by OrCa | Jul 25, 2013 | Sem categoria |
Estava, então, no passado dia 19 de Julho, a politicagem da nossa praça entretida a brincar às casinhas e a congeminar outras maldades impertinentes com que nos vão estrangulando a vida, quando ocorreu a nossa 88ª sessão das Noites com Poemas, dedicada, como tem vindo a definir-se como tradição de «encerramento de temporada», aos Poetas da Apenas e seus amigos. Desta feita, grande parte desses amigos – e também poetas, em perigosa e sempre suspeita acumulação de afectos – chegaram de Coruche.
Ei-los, acabadinhos de chegar à Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, com «armas e bagagens», em autocarro disponibilizado para o efeito pela Câmara Municipal de Coruche, rumando a terras de Cascais, desviando-se de seus afazeres e comodidades, para uma partilha de afectos, saberes e sabores.
Na bancada dos livros dos Poetas da Apenas, dois títulos a destacar, desde já: A Minha Rua e O Montado – um lugar poético, que congregam as múltiplas participações do grupo de poetas de Coruche – um poema na vila – , dinamizado por Ana Teixeira Freitas, em duas sessões que tiveram esses respectivos temas como referência. Respigo do prefácio de Ana Freitas ao primeiro volume:
«Pela importância e papel inquestionáveis que a poesia tem ou pode ter nas nossas vidas – de vidas esta vida é feita – nasceram as sessões de poesia, um poema na vila, no Café da Vila, em Coruche.
Estas reuniões poéticas, iniciadas a 10 de Fevereiro de 2012, ainda que sem um carácter obrigatório, impuseram-se mensalmente apenas e graças à afluência dos participantes (…)».
E a par e passo vão crescendo e tomando corpo. Do corpo à voz é apenas um ligeiro salto. E o que se iniciou como afoiteza trémula, por vezes insegurança aguda, até, tem vindo a transformar-se no à-vontade de quem se apercebe que, afinal, somos todos feitos da mesma massa e a arte de se dar as mãos, neste especioso caso, não olha a quem.
Entretanto, o conforto indesmentível que uma sala a romper todas as costuras pode proporcionar a quem se mete nestes atalhos da vida, mormente quando, em momentos como este, eles desembocam em imensas e arejadas avenidas.
Dadas as boas vindas e feitas as apresentações, urgia dar bom cumprimento a um programa tão ambicioso em matizes e personagens que ainda estou para aqui um pouco sem saber como terá ele chegado a bom porto, sem sobressaltos de viagem.
Fernanda Frazão, com a Apenas Livros, a amiga tutelar sempre presente, a quem devemos muito desta coisa «terrífica» de publicar obra que se leia… ou dê a ler.
Ambos apresentámos o nosso amigo, vindo expressamente das Astúrias para o nosso convívio, José Luis Campal – que nos tem presenteado com a sua presença assídua, nestas sessões do mês de Julho, contra longes e distâncias.
Cantor militante da sua amada Aurora, para sempre fisicamente ausente, José Luis Campal remoça, a cada dia, um amor sem fim, mas sem desespero, brindando-nos com poemas como este:
Cuando tus manos
se separan de las
mías,
el cataclismo de
nuestros corazones
agrieta el
universo
y huyen los
colores de las palabras.
–
in Aurora de fulgor (2005-2007)
Mas mais nos reservava. E foi assim que nos foi anunciado e apresentado, através do seu amigo, o professor Carlos Castilho Pais, o seu Caderno da Cidade dos Sonhos, também com edição da Apenas Livros, esse livro de poemas, todo ele curiosa mas logicamente inspirado e dedicado à cidade de Lisboa…
… esclarecimento esse ponteado pela leitura de alguns poemas que o integram
José Luis Campal, de seguida, leva-nos de passeio à revisita do seu amor, celebrando Aurora através da leitura dos seus poemas do amor ausente mas, pelo que nos foi dado sentir, com tendência para infinito.
Também o nosso amigo João Baptista Coelho se abraça ao tema, com um emotivo poema dedicado a sua mulher, recentemente falecida, companheira de mais de meio século de uma vida de paixão serena que não pode deixar de ser realçada como exemplar, por quem tenha acompanhado, mesmo de longe, este belíssimo casal.
E chegou a hora de dar a palavra a Ana Teixeira Freitas, mentora e dinamizadora do grupo um poema na vila, grupo de poetas e amigos de Coruche onde, como tive oportunidade de lá referir, a poesia parece ter pegado de estaca e cresce e floresce por tudo quanto é poro!
Poderemos, por mera vaidade que os afilhados impõem, afirmar que somos – nas Noites com Poemas – um pouco os padrinhos da iniciativa. Mas fica por aí e basta como referência.
Aquele projecto vai ganhando e assumindo identidade própria, como assim deve ser e é matriz circunstancial para que sobreviva.
Após a apresentação feita, Ana Freitas propôs-nos uma visita a algum artesanato da região:
– trabalhos em cortiça, de Arlindo Pirralho
– trabalhos em barro de José Tanganho
– nos trajes típicos de Coruche, Ercília Moreira, acompanhada pela neta, Luana Ferreira, ambas também em representação do Rancho Folclórico da Fajarda. A destacar uma notável explicação dada pela D. Ercília Moreira quanto aos usos e costumes por detrás daqueles fatos.
– A partir daqui, as palavras perdem significado…
… por…
… razões…
… óbvias!
Refira-se, apesar disso, que a aventura passou por areias, bolo branco, bolo de mel, broas tradicionais, torta de canela, campinas, corujinhas, cachola e febra de azeite e vinagre, enchidos, pão, queijos, vinhos…
Julgo poder divisar alguma perplexidade dos circunstantes perante esta opípara representação, da qual se deve muito justamente referir que nos chegou graciosamente pelas mãos desta comunidade coruchense, sem outros subsídios que não fossem os tais dos afectos… que não sei como deixar de repetir.
