CONVITE – entrada livre

A três vozes, que o Abril quer-se mais acompanhado, na sede da Associação 25 de Abril, no próximo dia 17 de Outubro (sexta-feira), lá estaremos, o Arthur Santos, o Manuel Branco e eu, Jorge Castro, dando de nós o que melhor sabemos sobre Abril, em forma de poemas. 
Desejar-se-á uma sala cheia, assim a modos que em evocação da baixa lisboeta na manhã de 25 de Abril de 1974… Contamos contigo?
Esta sessão está integrada na 18ª Festa do Chiado e faz parte da programação da 
Associação 25 de Abril  
no âmbito do 40º aniversário da Revolução de Abril.



(Cartaz da autoria de Alexandre Castro, criado a partir de fotografias inéditas de Jorge Castro)

ainda as 100 noites… com poemas

Será, se quiserem, um exercício de imodéstia que nem me importo de assumir. Mas é, muito mais, a retribuição pelo abraço que várias amizades fizeram questão em me dar, na forma de poema, durante a sessão comemorativa das 100 Noites e que aqui faço questão de dar realce.
– de MARIA DO ROSÁRIO FREITAS:
(Na 100ª sessão, um abraço com amizade – 19 de Setembro de 2014)
Noites com poemas
Noites brilhantes
Onde o calor
Irmana da amizade
Transpõe fronteiras
Envolve
Sussurra afectos
Constrói pontes
Oferece
Magia
Poética
Opera
Encanto
Música
Arte
Sabores sonhados
– de ANA FREITAS:
(para ti, Amigo, um grande abraço – 20-09-2014)
É com muita alegria e consideração que estou aqui hoje, aliás como sempre estive, mas hoje é especial, é a sessão 100.
Sou filha das Noites com Poemas, foi aqui que iniciei a minha aventura na poesia em 2009.
E isto porque encontrei um grupo de pessoas que sempre me acolheu bem e incentivou. Sempre senti uma satisfação e orgulho enormes em pertencer a este grupo. Muito obrigada a todos.
E tudo isto porque um dia conheci Jorge Castro, um poeta e dezedor fantásticos, um comunicador por excelência que me falou das suas andanças na poesia pelo simples prazer da palavra e por levar aos outros os seus ideais, sem qualquer retorno económico. Julgo que era este mundo que eu procurava, o da partilha pela partilha. E convidou-me a vir até aqui.
Grata para sempre, Jorge Castro.
E a Jorge Castro, um amigo de convicções e de luta, dedico este meu poema Abril em mãos (24-03-2014):
demos as mão por Abril
tomemos Abril nas mãos
que as mãos que fizeram Abril
têm o sabor a pão
tantas mãos hoje abertas
inertes
dolentes
onde a liberdade não mora
por onde a esperança se esvai
fechemo-las com garra
agarrando Abril
cantando um novo sol
demos as mãos por Abril
tomemos Abril nas mãos
que as mãos que fizeram Abril
têm o sabor a pão
– de FRANCISCO JOSÉ LAMPREIA:
Semearam poemas e sorrisos durante nove anos
– Os poemas não dão votos, concluíram.
Quando estas novas chegaram os poemas secaram, os sorrisos voaram
E a Terra ficou mais triste. 
– de EDUARDO MARTINS:
«Noites com Poemas», sessões cem…
E mais de cem razões para aqui estar.
Mas infelizmente, há sempre alguém,
Paa quem, melhor que resistir… é ignorar.
– de CARLOS PERES FEIO:
Amigos, afinal, 
presto-te uma homenagem
companheiros na mesma margem,
deste voz ao homem e à mulher
todos somos poucos para te agradecer 
– de DAVID SILVA:
«Quando as vozes não são ocas
e ão ardendo os mundos num grito
100 ainda são poucas
E para cada um nasce um mito»
– de LUÍS PERDIGÃO:
Mestre Jorge controla o tambor
Faz as palavras terem sabor
Quem sente aquilo que diz
vive sempre sempre mais faliz
– de ANA FREITAS:
um cento vivo de sessões
na bagagem poemas e afectos
pela partilha fomos
e o longe se fez perto
o tempo mais leve ficou
na voragem da vida que passou
Noites com Poemas
o futuro sem ti
seria o vazio que não queremos
– de LOURDES CALMEIRO:
Ao meu-senhor-de-mim
Por cumplicidade
Por afecto
Só por isso
e tudo mais
100 sorrisos
– de JOÃO BAPTISTA COELHO:
O mar da vida, um veleiro
vela panda em cada mastro.
Cem noites, e a tempo inteiro,
Dá-lhe o rumo… Jorge Castro!
Corolário deste afã de nove anos que não se esgotou, muito longe disso, nas sessões das Noites com Poemas, mas que se replicou e vai replicando em inúmeras manifestações a desvendar o «mistério de todas as coisas» – e que um poema é – estes companheiros de jornada porfiam, ainda, pelos amanhãs que cantam e por isso me são tão próximos. A cada um deles direi, então:   
dos demais não sei
que a vida nos desgasta
sei porém que tu me deste
o que te dei
e isso me basta!

