as canções da nossa liberdade
– com João Balula Cid e amigos

Lá fomos – e tantos fomos! – ouvir, ver e cantar as canções da nossa liberdade. Aquelas palavras rodeadas de música por todos os lados que são, tantas vezes, as nossas ilhas de referência, os pilares de sanidade mental mesmo na noite mais triste, em tempos de solidão, de que nos falava um poeta noutra dessas canções.

Na grande sala, tornada exígua por tanta participação, e à hora
aprazada, fizeram a sua entrada os Estrelas do Guadiana, grupo de cante alentejano que nos vai
sendo sobejamente conhecido…

… e que se integrou na festa, dando o mote, com interpretações bem marcadas como O Hino do Mineiro ou a incontornável Grândola, Vila Morena.

Também com eles se iniciou a participação activa, em coro alargado a quantos quiseram unir vozes para nos aquecer a noite e o espírito.

Chegou, logo depois, a vez de dar entrada ao nosso convidado da sessão, João Balula Cid, pianista e compositor e o tanto mais que vem fazendo da vida…

… e que, no caso, nos presenteou – como tive oportunidade de referir – com a extensão do desafio a um cordão de afectos que, correspondendo ao singelo apelo da amizade, se disponibilizaram, com ele, a proporcionar-nos uma belíssima noite evocativa… 

… de três momentos d’As Canções da Nossa Liberdade: o período imediatamente anterior ao 25 de Abril, os cânticos da Democracia conquistada e, por fim, as canções dos dias de hoje.

Excelente anfitrião, para além dos seus dotes musicais consabidos, João Balula Cid foi-nos apresentando aqueles que nos acompanharam em mais uma memorável sessão das Noites com Poemas…  Porque foi, na verdade, mais uma memorável sessão das Noites, nem sei que outro adjectivo melhor a ilustre.
E foram, então, estes os amigos que o acompanharam, para nosso enlevo:

–  Henry Sousa (baterista)

Nelson Oliveira (viola-baixo)
Ambos integrantes do trio de João Balula Cid.

Doris Himmer, com arrebatadas e arrebatadoras interpretações de canções já nossas, 
como A Desfolhada ou A Tourada.

Nuno Gomes dos Santos, a sublinhar, relembrando, através de notáveis poemas de sua autoria, a importância da palavra nas canções da nossa liberdade…

… a que deu cor e forma, partilhando connosco vários temas musicais de sua autoria …

… de braço dado com Sandra Costa, nóvel voz com muito ainda para virmos a conhecer, mas de quem colhemos já belo efeito…

… e que ajudou a transportar-nos, pelas canções fora, até aos nossos dias.

Nós todos – e éramos bem mais do que alguns… – íamos enchendo a alma com essa ideia peregrina e, ainda assim, de tanta consistência de que a canção é uma arma, conceito que aí está para durar, como se ia provando, a cada passo dado nesta noite.

José Fanha, com o sempre renovado fôlego, carreando esse veículo dos afectos, mas também de combate, em forma de poema, que é seu apanágio.

Palavra a palavra, as palavras ditas foram-nos percorrendo, despertando emoções, desvendando segredos e tornando-nos melhores seres viventes.

Carlos Alberto Moniz trouxe-nos a sua proverbial bonomia, lúcida e clara, 
de um sorriso à flor da pele, mas um sorriso digno de ser vivido.

E, caros amigos, gente assim, sempre a saber estar para nosso desfrute, 
enche invariavelmente uma sala e enche-nos inevitavelmente o coração.

Quase a finalizar, a evocação a José Afonso. E, sim, vieram mais cinco juntar-se uma outra vez a todos, tornando impossível quantificar que bem ali se estava…

… mas com a certeza de que esses cinco se multiplicaram por muitos.

Em conclusão e a pedido de quantas famílias e, até, de elementos soltos que por ali se encontravam, sem arredar pé, «obrigámos» o nosso convidado João Balula Cid – que acompanhara ao piano, de fio a pavio, cada intervenção – a presentear-nos com uma interpretação a solo…

… de impulso irresistível, na hora do farto aplauso, em pé e por claríssima unanimidade!

