Tratava-se, então, no passado dia 19 de Abril e na Biblioteca Municipal de Cascais – São Domingos de Rana, de dar voz ao Mirandês e à sua espantosa resiliência – digo eu, lançando mão deste «palavrão» tão em voga – através da voz de quem tão bem lhe conhece o corpo e a alma, o nosso convidado Amadeu Ferreira, personagem de créditos bem firmados na matéria.
Como sempre, perante uma sala confortavelmente preenchida, coube-me sucinta intervenção de apresentação, anunciando o que estava para vir:
– fotografia de José Freitas
– uma sessão integralmente em torno do Mirandês e da poesia de Amadeu Ferreira, vertida nas autorias de Fracisco Niebro e de Fonso Roixo, bem como de Marcus Miranda, sendo este, preferencialmente, um tradutor de clássicos latinos (Catulo e Horácio), com preponderância em peças de teatro, mas com incidência próxima também na poesia daqueles autores.
Tratando-se de Miranda – que tentei trazer para perto de todos, até na vestimenta – algum arrebatamento, ao nível dos afectos, se me impunha, para o que contei com a complacência do nosso convidado. 
Depois, a palavra ao excelente comunicador que o professor é. Com vivacidade, ritmo e paixão, Amadeu Ferreira levou-nos a passear pelo linguajar (linguajares?) das terras do nosso nordeste… mas sempre em Mirandês, obrigando-nos a redobrada atenção, para não lhe perder pitada… 
… ainda que sempre mantivesse a preocupação da sua inteligibilidade, em relação à assistência.
Assim percorremos, afinal, diversas disciplinas da História, enriquecendo a moldura do quadro mirandês que Amadeu Ferreira nos ia, vividamente, pintando… 
… e ilustrava com poemas extraídos dos seus diversos heterónimos em livros como Cebadeiros, Pul Alrobés de Ls Calhos, L Mais Alto Cantar de Salomon, Ars Vivendi-Ars Moriendi, LPurmeiro Libro de Bersos
… através dos quais dá livre curso, também, ao seu combate em defesa da grandeza e dignidade de uma língua que o é de corpo inteiro, como muito bem documentou também através da leitura 
de diversas estrofes de Ls Lusíadas an Mirandés, com retroversão de sua autoria.
Foi-me dado, ainda, o privilégio de usufruir de um mano a mano e partilhá-lo com toda a assistência, em volta de um poema de minha autoria, em pertués i mirandés, 
com a prestimosa ajuda do professor Amadeu Ferreira
– fotografia de José Freitas
Por fim e continuando a matriz que enforma estas nossas sessões, 
foi dada a palavra a quem se afoitasse a usá-la:
– fotografia de José Freitas
Adelaide Monteiro trouxe-nos poemas mirandeses de sua autoria,
colhidos no seu livro Antre Monas i Sebolácios
E mais disseram, nesse entrelaçar de poemas que ocorre na parte final das nossas sessões: 
– Mário Baleizão Júnior
Ana Freitas, que ousou homenagear Adelaide Monteiro, lendo um poema desta autora em Mirandês… 
… o que bem pareceu cair no goto do nosso convidado, para além do da própria autora, claro.
– Rosário Freitas
– João Baptista Coelho
– Inês Santos
– Eduardo Martins

E assim decorreu prazenteira e alegremente esta sessão em redor do Mirandês da qual vos poderei assegurar, com o maior respeito por todos os anteriores convidados, que não terá sido melhor nem pior, mas que foi, seguramente, diferente.

Aqui deixo testemunhado o meu enorme agradecimento ao professor Amadeu Ferreira pela sua disponibilidade, empenhada e, diria até, militante, tanto quanto pela vivacidade que teve artes de imprimir a este nosso encontro.

– Todas as fotografias, com excepção daquelas devidamente identificadas, são da autoria de Lourdes Calmeiro.