Sendo este um  espaço de marés, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.

XIII Passeio ao Farol do Bugio com a EMACO

 Decorreu, em 30 de Julho, e com o nível de sucesso a que nos habituámos, o XIII Passeio ao Farol do Bugio, organizado pela EMACO.

Para registo muito sucinto do evento e memória futura:

2016-07-30 (1)
A peitaça da t-shirt distribuída
2016-07-30 EMACO (1)
O briefing em terra
2016-07-30 EMACO (2)
O briefing a bordo
2016-07-30 EMACO (3)
A preparação para a descolagem
2016-07-30 EMACO (4)
A partida
2016-07-30 EMACO (9)
2016-07-30 EMACO (5)
O verdadeiro início oficial da aventura
2016-07-30 EMACO (6)
O primeiro olhar de mais perto (e do lado do mar)
2016-07-30 EMACO (7)
A acostagem
2016-07-30 EMACO (10)
A magnífica paisagem
2016-07-30 EMACO (11)
Já no interior, com vista em redor
2016-07-30 EMACO (8)
José Meco, no interior da capela, brinda os visitantes com o enquadramento histórico e fala da gritante necessidade de não aguardarmos pela derrocada final de todo este inigualável monumento
2016-07-30 EMACO (12)
A visita às instalações
2016-07-30 EMACO (13)
Um olhar de encantamento
2016-07-30 EMACO (14)
A escala, não perceptível de terra
2016-07-30 EMACO (15)
2016-07-30 EMACO (16)
Apontamentos do seu interior
2016-07-30 EMACO (17)
Joaquim Boiça ilustra os visitantes quanto ao enquadramento histórico do edifício…
2016-07-30 EMACO (18)
… as suas razões de ser e as vicissitudes, também transformadas em oportunidades novas, pelas quais foi passando o farol do Bugio…
2016-07-30 EMACO (20)
2016-07-30 EMACO (21)
…  abordagem que não sabe (nem quer) dissociar da sua vivência pessoal, conferindo à dissertação uma  aproximação também pelo campo dos afectos que não deixa ninguém indiferente.
2016-07-30 EMACO (22)
2016-07-30 EMACO (23)
E, subindo ao piso superior…
2016-07-30 EMACO (24)
… conclui a sua exposição, no escasso tempo disponível, ficando nos presentes um saudável «gosto a pouco», a indiciar que para o ano haverá mais… Aliás, alguns houve que manifestaram a vontade de repetir já no próximo dia 06 de Agosto.
2016-07-30 EMACO (25)
Aguardando a viagem de regresso
2016-07-30 EMACO (26)
Um último «boneco» ilustrativo de um momento bem passado
2016-07-30 EMACO (27)
O regresso
2016-07-30 EMACO (28)
Alguns autóctones ficam, discretamente, a contemplar a partida até à próxima…
  • Imagens de Lídia Castro e de Jorge Castro

1940 – Ano charneira na História de Oeiras, com Jorge Miranda

Integrada e inaugurando, no corrente ano, a iniciativa da EMACO – Espaço e Memória Associação Cultural de Oeiras, Diálogos em Noites de Verão, ocorreu, no passado dia 26 de Julho, a  palestra, charla, dissertação, conversa – enfim, como cada um melhor a considerar -, subordinada ao tema 1940 – Ano charneira na História de Oeiras, tarefa desta feita levada a cabo por Jorge Miranda, com a costumeira fluência e soma de conhecimentos transmitidos.

2016-07-26 (1) 

 A «temporada» dos Diálogos, para 2016, foi inaugurada pela apresentação de Joaquim Boiça, que introduziu o nosso querido palestrante, bem como se congratulou com o novo espaço com que passámos a contar – o átrio do Teatro Eunice Muñoz, bem no coração de Oeiras.

 

2016-07-26 (2) 

Contámos, também, com a presença do senhor presidente da União das Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias, José Eduardo Lopes Neno, que saudou a iniciativa, referindo o seu inequívoco apoio à mesma, quer pela relevância das temáticas para o enriquecimento da História da vila de Oeiras, quer pelo gabarito das personalidades convidadas, a que a EMACO habituou, de há vários anos a esta parte, os seus numerosos assistentes.
 