Um tempo breve para informação sobre a obra discográfica de João Balula Cid, disponível na sessão…

… a oportunidade circunstancial para reencontros, autógrafos e demais abraços… 

… e, até, para amizades novas.
Não, não! Não foi bonita a festa, pá. A festa É sempre bonita! 
Um grandíssimo agradecimento a todos, uma outra vez e sempre, a começar pelo João Balula Cid que teve artes de nos proporcionar este encantamento.
Uma palavra final de agradecimento à Junta de Freguesia de Carcavelos-Parede, que, através das Noites com Poemas, quis ofertar os dois volumes da obra Carcavelos dos Cinco Sentidos a cada participante.



– Fotografias de Lourdes Calmeiro e de José Freitas

as canções da nossa liberdade
nas noites com poemas

A título muito excepcional, a nossa próxima sessão das Noites com Poemas terá lugar na QUARTA-feira, dia 20 de Novembro, pelas 21h30, como habitualmente na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana (Bairro Massapés, em Tires). Esta situação excepcional decorre da impossibilidade de podermos contar com os nossos convidados em qualquer sexta-feira, por afazeres profissionais – e está tudo dito e explicado.

Mas o momento será único e mal estaríamos se não o aproveitássemos condignamente. Vejamos:

O tema será: As Canções da Nossa Liberdade. Os convidados: João Balula Cid, Nuno Gomes dos Santos, Manuel Loureiro e amigos.

Amigos que trarão à Biblioteca alguns daqueles bons momentos em que pela música é que vamos, abraçando as palavras que dão mais sentido à Vida. E o cordão dessa amizade é imenso e tão intenso que poderá passar pelo Vitorino, pelo Carlos Mendes, pelo José Fanha, pelo Carlos Alberto Moniz, pelo Nuno Nazareth Fernandes, pelo… enfim, neste sequência arbitrária melhor será por aqui ficar, para evitar alguma sobrecarga emocional.

Como se não bastasse, os Estrelas do Guadiana garantirão a abertura com o cante alentejano de que são especialíssimos cultores. E mais canções virão à liça…

Canções essas que nos deram, um dia, a mão e a alma e nos acompanham, vida fora, sempre novas, sempre urgentes, com essa notável intemporalidade a que alguma Arte tem artes de saber guindar-se.

A poesia cantada, que nos encanta, e transportada ao colo por quem sabe da poda, nesta vindima tão árdua dos dias.

Necessariamente, a não perder – digo eu que sou suspeito! E contando sempre com a vossa presença, claro, para que o concerto universal melhor se cumpra.

outros poemas de menagem
na Junta de Freguesia Carcavelos-Parede

Outros Poemas de Menagem nasceram, de parto natural e sem dor, em ambiente de afectos e convergência de sentires, em busca de alento e tentando contribuir, com tal nascimento, para que se desenvolvam outros paradigmas e enlaces, apesar do ar rarefeito em que vivemos.
Na Junta de Freguesia de Carcavelos e Parede, em 18 de Outubro de 2013, fundindo a 90ª sessão das Noites com Poemas com as Comemorações do Dia de Carcavelos, a noite foi festiva, alegre, emotiva, com alguns arrebatamentos, mesmo, e recheada de cumplicidades.

Isabel Martinho, presidente da Assembleia de Freguesia, abriu a sessão…

… logo seguida da intervenção da presidente da Junta de Freguesia, Zilda Costa da Silva, enquadrando a actividade não apenas com as comemorações do Dia da Freguesia mas, também, como exemplo do cunho cultural que tem sido e continuará a ser apanágio da acção desta instituição autárquica, no que ela representa de comunhão com a comunidade onde se integra.

Ana Paula Guimarães, a quem com toda a propriedade e muito justamente atribuo o cognome de madrinha de escrevinhações, partilhou com os presentes a sua viagem através do livro, com o poder comunicativo que tanto a caracteriza, com uma enganadora ligeireza plena de profundidade, que sempre me faz sentir melhor pessoa do que serei…

Pelo caminho, lá foi desafiando uns e outros para trazerem ao encontro o som de outras vozes, de outros enlaces, para que a diversidade funcione como elemento enriquecedor do convívio…

… como foi o caso de Lídia Fidalgo, do CRAMOL, ali «apanhada ao virar da esquina» e instada a cantar, para nosso deleite, mesmo que não quisesse…

Pela minha parte, cumpriu-me a apresentação do livro, suprindo também a ausência circunstancialmente inevitável da nossa amiga e editora, Fernanda Frazão, da Apenas Livros, irremediavelmente ocupada noutras lides, mas presente sempre… por muitas razões e mais uma. 

