esta uma sessão integralmente em torno do Mirandês e da poesia de Amadeu Ferreira, vertida nas autorias de Fracisco Niebro e de Fonso Roixo, bem como de Marcus Miranda, sendo este, preferencialmente, um tradutor de clássicos latinos (Catulo e Horácio), com preponderância em peças de teatro, mas com incidência próxima também na poesia daqueles autores.
Uma língua identitária, fruto de um modo de ser e de estar que a fez sobrevivente desde tempos imemoriais, matriz de uma comunidade que teve artes de não a deixar cair em perdição, contra ventos e marés de contrariedades ou contrariando preponderâncias de cultura dominante. Um exemplo a seguir, digo eu, em tempos tão aziagos para a afirmação da diferença cultural que tantos de nós ainda persistem em cultivar, a bem da riqueza maior da Humanidade na diversidade.
Dar-se-a prioridade, no momento destinado a quem assista a esta sessão aos que se afoitem a trazer e dizer um (ou mais) poema(s) em Mirandês, claro.
Lá vos esperamos.
by OrCa | Mar 12, 2013 | Sem categoria |
No próximo dia 15 de Março de 2013 (sexta-feira), pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, como sempre, terá lugar a nossa 84ª sessão das Noites com Poemas, uma vez mais passeando pela nossa fértil História, desta feita tendo como ilustrado guia o professor João Paulo Oliveira e Costa.
O seu desafio leva-nos à História como Memória Colectiva e, decerto, percorreremos também alguns dos trilhos caminheiros que conduzirão à sua já fecunda obra da qual, de investigador académico transformado em romancista, eu destacaria, como princípio de conversa, a trilogia O Império dos Pardais (2008), O Fio do Tempo (2010) e O Cavaleiro de Olivença (2012).
Perpassando por todo o século XVI e, obviamente, pelo reinado de D. Manuel I, que julgo serem alvos preferenciais da matéria investigada, João Paulo Oliveira e Costa conduz-nos a outro modo de ver o entrelinhado da História, que se faz de gente como nós e, tal como nós também, impelida pelos ventos circunstanciais que determinam cada passo das nossas vidas, onde cada um desses passos, por sua vez, edifica essa Memória Colectiva que nos enforma.
Desafio bastante para o empolgamento, digo eu, onde paixões, interesses e polémicas vão dando o contributo para o mistério da vida vivida. Querem melhor mote para uma proposta poética?
Lá estaremos, então, em mais uma sessão que, sendo seguramente rica, sem a vossa presença perderá enriquecimento.