Iniciámos esta sessão das Noites com uma breve homenagem à nossa companheira Maria Francília Pinheiro, que recentemente nos deixou, após incómoda e pertinaz doença, durante a qual, contudo, sempre nos honrou com a sua presença e colaboração, e que tem, indelével, o seu lugar assegurado nesta nossa comunidade de afectos. 
Logo mais e após a apresentação do nosso convidado, José Fanha. Tarefa de fácil execução, porquanto a personagem em apreço, de créditos mais do que firmados, não carece de grandes e/ou fastidiosos intróitos.
Português, aqui, e contando já quarenta e três anos de poemas publicados a que fez questão de juntar os milhentos quilómetros a calcorrear Portugal, de lés a lés, porque, como bem nos vai avisando, a poesia é para ser dita…
… e, através dela e dessa partilha sermos capazes de descobrir a graça e o enlevo da liminar existência do «outro», o próximo, tanta vez distante da nossa percepção, as mais das vezes sem se saber lá muito bem porquê.  

Aí um poema pode ser o cartão de visita, o alerta, o abraço, o combate, a solidariedade, a comunhão de sentires ou de olhares que alguma pequenez dos dias esconda do nosso imediato conhecimento. 

Para a melhor eficácia do que fica dito, o cultivo da palavra, primeiro escrita, depois dita, com a evidência de que quem melhor domine tais artes, mais eficazmente atinge esse objectivo.

E o livro de José Fanha – Poesia -, constitui-se então como o veículo de excepção que, conduzido com a mestria de quem já trilhou muitas estradas, avenidas, ruas, becos, veredas, enfim, caminhos de poesia, nos fala e conduz com segurança ao reino do mistério, que desvenda em cada página, apenas para o recriar.  

Uma sala muito bem preenchida e atenta…

… havendo até quem fosse aproveitando o ensejo para ir adiantando leituras.

José Fanha foi-nos trazendo, a par e passo, as histórias da sua história, essas que amiúde espreitam atrás de cada poema que é feito – e assim deve ser – de sangue e lágrimas, como de riso e esperança, do negrume que ilumina, como do dia ensolarado a encaminhar-se, sem retraimento, para as trevas, expectante pelo eterno retorno, na certeza de alvoradas. 
A tanto a poeta e amigo nos foi transportando, nessa excursão espiralada… – a que, se quisermos, poderemos muito bem chamar vida.  

Por fim, a costumeira homenagem de quem assistiu mas quer, também, estar presente e ser ouvido, pois que traz alguma coisa para dizer:

– O grupo de jograis Oeiras Verde, que já integrei, e com quem acedi – com muito gosto – voltar a participar nesta ocasião, em homenagem ao nosso convidado.

– Jograis do Atlântico

Tina

Eduardo Martins

João Baptista Coelho

Francisco José Lampreia

Ana Freitas

Jorge Castro

Rosário Freitas

Tempo de autógrafos e de troca dos últimos mimos – olhe que gostei muito de a ouvir; bela voz… 
E assim se passou este tempo ganho à vida. E quem poderá adivinhar até onde nos pode levar cada sugestão escutada, cada história contada, o exemplo recolhido de um braçado de poemas? Eu, cá para mim, tenho uma ou duas ideias sobre o assunto…  
– Fotografias de Lourdes Calmeiro e de José Freitas