Dia 24 – 15 horas
Estou para aqui a pensar – e ainda não chegamos às 15 horas – que engraçado seria se, afinal, a abstenção fosse inferior à das últimas eleições. Quantos profetas da desgraça e quantos daqueles que presumem eximir-se de responsabilidades atirando-as para cima do povo não teriam de meter no saco a viola, os ferrinhos e, até, a pandeireta…
Estamos cá para ver, mas que seria engraçado, seria.
Dia 24 – 20h26
Conhecidas as sacrossantas previsões, uma só reflexão me ocorre, com algum interesse político, para além da abstenção que furou todas as “previsões” dos afamados “analistas”:
Mas porque cargas de água é que as ditas esquerdas não foram capazes de encontrar um candidato comum?
Quando todos podiam estar a cantar vitória em relação ao “coiso”, fIcamos, então, satisfeitos por o “coiso” ter obtido mais votos do que os candidatos do Bloco ou do PCP?
Não sei porquê, ocorreu-me recordar Sampaio da Nóvoa… o que, obviamente, não serve para nada.
Dia 24 – 23h45
Alguém me sabe explicar porque é que as televisões imbecis nos andam a mostrar as voltinhas do senhor presidente em torno da Cidade Universitária?
E aquele duche de multidão jornalística é o quê?
Estão a ver porque é que o “coiso” medra na vida?
Dia 25 – 11h07
Quem acreditou que o “coiso” se ia mesmo demitir, será pessoa bem intencionada mas esquece que a peça não funciona com as regras democráticas e cívicas a que estamos habituados.
Enquanto não percebermos isso, estamos tramados, como se viu.
A importância destas eleições foi subvertida pela declaração aldrabona do androide, que levou toda a gente atrás, desfocando até o cerne das mesmas eleições.
Entretanto, ao lançar a atoarda, o “coiso” estava farto de saber que não a iria cumprir. Para tanto até correu com quem, internamente, lhe podia ser incómodo… para agora proclamar, em ar de gozo, que coloca o seu lugar ao escrutínio da seita.
Anunciar que se demitiria ou colocar a decisão sob o escrutínio dos apaniguados, não são a mesma coisa.
Pelo caminho, Ana Gomes ficou, de algum modo, refém do desafio, com a demais esquerda a acreditar, ao fim de todos estes anos, nalgum Pai Natal eleitoral.
A atávica incapacidade de se entenderem, à esquerda, mais do que uma opção ideológica, assume laivos de birrinha incompreensível.
E mais: já alguém pensou que, após o episódio dos lábios vermelhos, de cada vez que a imagem surgia nos écrans, era também ao “coiso” que se estava a dar publicidade?
E no absurdo provocatório e insultuoso do “avô bêbedo” porque não foram accionados os meios legais competentes, até invocando o atropelo a direitos constitucionais, como o direito ao bom nome e reputação?
E no almoço de Braga, porque é que não saiu dali toda a gente para a cadeia?
E etc., etc., etc…
No fundo e objectivamente, todos estamos a levar a abencerragem ao colo, a começar pelas seráficas televisões e os esplendorosos tempos de antena que lhe atribuem.
Assim sendo, queixamo-nos de quê?
Não sou comentador
sou actor
e sobre o tema
escrevi um quase-poema