Como referi, então, estes Outros Poemas de Menagem estão, como se vê, repletos de gente, por dentro e por fora. Pessoas todas elas e nenhuma descartável, com quem tive ensejo, nalgum momento da minha vida, de me cruzar e que, por essa elementar ocorrência, moldaram as condições para que, também, eu fosse assim como sou.

Dir-me-ão que este é quase um lugar-comum. Será. Mas é a minha verdade.

Pessoas à maior parte das quais me ligam mais estáveis ou fugazes relações de amizade. E, por isso, eu tenho para mim que este livro é subversivo. Subversivo pelo que ele testemunha sobre este elementar e algo esquecido facto de que o homem é um animal social e que é na conjugação com os seus pares que ele cresce, melhora e se transcende.

Relembrando Manuel António Pina, assumamos, então, que «a amizade é talvez a forma mais radical de resistência».

A sala, pequena para tanta afluência, deixa-me inevitavelmente naquele limbo entre o envaidecido e orgulhoso, onde tão bem nos sabe estar. 
Convém, entretanto, destacar aqui que a Junta de Freguesia de Carcavelos-Parede fez questão de oferecer este livro, situação a que contrapus a proposta aos assistentes que, assim sendo, em troca da oferta, deixassem um donativo a uma instituição da terra, no caso a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Carcavelos e São Domingos de Rana. 
A sugestão foi bem aceite e de resultado… simpático. Enfim, os amigos são para as ocasiões, lá se diz.
   

Coube-me, de seguida, a apresentação de quem se dispôs a acompanhar-me com outras artes, neste lançamento:

Primeiro, o grupo de jograis Oeiras Verde, que já integrei, e que nos presenteou com uma mão-cheia de poemas onde foi dado a primado a uma selecção de textos bem-humorados e que colheram forte e espontâneo aplauso da sala.

Como surpresa mais «violenta» para o público – porque aqui eu devo interpretar grande parte do poema cantando… – e com o auxílio (e perdão!) de Gedeão, relembrámos a parceria que tivemos através da Silvininha, que sempre foi prato forte deste grupo. 

Com Ana Patacho, Filomena Vale, Francisca Patrício, Ilda Ferreira, Magnólia Filipe e Luzia Pinto da Costa, só posso evocar, pois, a bem-aventurança de me encontrar, assim, entre mulheres!

De seguida, tivemos o trio La Farse Manouche – formado por Alcides Miranda (guitarra), Nuno Serra (guitarra) e Nuno Fernandes (contrabaixo), ao conhecimento do qual cheguei – e em boa hora – através do Nuno Serra e a quem ouço uma e outra vez sem me cansar de ouvir e sempre expectante quanto à próxima audição. Gipsy jazz, uma expressão musical que tem o condão de me deixar alegre, feliz e inspirado. Deles se aguarda, também, com ansiedade um cd, para conforto presente e memória futura. 

Procurem-nos no YouTubeaqui e aqui – ou no Facebook e  terão uma aproximação ao excelente momento de muito boa música que nos proporcionaram, culminando este serão que se revelou tão bem concorrido.

Um Carcavelos de honra, que caiu às mil maravilhas no goto de todos… Havendo ainda muitos para quem esta foi uma estreia no apaladar deste néctar.

É, então, em dias cinzentos e tão estranhos ao ser humano como os que vamos percorrendo, com responsabilidades partilhadas mas tão insondáveis… que talvez resida a superior arte de procurarmos dar as mãos – a que podemos chamar solidariedade, altruísmo, comunhão ou cumplicidade – e que nela resida uma porta de salvação para a Humanidade que somos.

Sei, entretanto, que é nestes caminhos da arte do encontro, de que Vinícius falava, onde mais facilmente deparo com as estradas que quero percorrer. Nos bons, nos menos bons e nos maus momentos, um amigo, a sua palavra ou a mera companhia podem gravar-nos, sem darmos sequer por isso, uma marca indelével que nos acompanhará pela vida fora.