2016-07-26 (3) 

Foi a vez, então, de Jorge Miranda nos dar conta das suas investigações em torno da temática proposta…
 

2016-07-26 (4)

… com a informalidade aliada à sapiência, que tanto o caracterizam e que fazem de cada palestra sua um misto de aula prática e de encontro de amigos, a que sempre nos apraz assistir.

 

2016-07-26 (5) 

 A sala, com boas condições e muito bem preenchida, parece indiciar que a escolha deste novo espaço assegurará, para além de convidados e temas, uma assistência muito mais confortavelmente instalada e protegida em relação às frequentes inusitadas intempéries que nos têm assaltado em sessões anteriores.

o big pokébrother…

Somos, a cada passo, assaltados por uma onda de aparente palermice à qual aderem acriticamente e de imediato uma data de palermas. Por vezes tão insuspeitos (os palermas) que até podemos ser nós próprios… Aqui fica, em jeito de serviço público, uma das últimas estrondosas palermices, denunciada em texto cuja leitura muito se recomenda:

Retirado do Diário de Notícias on-line –

Pokémon Go é um passo para o totalitarismo? Oliver Stone acha que sim


Oliver Stone alerta para os riscos de fornecer os dados pessoais às grandes corporações em aplicações com o Pokémon Go.
O realizador americano criticou o jogo e os seus jogadores, que se dispõem a fornecer os seus dados a um sistema de “capitalismo de vigilância”.
O Pokémon Go, o jogo da moda, é uma ferramenta de “capitalismo de vigilância” que abre caminho para uma sociedade totalitária. O alerta foi dado esta quinta-feira pelo realizador norte-americano Oliver Stone, na Comic-Con de San Diego.
O fenómeno em que se tornou este jogo para telemóveis “não tem graça”, sendo uma forma de as grandes corporações conseguirem todos os dados privados dos indivíduos, numa forma de “capitalismo de vigilância”, comentou o cineasta perante um painel de jovens.
“O que se vê é uma nova forma de, francamente, sociedade de robôs. É o que se chama de totalitarismo”, acrescentou, citado pelo Los Angeles Times.
Stone está na convenção de cultura ‘pop’ de San Diego para promover o seu mais recente filme, “Snowden”, sobre o ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA na sigla inglesa) que foi responsável pela maior fuga de informações secretas da história americana.

