Não pretendo ser professoral, longe disso. Mas preocupo-me ao ver, nomeadamente pelo feicebuque, algumas entradas de amigos mais ou menos conceituados mas cheios de boas intenções discursivas, serem atropelados, de imediato, por um chorrilho de comentários de uma data de gente que, por deliberação, pressa ou falta de discernimento, faz questão de entender literalmente o que ficou escrito, sem atentar que há ali um sentido outro, dissimulado.
(Nota do autor: Literalmente, como todos sabem, significa à letra…)
E daí o ter-me ocorrido relembrar que ele há dois recursos expressivos que se usam para dar mais cor ou vivacidade ao mesmo, estimulando as meninges dos leitores e que são a IRONIA e o SARCASMO. Não raramente, têm até o condão de nos despertar um sorriso ou alguma gargalhada não esperada.
No fundo, duas formas de se dizer ou escrever exactamente o contrário daquilo que se pretende, mas contando com a inteligência do leitor para descodificar o enredo.
Entre uma e outra das duas modalidades fica uma ténue distinção: a ironia é fina, subtil, elegante; já o sarcasmo é frontal, desbocado, provocador.
Dois exemplos:
– Ironia – Não há nada que me proporcione maior prazer do que não responderem às minhas mensagens…
– Sarcasmo – Cheiras tão bem… Quantos litros de perfume estás a usar?
(Sim, sim, recorri à net para adaptar estes dois exemplos… Sempre é mais fácil e a lei do menor esforço é uma das leis mais importantes em Biologia)
Pois é… Na dúvida, devemos sempre ler devagar e por mais do que uma vez cada mensagem que nos pareça algo estranha, vinda de quem vem…
E há excelentes cultores do género aqui pelo feicebuque. Há que enaltecê-los, sem nos baralharmos, prestando um mau serviço à nossa própria inteligência.
Mas claro que todos vocês estão fartos de saber isto…