pá
nem de ti tenho nada para ouvir
a palavra
esse dom de humanidade
e de livre pensamento
não se colhe no entulho da aldrabice
nem a queremos ver medrando entre a miséria e o lamento
com que tu e os teus pares nos vão cercando
sempre ao mando e ao desmando
e da pulhice
e não venhas com plangências democráticas
porque em ti tudo teu é fraco e falso
e nem mesmo de algumas almas erráticas
vais a tempo de fugir ao cadafalso
a palavra é um direito
é um dever
é o abraço que nos une e nos irmana
mas trânsfugas que o povo tomam de assalto
uma só me ocorre agora
e é «sacana»
e sacana é aquele que eu não quero nem ouvir
lobrigar sequer por perto
e assim sendo se falar queres
podes ir
p’ràs profundas mais remotas do deserto
aqui não
que não és tu cidadão
mas ladrão que me assalta a descoberto
e em ti cada palavra é a facada
que se paga sempre em sangue e agonia
nesse dia que constróis com injustiças
atropelos
violência
e vilania
e assim medras
tu e toda essa canalha
que na sede deste sangue te igualha
e se amanha no seu sinistro porvir
tu aqui não tens nada p’ra dizer
pá
nem de ti tenho nada para ouvir
nada tens afinal mais p’ra dizer
de ti já se ouviu toda a missa farta
e se vieres que seja só p’ra acontecer
a providência de um raio que te parta!
Persuacção co'isto, grande OrCa!
"injustiças
atropelos
violência
e vilania
e assim medras
tu e toda essa canalha"
Talvez sábado seja o principio do seu fim…
muito bom.
poema-flâmula. ao vento…
abraço
When I originаlly commentеd
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