Pokemon, o jogo que traz espiões para dentro de casa – entrevista a Oliver Stone:
por Sergey Kolyasnikov (@Zergulio)
Pode falar-me do “Pokemon Go”? 
Já dei três entrevistas sobre isso, de modo que agora tenho de me aprofundar nas fontes primárias. 
Programador do jogo: Niantic Labs. É uma start-up da Google. Os laços da Google com o Big Brother são bem conhecidos, mas irei um pouco mais fundo. 
A Niantic foi fundada por John Hanke, o qual fundou a Keyhole, Inc. – um projecto de mapeamento de superfícies cujos direitos foram comprados pela mesma Google e utilizados para criar o Google-Maps, o Google-Earth e o Google Streets. 
E agora, atenção, observe as mãos! A Keyhole, Inc. foi patrocinada por uma empresa de capital de risco chamada In-Q-Tel , que é uma fundação oficialmente da CIA estabelecida em 1999. 
As aplicações mencionadas acima resolvem desafios importantes: 
Actualização do mapeamento da superfície do planeta, incluindo estradas, bases [militares] e assim por diante. Outrora tais mapas eram considerados estratégicos e confidenciais. Os mapas civis continham erros propositais. 
Robots nos veículos da Google Streets olhavam tudo por toda a parte, mapeando nossas cidades, carros, caras… 
Mas havia um problema. Como espiar dentro dos nossos lares, porões, avenidas com árvores, quartéis, gabinetes do governo e assim por diante? 
Como resolver isso? O mesmo estabelecimento, Niantic Labs, divulgou um brinquedo genial que se propagou como um vírus, com a mais recente tecnologia da realidade virtual. 
Uma vez descarregada a aplicação e dadas as permissões adequadas (para acessar a câmara, microfone, giroscópio, GPS, dispositivos conectados, incluindo USB, etc) o seu telefone vibra de imediato, informando acerca da presença dos três primeiros pokemons! (Os três primeiros aparecem sempre de imediato e nas proximidades). 
O jogo exige que você dispare para todos os lados, atribuindo-lhe prémios pelo êxito e ao mesmo tempo obtendo uma foto da sala onde está localizado, incluindo as coordenadas e o ângulo do telefone. 
Parabéns! Acaba de registar imagens do seu apartamento! Preciso explicar mais? 
A propósito: ao instalar o jogo você concorda com os termos do mesmo. E não é coisa pouca. A Niantic adverte-o oficialmente: “Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos…”. Mas quem é que lê isso? 
E há o parágrafo 6: “Nosso programa não permite a opção “Do not track” (“Não me espie”) do seu navegador”. Por outras palavras – eles o espiam e o espiarão. 
Assim, além do mapeamento alegre e voluntário de tudo, outras oportunidades divertidas se apresentam. 
Por exemplo: se alguém quiser saber o que está a ser feito no edifício, digamos, do Parlamento? Telefones de dúzias de deputados, pessoal da limpeza, jornalistas vibram: “Pikachu está próximo!!!” E cidadãos felizes agarrarão seus smartphones, activarão câmaras, microfones, GPS, giroscópios… circulando no lugar, fitando o écran e enviando o vídeo através de ondas online… 
Bingo! O mundo mudou outra vez, o mundo está diferente. 

Bem vindo a uma nova era.

18/Julho/2016

· Mais de um milhão de downloads do Pokemon em Portugal

em Coruche, com a EMACO,
no passado dia 25-06-2016

–  Após a nossa partida, cerca das 8 horas da manhã, de Oeiras, chegada a Coruche, ao Santuário de Nossa Senhora do Castelo.

– Torre do Santuário

– Panorâmicas de Coruche, tomadas do Santuário

– Com Joaquim Boiça uma história breve de Coruche, com especial incidência… 

… no Castelo… que já não está lá. Mas que não deixou, por isso, de constituir um desafio ao conhecimento, porventura até estimulado por essa histórica ausência, como referiu o palestrante. 

José Meco ilustra-nos, com a sua habitual mestria e profundidade de conhecimentos, sobre o «pouco» que haveria a dizer acerca do Santuário, de onde, afinal, nos transporta sempre para uma viagem de circum-navegação a saberes… impensáveis quase.     

– Em seguida, a visita guiada ao Museu Municipal de Coruche foi antecedida por uma homenagem, a meu cargo, ao grupo Um Poema na Vila que, tendo ao leme Ana Freitas, tem tido artes, ao longo de quatro anos  já, de levar a bom porto um projecto poético, que conta com o envolvimento de inúmeros concidadãos em redor dessa viagem sempre transcendente que é a poesia, em geral, e o amor à terra e às gentes da região, em particular.  

Alguma poesia se disse, claro…

– Ana Freitas fala-nos sobre as actividades do grupo e diz poemas das colectâneas Poesia no Montado e A Minha Rua, com edição da Apenas Livros.

– Apresentação do Projecto Museológico de Coruche,  consubstanciado no seu Museu Municipal, a cargo da nossa anfitriã, Ana Correia…

… que nos acompanhou, esclarecendo dúvidas e sublinhando referências, ao longo da exposição permanente, subordinada ao tema O Céu, a Terra e os Homens 

(Já agora, não me perguntem porque carga de água é que estas três fotos a seguir se encontram deitadas… Talvez já manifestações do cansaço da viagem. Mas por mais que faça, elas já não se corrigem. Assim ficam, que não se deve contrariar muito teimosos impenitentes…)

A visita terminou com uma passagem pela exposição temporária sobre os primórdios da Saúde Pública na região de Coruche.

