Sabem do que se trata? Pois bem, trata-se do mais recente trabalho de um infatigável lutador em prol da calçada portuguesa, o bom amigo Ernesto Matos – https://sites.google.com/site/ernestomatosimagens – (design gráfico e fotografia), desta feita, numa parceria com o escritor António Correia.
A participação, em forma de poema, foi aberta a vários autores e também me coube a honra de ser um dos convidados.
Aqui vos deixo uma parte dessa minha participação, em forma de:
QUADRAS SOLTAS NA CALÇADA
ao enquadrarmos a quadra
nos quadrados da calçada
as pedras são a palavra
os versos fazem-se estrada
lanço versos na calçada
como quem suspira amores
e a pedra esbranquiçada
vai-se enchendo de mil flores
pela mão que a pedra dome
pelo sonho feito anseio
dessa dura pedra informe
faz-se um mar nalgum passeio
as calçadas são abraços
vão da minha casa à tua
nelas desenhei os passos
que vão dar à minha rua
veja lá tenha cuidado
ao poisar seu pé no chão
pois que as pedras da calçada
foram bordadas à mão
vejo remos redes barcos
a bordejarem a praça
são na calçada seus marcos
lembrando o mar a quem passa
não sei porque tomam jeito
assim as pedras do chão
pareciam postas a eito
mas formam um coração
português por teus esteios
ao mundo deste grandeza
e nele lavraste os passeios
em calçada à portuguesa
lavrei-te a quadra num cravo
com Santo António pela mão
surgiu em ti um mar bravo
nesta calçada em mar-chão
lanço versos na calçada
como quem suspira amores
e a pedra esbranquiçada
vai-se enchendo de mil flores
- Jorge Castro