este blog hoje está de greve!

 
Porque é de mim que se trata, mas de ti, também. Do meu filho, como do teu. Das nossas famílias. Da nossa dignidade. Da nossa capacidade para enfrentar a adversidade e de lhe dar luta e resposta. De cantar já hoje pelos amanhãs que todos queremos que cantem. Porque devemos assumir a consciência de sermos essa montanha de espírito com gente dentro. Porque não basta a indignação e a revolta se elas não se traduzirem em mudanças de atitude.  
Faço greve, sim, porque HOJE é este o modo de manifestar o meu profundo desagrado pelo rumo que Portugal tomou.
Faço greve, sim, do mesmo modo que adquirirei os produtos da SICASAL como apoio ao empresário e aos trabalhadores que estão a dar um exemplo notável de ânimo, solidariedade e resistência contra a adversidade, mas partilhada por todos e para todos.
Faço greve, também, por aquele trabalhador que há quinze anos é subcontratado, com ordenado de miséria, a fazer trabalho desqualificado, em violação flagrante com tudo o que é legislação laboral e a que nenhum governo tem prestado atenção nenhuma.
Faço greve, ainda, por quantos se vêem caídos no desemprego e são constrangidos a estender a mão ao mais abjecto e hipócrita «apoio social», para matarem a sua fome e a dos seus.
Eu, felizmente, por enquanto estou bem, obrigado. Mas… e os outros? Muito melhor do que qualquer outro arrazoado e infindáveis razões que me poderiam ocorrer, deixo-vos com Brecht:     

Bertolt Brecht
A indiferença
Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

RENando contra a naré…

Expurgada da EDP pela cavacal figura aquando da privatização desta empresa, lá pelos idos de 90, a REN (Rede Eléctrica Nacional) sempre saltitou entre o público e o privado numa lógica sem qualquer espécie de lógica que não fosse o maná que pode constituir uma empresa de tal modo estratégica, como ela é.
Lembremo-nos, por exemplo, de que naquela fúria privatizadora inicial, também ela foi privatizada, vindo pouco tempo depois a ser «recomprada» pelo Estado, em mais um negócio de milhões onde muitos ganharam mas perdeu o país, pela liminar razão de se ter assumido que uma empresa daquele calibre e interesse estratégico não poderia estar em mãos de privados.
Sem entrar em minudências, aliás sempre muito pouco claras nestas artimanhas politico-financeiras, acompanhei com alguma curiosidade a evolução deste disparate, idêntico a muitos outros que têm vindo a ser perpetrados por todos os vendilhões que se têm entretido a delapidar este país e a que a nossa falta de bom senso se acostumou a chamar de «governantes».

(Ler esta crónica completa no blog Persuacção)

E insisto!

Cá nos chegou, então, a semestral incomodidade, vulgo «mudança da hora», da qual não consigo vislumbrar vantagem de qualquer espécie.

Claro está que o país e o mundo se debatem com questões bem mais ponderosas, mas esta é uma questão, também. E, como tantas mais, interfere no nosso quotidiano, sem que alguém, alguma vez, tivesse questionado os cidadãos quanto à sua apetência ou vontade de a aturar.

Por mim, para além da perturbação, cada ano mais agravada, que esta manobra me provoca no já de si escasso tempo de sono, garanto-vos que não atino com qualquer espécie de benefício que daqui decorra.
Por estas e por outras, juntei-me ao Paulo Moura e a uns quantos mais numa petição para acabar com este malabarismo semestral .
E vocês? O que pensam disto? Espreitem as informações sobre o assunto no blog PersuAcção e, se estiverem de acordo connosco, assinem a petição, para ser remetida à Assembleia da República com maior consistência.    

Consulta e assina a petição

indignados!

– Fotografia de Miguel Manso
(http://www.publico.pt/Mundo/dia-dos-indignados-minuto-a-minuto-manifestacoes-em-portugal-arrancam-as-15h-1516656)

Por compromissos assumidos não me foi possível estar fisicamente presente na manifestação que ocorreu ontem, dia 15 de Outubro, em Lisboa.  
E apesar de estar bem ciente de que, neste tipo de atitudes, contam mais os que estão do que aqueles-que-estavam-para-estar-mas-não-estiveram, faço questão de manifestar, ainda assim,  o meu apoio incondicional à iniciativa.
Iniciativa que teve foros de movimento mundial, circunstância que lhe confere o cariz mais subversivo de quantos movimentos reivindicativos vão tendo lugar na História recente do mundo.
Tempos houve (e ainda ocorre) em que as pressões sociais internas insanáveis acabavam por ser muitas vezes diluídas através dos conflitos entre estados, desde a guerra entre vizinhos supostamente desavindos, atingindo-se o limiar da insanidade nos conflitos conhecidos como a I e a II Guerras Mundiais do século XX, onde, aos poucos, praticamente todos os países do mundo foram envolvidos, de forma directa ou indirecta.
Outra coisa bem diversa pode vir a configurar este movimento pandémico. Sem alimentar lirismos exacerbados, mas querendo fortalecer o manancial de esperança que nos sustenta, quero crer que este movimento propiciará a inevitabilidade de criação de novos paradigmas de liberdade, igualdade e fraternidade, agora com outra consistência e outra consciência colectiva, para toda a Humanidade.