É também Ana Correia que nos leva ao longo do centro da vila, em visita guiada… 

… que terminou junto à Igreja da Misericórdia.

Aí se recolheram evidências de que a hora era de repasto, até como contraponto às cerca de seis horas e tal que levávamos já desde a nossa partida, em Oeiras.

O Restaurante Aliança foi o nosso ponto de reconstituição de energias.

Uma abertura com cachola, à moda de Coruche…

… a que se seguiu um bacalhau assado, à moda de Coruche…

… seguido de um cozido à portuguesa, à moda de Coruche (como nem podia deixar de ser, se bem repararem). Depois sobremesas, cafés e, até, uma branquinha para os mais disponíveis… A fartura e a qualidade deixaram todos bem convencidos, o que posso sobejamente confirmar através de incontáveis manifestações de apreço nesse sentido. 

No final, Idália Silva, a proprietária do Restaurante Aliança,  propriedade essa que reparte com o seu José Silva, ainda nos presenteou a todos com as suas quadras saborosamente populares, que trazem necessária e fundadamente um «voltem sempre, com um abraço e um beijinho».
De seguida, rumámos à fábrica Amorim Irmãos, Unidade Industrial Equipar, onde efectuámos uma visita às instalações, não sem que antes nos tivéssemos equipado a rigor… 

(Depois do Restaurante Aliança, nem tal seria possível, obviamente…!)

… pela mão sabedora e sempre afável de Isilda Bárbara

… onde, entre muitas outras coisas, se apurou, com algum espanto, a produção diária de cerca de 5 milhões de rolhas, grandíssima parte destinada à exportação, um pouco (ou muito) para todo o mundo.  
Aqui ficam, também, algumas evidências: 

Este nosso passeio culminou numa visita ao Observatório do Sobreiro e da Cortiça, nóvel instalação do maior interesse, onde pudemos apurar o seguinte (ver em http://www.cm-coruche.pt/portal-do-investidor/observatorio-do-sobreiro-e-da-cortica):

O Observatório do Sobreiro e da Cortiça é um edifício provocador, desenhado pelo Arquiteto Manuel Couceiro, com o intuito de criar umaorgânica que remeta para a metáfora do sobreiro enquanto elemento vivo.



                                           
O Observatório é revestido a cortiça e tem como objetivo 
tornar-se numa estrutura de valorização do montado de sobro como 
nicho ecológico de grande valor 
funcionando, para tal em parceria com associações de produtores, universidades, 
investigadores e associações empresariais.
Entre as diversas valências que compõem o edifício destacam-se os laboratórios e oficinas destinados ao estudo das temáticas do binómio sobreiro/cortiça. Destaque também para o centro de documentação que visa ser um espaço dedicado à compilação de elementos bibliográficos relacionados com a fileira da cortiça, para a sala destinada a formação profissional no âmbito da fileira e, por fim, para o auditório de 150 lugares com paredes revestidas de aglomerado negro e frescos em tons a fazer lembrar o montado.

Regresso a casa. Quem foi, viu, sentiu e teve um dia cheio. Se quisermos, um dia em cheio. 
E diria eu em jeito de publicitário mal-jeitoso: Com a EMACO, claro…! 

Nice, em dia de opróbio

Em Nice morreu hoje, um pouco mais, o racional da Humanidade. Tal como vai morrendo, em cada dia, em toda a parte, pela aparente impossibilidade do ser humano ser capaz de conviver consigo próprio. 

10 de Julho com pernas para andar, correr, saltar e etc.!

