… após leitura de poemas de «autores consagrados» que li aqui e ali – alguns de vós entendereis melhor o alcance da proovocaçãozinha, mas nem todas as cumplicidades podem ser do mesmo tamanho.
Se, em tempos, escrevi um «pastiche» de José Saramago que mereceu um comentário elogioso do próprio – e acreditem porque sou eu a dizê-lo! – porque não enveredar por caminhos poéticos algo diversos dos que me são habituais? Ora, lede e vede:
A modos que um poema pós-moderno
vejo-me daqui ali sem sair de onde estou
as cadeiras em meu redor despertam o silêncio
dançando um tema de Gardel
numa esgrima de pernas tentacular
em amontoados de mobília sem sentido
o som dolente do tango
funde-se numa valsa estranhamente austríaca
onde os violinos são como gôndolas venezianas
mergulhadas em glaucos abismos
de estridências vibrantes
e eu e tu sozinhos sob uma aurora boreal
pressentimos o desejo do solstício
ah se uma gaivota portuguesmente voasse nos céus de Phuket
outro galo nos cantaria
na urbanidade de Auckland
onde pai e mãe me afagam na derradeira carícia
antes da tempestade
somos tão poucos a voar que parecemos todos
pequenos
vistos da lonjura
de estarmos aqui e ali sem sairmos de onde estamos…
- Jorge Castro
10 de Outubro de 2020
Provoca-me que eu gosto!
Nunca fico calado e quedo
a uma provocação que mexe comigo
dois, no ar, já somos bando
agora imagina os tantos que já somos
Provoco eu agora
“Junta-te a nós”