Sendo este um espaço de marés, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
a Grécia e a (des)vergonha de (in)certa Europa
a Maria Barroso – Liberdade
(Com os meus agradecimentos à queridíssima SGA)
Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim, só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues, in Voz Arremessada ao Caminho, 1943
da Grécia a Portugal sobra-nos mar
da Grécia a Portugal sobra-nos mar
entre extremos de uma Europa perturbada
e se Homero fez divino o ser humano
já Camões diz da pátria sua amada
esse mar que nos une e acrescenta
que é helénico e também é lusitano
e que pode ser de glória a mais violenta
um abraço que é de Sol – um tudo ou nada
já o Zeus do Olimpo brande o raio
Endovélico – ar e fogo – vem à liça
que um povo não se fez p’ra ser lacaio
de quem vive da usura e da injustiça
mesmo quando em seu seio a vil traição
mascarada e vil e vil e mascarada
nos disser que há mais ventos de feição
que nos honre a nossa voz – gume de espada –
decepando as mentiras mais hediondas
chegará de Pérgamo a tempestade
ou de Sagres no ribombo de altas ondas
o mar alto onde vive a liberdade.
– Jorge Castro
02 de Julho de 2015
será que a Humanidade ainda é capaz
de encontrar a redenção?
convite
dia 27 de Junho, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz
sugestões/convites
tenho pouco além do sonho para dizer
tenho pouco além do sonho para dizer
ou da palavra inventada qual couraça
e no entanto faço sempre por trazer
a palavra ao pelourinho da praça
vou com a vida pela mão sempre inseguro
por me ser tão obscuro o amanhã
mas sabendo muito bem que o futuro
chega sempre muito cedo pela manhã
ouço em mim gritos mil de desespero
e transporto o desconforto desse fado
mas maior – bem maior é o quanto eu espero
receber do futuro em mim legado
que é feito passo a passo e vida fora
com as mãos que são minhas e são tuas
a cruzar limiares em cada aurora
pelas casas muros pontes rumos ruas…
Duas pérolas de cultura abstrusa…
e um desenvolvimento harmonioso
tropecei, hoje, com duas pérolas que não resisto a partilhar convosco:
longínquos mas, extraordinariamente, tão actuais (quem não tropeçou
recentemente com atitudes análogas, provenientes de personagens insuspeitas,
perto do si…?):
E, contudo, movem-se estas abencerragens, capazes do inominável, em ideias que não lembrariam ao mais expedito atrasado mental – sim, que os há, e tantos deles alcandorados a postos com poder…
A ideia é notável, assim a modos que começar a instrução para a cidadania como quem lê um discurso do fim para o princípio… e estranhar porque, no final, ninguém os percebeu.




