Patrícia Mamonamedalha de ouro no triplo salto 
nos Campeonatos da Europa de Atletismo 2016, em Amsterdão, 
(fotografia obtida em: https://www.publico.pt/desporto/noticia/)

Sara Moreira medalha de ouro na meia maratona
 nos Campeonatos da Europa de Atletismo 2016, em Amsterdão.  
Jessica Augusto conquistou, nesta mesma prova, a medalha de bronze.
(fotografia obtida em: https://www.publico.pt/desporto/noticia/)
 A Selecção Portuguesa de Futebol sagrou-se Campeã da Europa
no Stade de France, em Paris, a jogar na final contra a Selecção Francesa.
 (fotografia obtida em: http://www.dn.pt/desporto/euro-2016/)

Algumas notas, mesmo só para dizer alguma coisa:

1 . No final do jogo, a Torre Eiffel não se iluminou com as cores de Portugal, ao contrário do que ocorrera em jogos anteriores, relativamente a equipas vencedoras. A Torre Eiffel deve estar a funcionar às ordens de Wolfgang Schäuble, o que não indicia nada de bom para os franceses…
2. Confirma-se que algum frio holandês relativamente a Portugal não tem incidência especial nas pernas das atletas portuguesas.
3. Congratulemo-nos pela França que, ao contrário do que dizem alguns maus-pensadores quanto ao racismo que por lá proliferará, apresentou uma selecção de futebol que quase poderíamos chamar megrebina, o que é sempre um sinal de grandeza e largueza de vistas.
4. Esperemos que a euforia que, muito legitimamente, nos inunda os corações, potencie muito rapidamente uma substancial diminuição da taxa de desemprego, acompanhada de céleres medidas de regulamentação do mercado do trabalho e melhoria geral da condição de vida dos cidadãos portugueses mais carenciados.

E, já agora, VIVA PORTUGAL!

breve nota sobre passeio a Arouca e Serra da Freita
… e que Portugal temos!

Ora, bem… Arouca, ali como quem vai para o Porto, vindo de Lisboa, e em vez de virar para o mar e Aveiro, vira para dentro, passa por Vale de Cambra e já lá está – claro, passados que foram trezentos e tantos quilómetros, quase todos em auto-estrada (onde se recomenda a A17, pela calmaria de trânsito):

Com um bom  e bem dimensionado grupo de companheiros de viagem, assentámos teres e haveres no Hotel São Pedro, já em Arouca – que recomendo – e partimos para a satisfação da primeira necessidade básica, nestas aventuras: onde jantar e, muito preferencialmente, bem.  

Sem desprimor dos demais e porque o tempo sempre escasso não nos permitiu visitar todos, aqui vos deixo uma magnífica sugestão: o Restaurante Tasquinha da Quinta, no centro da localidade.

Apenas uma breve nota: a prancha de entradas e a vitela arouquesa deixaram-nos absolutamente convencidos.

Tempo ainda para uma espreitadela à Capela da Misericórdia…

… e ao Mosteiro de Santa Mafalda, ambos em Arouca, onde guias de ocasião nos prestaram informações preciosas para entendimento do que nos rodeava.

Um dos destinos previstos era o Museu das Trilobites (em Canelas, muito próximo de Arouca). 

Para além dos esclarecimentos científicos que podem ser profusamente colhidos no local e que não têm lugar neste breve apontamento de viagem, não quero deixar de divulgar que se trata de fósseis com 500 milhões de anos e dos maiores do mundo, colhidos numa pedreira ali localizada e que, por sinal, por uma gestão esclarecida e interessada, deu origem à criação deste espaço cultural, ponto de encontro já da comunidade científica internacional que se dedica a estas coisas…

A sua dimensão – gigantesca em termos comparativos com as que se encontram um pouco por todo o mundo – dever-se-á a razões várias, mas onde os cientistas ainda divergem. Certo é que, com tal dimensão, apenas se encontram outras manifestações no Canadá, não deixando de ser curioso o facto de que, na Pangeia (previamente à deriva de continentes), quando na Terra existiria um único continente (aí por volta de 200 a 540 milhões de anos atrás) – essa região do actual Canadá e a região do actual Portugal, que visitámos, se encontrarem muito próximas. 

