Então, quer-se dizer (linguagem popular), um hidroavião cai, em França, e provoca um incêndio… e eu fico sem electricidade durante cerca de duas horas, em Cascais?

Para além de todas as conjecturas que possamos fazer, uma coisa me parece evidente: quando alguém fala em soberania nacional deve estar sempre no domínio da ficção. Ou, colocado de outra maneira, quantos portugueses sabiam que esta ocorrência era, sequer, possível?

Ah, em certos momentos, a electricidade que consumimos vem de França e até é muito mais barata porque eles têm diversas centrais nucleares. Ora, aí está: por isso é que passámos a pagar a electricidade muito mais barata, não é, meninas e meninos? Ou talvez não. Eu imagino, só os custos do transporte daquele energia toda, de lá tão longe. E, se calhar, é em pó, com camiões TIR e tudo… Isto quando se andava com estas coisas de burro saía muito mais em conta.

Melhor do que isso, só mesmo a electricidade que compramos a Marrocos, produzida em centrais idênticas à de Sines – que encerrámos – mas que não têm, nem de perto nem de longe, os pruridos ambientais que a nossa tinha. Como é diferente a energia, em Portugal!

Nota a posteriori – Felizes os tempos em que os apagões nacionais se deviam ao jacto de dejectos lançado por uma cegonha. Sempre era um animal já nosso afeiçoado, residente, que nem emigrava, dado o clima ameno. Imaginem, agora, o que será quando, num futuro próximo, algum panda, lá na longínqua China, se chatear com um CEO eléctrico qualquer, aqui em Portugal… É que isto anda mesmo tudo ligado… e não é só à corrente.