O meu abraço.

uma outra homenagem a António Feio

«Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros.
Apreciem cada momento.
Agradeçam…
e não deixem nada por dizer,nada por fazer»
– António Feio, na apresentação do filme Contraluz,
de Fernando Fragata.
são dispersos os caminhos que
fazemos
ao buscar na vida toda algum
sentido
por caminhos nunca iguais que
percorremos
sem jamais ter retorno o
percorrido
mas é quando se apura que a
viagem
que fazemos na aventura de
uma vida
tem um encanto maior outra
paisagem
na amizade solidária e
repartida
talvez seja a palavra que nos
una
talvez seja um olhar que se
partilha
ou talvez a consciência mais
profunda
de que homem algum seja uma
ilha
e cruzamos cada palco e cada
cena
cada personagem vestida de
outra vida
na certeza de jamais nos ser
pequena
essa vida sempre incerta mas
vivida
e ficamos bem melhor nesse
outro enlace
ao alcance de outro braço –
outra passada
que nós damos em comum com
quem abrace
o andar perto de nós na
caminhada
e a estéril vereda percorrida
só de agrestes silvados mil
espinhos
é o pomar farto a lavra
enriquecida
que afinal se abre em nós por
mil caminhos.
– Jorge Castro

Levei, entre vários outros, estes versos à sessão que ocorreu, há dias, no Bistrô 19, em Cascais – um obrigado à nossa anfitriã Alexandra – onde, pela mão de Carlos Feio e acompanhados por José Proença e Hugo Santos, a quem se juntou, também, Arthur Santos, homenageámos, em agradável e descontraído convívio, António Feio.
A memória solidifica-se assim: por actos, muito mais do que por dispersas palavras…

maresia

– reflexão suscitada pela irracionalidade do conflito na faixa de Gaza  
ainda se fôssemos seres
marinhos
da família que se diz de
equinodermes
simétricos se larvares
mas radiais ao crescer
metáforas do deus Hermes
tão férteis nos seus caminhos
prolíficos até morrer
ah se fôssemos holotúria
sem cérebro ou consciência
uma estrela ambulacrária
de inconstante pertinência
– seja aqui ou no Camboja –
por ter tal conveniência
de um braço já se despoja
um ofiurídeo – um crinóide
sem ter sistema nervoso
dando um ar imbecilóide
ao sujeito comatoso
que come só p’ra viver
vivendo para comer
num destino glorioso
mas não –
só estamos para aqui
sempre humanos sem querer
e matando outros humanos
que nem servem para comer
enchendo o mundo de enganos
sem dar o braço a torcer
– e que fará a arrancar…!
porque sabemos mudar
mas não está a apetecer…
  
… e no entanto o dia é fundo
e descabido
na imensidão abissal do
despautério
e mergulhamos a contragosto mal
sofrido
tais bivalves tão expostos
sem mistério…
– Jorge Castro

29 de Julho de 2014

poesia – outros poetas

Nestes felizmente infindáveis périplos por onde perpasso e onde vai acontecendo poesia, raro é o dia em que não deparo com obra nova ou, até então, por mim ignorada, numa profusão de autores e de conteúdos que fazem jus à expressão segundo a qual somos um povo de poetas… Enfim, também somos um povo de outras coisas, mas essas não vêm, agora, ao caso.
Pela qualidade e por assumida proximidade, também, aqui vos deixo, em destaque, obra de dois autores com quem tive, recentemente, oportunidade de partilhar espaços e poemas e cuja leitura vos recomendo vivamente:
ARTHUR SANTOS   

 

Arthur Santos dixit: A inspiraçãoNão me atrevo nunca a interromper a minha inspiração porque ela com os seus sons harmoniosos ilumina a minha imperfeição.

SAMUEL PIMENTA

Samuel Pimenta dixit: … Não seria mais belo / ter um relógio que / além de um tiquetaque / cinzento e indigesto / fosse uma melodia de / toques e tuques e teques?…
Um do outro os separa para cima de quarenta anos de vida vivida e, ainda assim, é notável perceber o quanto se encontram… E, já agora, eles comigo.
Enfim, nada mais a dizer para além de recomendar vivamente a sua leitura. – Onde se encontram? Pesquisem pela net fora que os encontrarão, sem dificuldades.