a noite
no X aniversário da Casa da Horta da Quinta de Santa Clara
com Paula Viotti e «Diz A Noite»

a noite
vem de improviso
não bate à porta nem entra
cai em nós sem dar aviso

uma vidraça escurece e entorpece a vontade
nesse torpor que acontece no bulício da cidade

– que pena não poder vê-las na luz parada da urbe
às infinitas estrelas
luzeiro que o céu invade
dossel que ninguém perturbe –

desce o manto do mistério sobre as vidas e as andanças
como um grito que se escreve numa parede de lanças
tudo à noite é bem mais sério
bem mais curtas as esperanças

e sobram medos
na noite
que nos escorrem pelos dedos
feitos desejo
premência
de uma urgência que se afoite
em busca de uma outra urgência
no breve acaso de um beijo

e a Lua cresce do mar domando as nossas verdades
e aponta outro navegar
novas marés de vontades

a noite é lar dos poemas
que fogem à luz do dia
talvez só porque alguns temas
da cor da noite as verdades
se fazem de mais poesia

– poema de Jorge Castro

um mundo cheio de coincidências…

Permitam-me partilhar convosco um sorriso matinal que me assolou nesta instável manhã de sábado:

COINCIDÊNCIAS QUE FAZEM PENSAR…..

– Notícia de ontem do site da RTP:
“Cerca de 30% dos portugueses sofrem de perturbações mentais”.

– Sondagem da semana passada divulgada na comunicação social:
“Sócrates recolhe 30% da preferência de voto dos Portugueses”

Ainda bem que vivemos na sociedade da informação…

opiniões imorais, discurso sarnento…

Ontem, dia 25 de Janeiro, ouvi o ex-ministro Morais Sarmento, num frente-a-frente com Francisco Assis, na SIC Notícias, e a propósito da eventual racionalização de Juntas de Freguesia na cidade de Lisboa – onde existem nada menos do que 53… – lavrar a sentença, do alto da sua pequenez, de que as tais organismos de proximidade seriam, em última análise, para acabar, a médio prazo, em todo o território nacional.
Assim, sem mais. Morais Sarmento expende tal aleivosia ao mundo com o mesmo à vontade com que um psicopata proporia o abate sumário de todos os Morais Sarmentos porventura existentes à face da Terra… isto se admitirmos que a Terra tenha capacidade de absorção de mais do que uma unidade de tal quilate.
Podemos admitir que tal se fique a dever, ainda, a algum excesso de adrenalina mal contido que lhe sobre da recente vitória de Aníbal Cavaco Silva nas presidenciais, mas não mais do que isso. Que mal lhe terão feito as pobres das Juntas de Freguesia, ao senhor ex-ministro ora comentador? (…)
Ver aqui todo o comentário – blog PersuAcção.

20 – 21 – 22 de Janeiro
do Santiago Alquimista
a Um Outro Livro de Job, de João Baptista Coelho
até à homenagem a António Feio

Felizmente, contra algum cinzentismo desta apagada e vil tristeza em que Portugal vai (sobre)vivendo, nem pára o tempo nem o ânimo de fazer coisas, estabelecendo essa corrente de Humanidade que vai muito, mas muito, para além da monotonia monocórdica que uma certa política caseira nos injecta o viver…

– dia 20 de Janeiro, com o Oeiras Verde, no Santiago Alquimista, em Lisboa, em sessão denominada O Canto Falado em Concerto, passeámos por Ary dos Santos, Fernando Pessoa, David Mourão-Ferreira…
Depois, a 21 de Janeiro, na Biblioteca de São Domingos de Rana, em homenagem  mais do que merecida a João Baptista Coelho e aproveitando o lançamento da sua mais recente obra, com edição da Câmara Municipal de Cascais – Um Outro Livro de Job -,  reuniu-se uma boa mão-cheia de amizades, em cerco de afectos aos poemas deste nosso fidelíssimo companheiro. Foi o caso dos Jograis do Atlântico…  
… do Carlos Peres Feio

… do David José Silva… 

… do Francisco José Lampreia

… da Maria Francília Pinheiro

… numa sala, como sempre muito bem preenchida – se me perdoarem a vaidade – … 

Ao professor José d’Encarnação coube a apresentação da obra…

… enaltecendo um percurso de vida que reflecte a sua exemplaridade também em forma de poesia, para nossa fruição e prazer.
Ao autor, João Baptista Coelho, competiram agradecimentos e encómios a que os visados perdoaram exageros…  

… ditados pelos excelentes companheirismo e cumplicidades que têm norteado esta regular partilha de caminhos e de vontades…

Também Estefânia Estevens fez questão de se associar ao evento… e vocês sabem lá com que agrado do homenageado!

Oeiras Verde não podia deixar de abraçar o nosso amigo poeta…

… nesse abraço colectivo que todos nós lhe fomos dando.

A senhora veradora da Cultura, Dra. Ana Clara Justino, encerrou a sessão com uma emocionante e emocionada evocação do autor, da sua obra, também enquanto atitude de cidadania, que a idade ou as vicissitudes da vida não esbatem. 

Por fim, a esperada sessão de autógrafos, de admiradores sem idade, que colhem no exemplo do autor, como foi sobejamente referido, uma fonte de inspiração para o seu dia-a-dia.

Por último, já no dia 22 de Janeiro, outra homenagem, desta feita a António Feio, que passou a enriquecer a toponímia de Carcavelos, por iniciativa da sua Junta de Freguesia, com nome de rua muito próxima do local onde residiu e passou  os anos da sua juventude.

À sessão compareceram os filhos e outros familiares do actor,  ser humano de especial estirpe que todos vão transportando  nos corações, também como exemplo inspirador de vida… 

Na imagem, Carlos Peres Feio, o mano velho do actor, e a senhora presidente da Junta de Freguesia, Dra. Zilda Costa da Silva, junto da placa toponímica.

Com organização de Carlos Peres Feio e já nas instalações da Junta de Freguesia de Carcavelos, teve lugar a inauguração de uma exposição homenageando o actor…

… onde vários poetas deixaram o seu testemunho de afecto ao actor homenageado.

A sessão de homenagem foi encerrada pela senhora vereadora da Cultura, Dra. Ana Clara Justino.

E António Feio esteve presente, como não podia deixar de ser, dir-se-ia de corpo e alma.

voto!

Agora, que já são 21h30 do dia 23 de Janeiro e que o resultado eleitoral nos dá Aníbal Cavaco Silva por mais cinco anos, gostaria de felicitar e congratular José Sócrates – como já o fiz há cinco anos atrás, pelo excelente resultado eleitoral que tanto o favorece e ao seu projecto político.

O povo é soberano e, como tal, todos devem conformar-se. Pela minha parte, não deixo, entretanto, de lamentar este povo de Cavacos Silvas e Tonis Carreiras, que alegremente têm conduzido este país ao mais modorrento obscurantismo… entre outras desgraças avulsas.

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Se juntarem uns 500 gramas de desencanto a peso igual de indignação; se misturarem, com determinação, ambos os ingredientes, ao mesmo tempo que que lhes vão juntando raspas muito finas de desespero; se temperarem tudo muito bem e abundantemente com muitas résteas de esperança; se, por fim, levarem ao forno da vida, em recipiente de barro largamente untado com coragem de lutar; se, por fim, cobrirem tudo com o creme dos sonhos… poderão servir, no vosso banquete de amigos, o pão presente e futuro.

Só por isso voto em Fernando Nobre.