E o objectivo primeiro desta passeata: os Passadiços do Paiva que, apesar do incêndio registado há cerca de um ano, foram prontamente reabilitados e ali estão, para nosso deleite. 
Recomenda-se a caminhada, ao longo de um trajecto de um pouco mais de oito quilómetros, em dia de semana, pois aos fins de semana, conforme nos constou, a romaria é infindável e algum encanto ficará beliscado pela enorme afluência de interessados… e a paisagem sente-se melhor com alguma tranquilidade em nosso redor.

A ponte, lá em baixo, assinala de algum modo, o início do percurso… 

O grupo de jovens caminheiros.

Dois trechos dos passadiços, obra de notável engenharia e de uma estabilidade contrária à aparentemente enganadora fragilidade da estrutura.

Pelo caminho, a maravilha de uma Natureza ainda não alterada pela mão humana. Aqui, claramente, o curso de água dirigido ao rio Paiva, ofereceu-nos o desenho inusitado daquilo que me pareceu ser um coração de filigrana… Apreciem vocês mesmos.

A maravilha da digitalis purpurea – dedaleira ou campaínha, para os amigos…

… espreitando as «marmitas» escavadas pelo sobressalto do Paiva no duro granito, esculturas autênticas e sempre de elegância imbatível.

Algures, a meio do percurso, uma ponte pênsil, a desafiar medos de vertigens, dando ainda mais tempero à caminhada. Enfim, opcional, para tranquilidade daqueles a quem a vertigem é mais forte do que eles.

E cada trecho mais belo e apaziguador do que aquele já transposto.

Um habitante apenas da profusa diversidade que por lá de vai vendo. Aqui vo-la deixo, à amiga lesma, pela pouco vulgar coloração (negro retinto), bem como pela dimensão – cerca de 12 cm em repouso contraído…
E mais não mostro, pois aquilo é para ser visto no local e cada imagem rouba a dimensão do encanto. É ir, senhores. A inscrição faz-se na net e custa 1 €.

No dia seguinte uma visita ao Museu do Convento de Santa Mafalda, cujo espólio ou recheio é muito digno de ser visto.

Depois, rumo à Serra da Freita, mesmo ali mais à frente, tanto mundo para ver. Desde os vestígios, ancestrais ou mais recentes, que os humanos foram por lá deixando, até à magnífica paisagem, que tem um ponto alto (na verdadeira acepção do termo), na Panorâmica do Detrelo da Malhada – nome que, por si só, já é um poema…

Aí travámos conhecimento com um grupo de simpáticos exemplares arouqueses – a quem, aliás, já tínhamos prestado outro tipo de honras no dia anterior, na Tasquinha da Quinta, nomeadamente.

A paisagem, serrana e montanhosa, em paletas que sempre nos surpreendem e inspiram…

… mesmo se condimentadas com alguns «tem-de-ser» que a constrangem.

Logo mais, a Frecha da Mizarela, segundo parece a maior queda de água da Europa… E mesmo que o não seja, ponto obrigatório para lavar os olhos cansados das rotinas citadinas.

E, de seguida, mais uma originalidade muito nossa: as pedras parideiras da aldeia de Castanheira. Quase-quase único no mundo, este fenómeno geológico, apesar de ter ali já o seu centro interpretativo, mereceria talvez outro resguardo…  Mas isso, serão outros cantares. 

As covinhas que se avistam na rocha granítica eram o leito parideiro das pedras paridas, também chamadas, localmente, de ovelhas ou de jogas, mas a que os geólogos chamam encraves.
Por mim, fico-me pelo encanto das paridas, para não enjeitar o esforço enorme das suas parideiras.
Enfim, cá me vai ficando a sensação, cada mais enraizada, 
de que não chega uma vida para saber de Portugal todo. 

e a Islândia aqui tão perto…

Desde que me conheço que utilizo recorrentemente, em termos de desabafo contido e a propósito de alguma coisa que, em Portugal, se me depare de violência social intransponível, a seguinte expressão: «ainda estou a tempo de emigrar para o Canadá!».

Perante algumas evidências a que vou assistindo, creio oportuno alterar essa expressão para «ainda estou a tempo de emigrar para a Islândia!».

Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas
– Federico García Lorca

Arquivo

Categorias