Depois de tantas e tão ilustres
perorações sobre a infame ocorrência pela qual, ontem, em Paris, foram
assassinados quatro acérrimos defensores da liberdade de expressão e do livre
arbítrio – aqui entendido no seu mais assumido significado de vida em prol da
comunidade –, assassinados eles a par de vários outros seres humanos cuja única
e funesta circunstância terá sido o de se encontrarem naquele local e naquela
hora hedionda, pouco mais há a dizer que perturbe um silêncio reflexivo.
Mas uma coisa me parece clara por
entre a espessa neblina dos interesses e hipocrisias instalados: qualquer ser
humano (?) que manifeste, por pensamentos e actos, o seu tão flagrante desprezo
pela vida humana alheia, apenas pode e deve esperar dos demais um pagamento na
mesma moeda.
Entretanto, não é despiciendo que
a Humanidade no seu todo, se me for perdoada a redundante tautologia, colha
mais esta sangrenta lição que aponta para a urgência de progressiva e
incessante diminuição das assimetrias que, no mundo todo, geram os pântanos
insalubres onde medram tão abjectas criaturas como aquelas que ontem, em
Paris, dispararam infamemente contra homens desarmados, cujo único senão era o
de pensarem de modo diferente.
Vítimas estas, sim, gente como eu
e tu, que acreditam que a redenção do ser humano se encontra nele próprio, na
sua conjugação com os demais. 

É Natal, não é?

Amizades,
Com tanta mensagem natalícia nesta infinidade de meios comunicacionais, confesso que hesitei em perturbar a vossa paciência com mais uma… Mas cá fica, porque sim, no entanto com o pedido expresso (ou delta café, se preferirem…) de ela não carecer de resposta. Considera-se, pois, automaticamente respondida (por este ou por qualquer outro meio), para vosso alívio e conforto – fica, assim, de mim uma pequena prenda sem jeito mas sem encargos de qualquer espécie.
Porquê, perguntar-me-eis. Pois pela profunda consciência de que não há – para ninguém – tempo ou disponibilidade para se responder aos milhares de mensagens recebidas que os novos meios de comunicação existentes proporcionam. 
Por mim, o simples facto de estar a enviar esta mensagem, significa tão-só que cada receptor que por se passeie teve, nalgum momento, e tem importância na minha vida. Daí a resposta não ser necessária, por razões que eu presumo óbvias. 
E cá vai:

Neste natal…

neste Natal
que ressalta
no sobressalto em que passo?

não me dês as boas-festas
que talvez te façam falta…
empresta-me o teu abraço
e relembremos as gestas
onde em nós luzia apenas
alguma estrela no olhar
onde eram tão pequenas
as prendas feitas de afectos
entre os avós pais e netos
mas tão grandes no cuidar
prendas tão mais solidárias
conjugando a vozes várias
as formas do verbo amar

neste Natal sem poesia
dá de ti tão simplesmente
o que de bom tens p’ra dar
esse abraço
a companhia
e muito principalmente
a alegria sempre urgente
que tu possas partilhar…

Dos «políticos», transitórios e circunstantes, havemos de saber que estão de passagem, Nós, não, estamos para ficar. Por algum tempo, talvez, mas muito mais dilatado que aqueles. E cá estamos.
Então, festinhas das melhores para todos, um prazenteiro 2015 e, sim, com um forte abraço de

Jorge Castro (OrCa)

(Nota de rapa-pé – Esta a mensagem que remeti a todos os elementos constantes da minha extensa lista de endereços. Como seria previsível, ela colheu, afinal, uma magnífica girândola de respostas em forma de poemas, desenhos, singulares manifestações solidárias, ecos múltiplos que, para vos falar com franqueza, enriqueceram o meu Natal. Assim, pois, o meu reconhecimento, publicamente lavrado, a quantos tiveram paciência para me ler).

