A vida tem muito daquilo que quisermos fazer dela.
Hoje, por exemplo, para aqui limitados e constrangidos, recebi de mão amiga uma sugestão para os aficionados dos fogos de artifício que estão tristes por não poderem sair à rua para deitar fora o ano velho e receber o ano novo.
Aqui a partilho, com a devida vénia, com os votos de que 2021 seja um ano pleno de criatividade e bom humor, com saudinha da boa à mistura.
Dos vários milhões de amigos, conhecidos e assim-assim a quem já fiz chegar os votos de saúde e de boas festas, esperando que 2021 seja para todos um auspicioso ano, recebi outras tantas respostas, o que é muito reconfortante.
Nalguns casos, estes amáveis votos já vão na terceira ou quarta réplicas… o que me cria a dúvida angustiante de saber se terei chegado a todos.
Assim, não me levem a mal que aqui formule, para todos e de novo, os meus votos de boa saúde e de boas festas, com a promessa solene de que este ano ficarei por aqui.
Estou, de novo, a pensar no 25 de Abril. Sem mais conversas e agradecendo à Associação 25 de Abril, aqui vos deixo um elementar «manual de procedimentos» para o nosso próximo 25 de Abril, em forma de cartaz. No caso de se portarem como cidadãos a valer, podem também assistir a um concerto de piano que chegou à A25A, proveniente de Macau, interpretado por um jovem (José Li Silveirinha) e com temas do José Afonso. Vejam aqui: https://www.youtube.com/watch…
Poderia lançar aqui um poema circunspecto, quiçá conceptual, um tudo ou nada selecto… Mas é dia de poesia em que vivo constrangido… e por tal constrangimento falo de um dia vivido:
Um dia de Corona
já eu estou que nem me tenho sem poder sair do ninho com a parceira me avenho de longe aceno ao vizinho
corta aqui – fura acolá em arranjos sem ter fim p’ra que serve, digam lá ter um tão lindo jardim?
na calçada queimo ervinhas libertando olor profundo… – estou a falar das daninhas, ó almas do outro mundo!
lá dou de comer ao melro ao rabirruivo, ao pardal… tenho lenha, se não erro p’ra cortar ‘té ao Natal
se tivesse cão iria para a praia passear mas como tenho a Maria em casa devo ficar
bem chateia um tanto estar no nem ata nem desata vou tentar deambular pondo uma trela na gata
pelo feicebuque passeio traseiro bem instalado apuro cenas pelo meio e fico mais ilustrado
ilustrado nem é bem pois lá passeiam vaidades gostamos do que convém e o resto nem são verdades…
mas sempre lanço uns bitaites como se filosofasse depois visito alguns «saites» e espero que o tempo passe
para tratar do traseiro temos cá muito papel não faço da merda tinta nem dos dedos um pincel
vejo filmes, leio livros e sou feliz de algum modo e se me faltam convívios vou-me às árvores… e ali podo
depois uma especiaria à refeição apurada eu e a minha Maria, a gata… não falta nada
vejo então televisão – Corona de ponta a ponta e Marcelo até mais não, mas o António é que conta
e em vez de dar um grito vem-me o Aleixo à memória neste momento aflito que confunde até a História:
ó vós que do alto império prometeis um mundo novo calai-vos que pode o povo querer um mundo novo a sério…