Fotografias e vídeos de Lourdes Calmeiro

noites co poemas
com Jorge Nuno Silva e o Livro de Jogos de Afonso X

Jorge Nuno Silva, o maior especialista português em jogos, trouxe-nos, pela mão de Fernanda Frazão e da Apenas Livros, a sua recente obra O Livro de Jogos de Afonso X, edição em português, do primeiro livro europeu de regras de
xadrez,datado do séc. XIII. Salvo erro, terá sido, mesmo, a apresentação inaugural da obra! 

Numa belíssima noite de Lua Cheia e desafiando possíveis cálculos de probabilidades, um acidente de trânsito bloqueou quase completamente o acesso à Biblioteca. Ainda assim, muitos resistentes conseguiram dar o salto por cima do bloqueio e marcar presença em confortável número. 

Feitas as apresentações e anúncios de eventos futuros, a palavra foi dada a Fernanda Frazão…

… que misturou, sabiamente, as vertentes da amizade, da carreira académica e de cumplicidades várias em projectos comuns, ao discorrer sobre o nosso convidado. 

Este, personagem afável, segura, companheira, parecendo-me até algo surpreendido e agradavelmente pela presença do livro que não esperaria tão prontamente concluído, levou-nos em passeio pelas artes múltiplas do xadrez, bem documentadas neste livro, que surge como um transporte no tempo, trazendo aos nossos dias e em linguagem por todos perceptível, a génese e evolução do jogo que atravessou os séculos, sempre apelativo, desafiante e actual.       

 O que nos disse e ensinou? Pois, um pouco daquele mundo que um livro sempre encerra e que se abre para nós ao passeá-lo página a página. É entrar, senhorias…

Chegada a hora da matemagia, Jorge Nuno Silva brindou-nos com alguns daqueles truques com cartas de jogar, cuja explicação é sempre elementar para um matemático mas que não deixa de conservar uma aura de mistério e de inexplicável ao comum dos mortais… Sim, sim, esse mesmo, ali ao lado do Matemágico,  a fazer um ar de inteligência muito para lá do seu verdadeiro entendimento da coisa…

 … e, como é patente, nem havia nada na manga… aliás, nem havia manga!

Com grande pena nossa, Jorge Nuno Silva encontrava-se empenhado noutras responsabilidades, o que o levou mais cedo da nossa sessão, havendo, no entanto, ainda um tempo dedicado a autógrafos e dois dedos de conversa, apontando a projectos futuros. 

Depois e como costume e matriz destas nossas sessões – onde apenas se lamentou, desta feita, a ausência do convidado para receber o devido tributo dos participantes – decorreu a sessão de poemas avulsos, trazidos pela mão dos mais afoitos e empenhados.

 – Carlos Pedro

 – Eduardo Martins

 – David Zink

 – João Baptista Coelho

 – Francisco José Lampreia

– Luís Perdigão

 – Ana Freitas

 – Mário Baleizão

– Jorge Castro

E assim foi concluída a 89ª sessão das Noites com Poemas. Uma nova época começa, novos desafios se nos deparam. E pela Poesia é que vamos!
– Fotografias de Lourdes Calmeiro

noites com poemas
com Jorge Nuno Silva

Naquilo que, por caminhos trilhados, tende a tornar-se um eterno retorno, reiniciaremos as sessões mensais das Noites com Poemas, no próximo dia 20 de Setembro (sexta-feira), pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Cascais – São Domingos de Rana.

Como convidado para esta sessão, contaremos com o matemático Jorge Nuno Silva, o maior especialista português em jogos, que apresentará a sua recente obra O Livro de Jogos de Afonso X.

Trata-se da edição em português, do primeiro livro europeu de regras de xadrez,datado do séc. XIII. No final, o autor apresentar-nos-á, ainda, alguns truques de matemagia.

Entre os jogos de espelhos em que vamos evoluindo e a necessidade urgente de se buscar, também, o lado lúdico da Vida, esta proposta surge-nos, pois, com uma actualidade óbvia.


Os lugares, como sempre, aguardam-vos e há sempre lugar para cada um. Apareçam, então, para que o jogo se enriqueça…