2014 também será muito o que fizermos dele…

Uma vez mais me intrometo nos vossos espaço e tempo, mas apenas para vos
manifestar que, independentemente de 2014 não ser coisa de rima fácil – o que
rimará, afinal, com catorze…? – , ele será, no entanto, um ano igual aos
outros E, por isso mesmo, completamente único.

De resto, uns quantos morrerão, uns quantos nascerão, mas há-de haver uma
data de nós que… vamos vivendo. Assim mesmo: vamos vivendo.

Sem jogo de palavras: vamos e vivendo. O que nos acarreta a
responsabilidade enorme de respirarmos, comermos, bebermos, criarmos… Vivendo,
enfim, em cada um dos 365 dias que se antevêem mais próximos .

De preferência, vivendo uns com os outros. De preferência, vivendo,
agradando-nos o que fazemos.

É só e é bastante.

Que 2014 seja, então, um bom ano para o concretizarmos.

E havemos de nos encontrar por aí, para um apetecido abraço. Basta
querermos. É isso o que eu tenho por mais certo.
– Jorge Castro

Pela Dignidade do Ensino

Razões para petições são mais que muitas.
Os resultados das mesmas… logo se vê.
Entretanto, apoia-se uma boa causa, sem dor nem anestesia e sem grande esforço.
Trata-se apenas de um acto cívico, se a consciência individual o apoiar.
Pela Dignidade do Ensino

Lamentou Stravinsky que as pessoas não fossem
ensinadas a amar a Música, mas apenas a respeitá-la. 
Podemos acolher a
ideia e transpô-la para o ensino da língua portuguesa, relevando como é natural
a Literatura, e concluir que a Pátria de todos nós não é amada, nem minimamente
respeitada, mas antes parodiada. Não sabemos se devemos rir ou chorar perante
situações como a de apresentar Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett sob o título
Até ao meu regresso…; transformar um soneto de Luís de Camões numa noticia de
jornal, um texto de Fernando Pessoa num requerimento, um auto de Gil Vicente
numa carta de reclamação, ou ainda envolver a poesia de Cesário Verde, o poeta
de Lisboa e Mestre de Fernando Pessoa e heterónimos, com editoriais, textos publicitários
e outros. 
Temos assistido а
sedimentação do culto do facilitismo, da permissividade e da ignorância. Entretanto,
valores como a delicadeza, a curiosidade, o espírito de rigor, a exigência, o esforço
ou o brio continuam a ser riscados do quotidiano escolar, com o aval de muitos
que integram o Ministério da Educação. Testemunhámos esse comportamento nas últimas
provas de avaliação do 9є ano, em que se substituiu Os Lusíadas de Luís de Camões
por pontos de um Tratado da União Europeia, se interpretou Alves Redol e Luísa
Costa Gomes com respostas de escolha múltipla e de verdadeiro/falso, se
aprisionou a escrita dos alunos, com a imposição obsessiva de um número
estipulado de palavras, sujeito o seu incumprimento a uma penalização.
Lamentavelmente, situação idêntica se prevê para os próximos exames do 12є ano
do Ensino Secundário, de acordo com informações recentemente chegadas аs
Escolas. 
Sabemos que, em boa
parte, este й o resultado da aplicação dos novos programas, no caso especifico
de Língua Portuguesa, aos Ensinos Básico e Secundário. 
Porque ao Ministério
da Educação se exige responsabilidade no seu directo envolvimento com o Ensino,
vêm os signatários pedir а Senhora Ministra da Educação que intervenha no
sentido de pôr cobro a esta situação, a qual não dignifica a Escola, enquanto
lugar de continuidade de um património herdado, de aquisição permanente de
novos saberes e de criatividade inovadora.

eu voto Manuel Alegre

Até ao próximo domingo, dia 22 de Janeiro,
a minha mensagem aos distintos visitantes é, apenas, esta:

Ainda que aos poetas e aos amantes de poesia
não possa deixar de recomendar o desafio que vos faço
no Sete Mares, aí mais abaixo.