Enfim, por lá contribuímos com um vinho de Carcavelos, muito a propósito, para aclarar ainda mais as vozes.
– Entrada em cena do Rancho Folclórico de Vila Nova da Erra…
(Sendo que tudo ia sendo cuidadosamente registado por muito discretos repórteres)
… apresentado pela sua presidente Isabel Gonçalves. Ao fundo, o tocador de gaita de beiços, Manuel Teodoro e, no meio, a bailadeira Vera Coelho.
E assim se «fandangou», entre homens e mulheres, coisa que muitos dos presentes nunca tinham tido oportunidade de assistir.
(E os repórteres lá andavam…)
Chegou a hora de trazer a poesia de que se tem vindo a fazer referência. E ela chegou pelas vozes de…
– Alzira Carrilho
– Ana Taxa
– Ana Freitas
– Arlindo Pirralho
– Custódia Prancha
– Eduardo Martins
– Augusta Santos
– Francisco José Lampreia
– Ernesto Fonseca
– Idália Silva
– Jorge Castro
– José Cordeiro
– Maria Augusta Ambrósio
(E os registadores de imagem porfiando no seu labor…)
– De regresso ao Rancho Folclórico da Fajarda, a sua representante Ercília Moreira que, aliás, tinha já passado a sessão, até ao momento, a dar ao dedo e à linha, acompanhada pela neta, Luana Ferreira, levou-nos a usos e costumes das terras de Coruche através dos trajes que confecciona com esmero e minúcia…
… chegando ao pormenor de entrar em intimidades. De vestimentas, entenda-se!
A sua neta Luana serviu, também, de modelo durante a explanação.
– Última ronda do Rancho Folclórico de Vila Nova da Erra
– O acordeonista e bailador de fandango Sérgio Balcão
– O grupo de bailadores, Vera Coelho, Amorim Peseiro, Francisco Santos e Carolina Gonçalves
Caminhando a passos largos para uma memorável sessão das nossas Noites e com o estímulo candente das iguarias que nos esperavam para retempero de forças, introduzi a parte final, como sempre destinada a todos quantos se afoitam a dar um passo em frente e trazer de si próprios o que de melhor tenham na senda da poesia partilhada.
E contei com:
– Emília Azevedo
– Carlos Pedro
– Luís Perdigão
– Ana Patacho
– Carmen Filomena
E porque fomos, enquanto país, tão fracos e distantes a recordar o centenário do nascimento desse enormíssimo divulgador da poesia que foi João Villaret, tentámos, nas Noites com Poemas, dar o nosso contributo para suprir essa lamentável lacuna, através de duas palavras evocativas.
Por fim, distrubuindo pela assistência o poema A Procissão de Sarah Afonso, da autoria de António Lopes Ribeiro e celebrizada por João Villaret, propus que ali mesmo se constituísse um coro de elevadas vozes e intenções, entoando…
… a plenos pulmões e contra a tacanhez de quem, institucionalmente, terá obrigações de preservar memórias…
De pé, como em manifesto, assim se cumpriu…
… ou sentado, mas com sorriso, assim se cantou!
Depois, foi comer-lhe, beber-lhe, trocar impressões, autógrafos, abraços…
E uma outra vez, foi bonita a festa, pá!
– fotografias de Lourdes Calmeiro, Lídia Castro e José Freitas
Quem quiser mais espreitar, pode também passear pelo blog Nas Palavras Voar, aqui:
by OrCa | Jul 15, 2013 | Sem categoria |
Amizades,
Concluir-se-á mais uma «temporada» das nossas sessões, no próximo dia 19 de Julho de 2013 (sexta-feira), pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Cascais – em São Domingos de Rana, com mais uma ronda pelos Poetas da Apenas Livros, editora que tem, contra ventos e marés, sustentado a irreprimível vontade de partilha que a tantos move, em modo e forma de poesia. Por lá estaremos e estamos, também, a contar convosco.
Eis um esboço, não exaustivo, do programa previsto:
– Por certo tenho eu que nos visitará, de novo, o poeta asturiano José Luis Campal, a trazer-nos um amor para além da vida, Los Poemas de la Aurora, e que abrirá a sessão.
– Contaremos, também, com a companhia de valente representação de elementos que alimentam a tertúlia Um Poema na Vila, em Coruche, pela mão de Ana Freitas, sua dinamizadora, grupo este em que a pujança criativa não cessa de nos surpreender. Essa surpresa consubstancia-se já na produção de dois livros: A Minha Rua e O Montado – Um Lugar Poético, que estarão disponíveis nesta sessão.
Surpresas várias nos reserva, ainda, esta «delegação» de Coruche… Talvez não me fique mal desvendar que, entre poemas, gastronomia, danças e outros desvarios, a noite decorrerá cheia de vida. Presumir-se-á, também, que o salão da Biblioteca não seja demais para abarcar tão prazenteira confraternização…
Façam, então, o favor de entrar. Esta casa é nossa.
by OrCa | Jun 23, 2013 | Sem categoria |
Contámos, com contas, contos e cantos, mas essencialmente com os nossos convidados, Carlos Augusto Ribeiro, Ana Paula Guimarães e Adérito Araújo (nessa sequência, da esquerda para a direita, na imagem abaixo)…
… para nos ilustrarem sobre inesperadas ligações, articulações, enlaces, enfim, as cumplicidades entre a Literatura e a Matemática, saberes entretanto sedimentados nesse livro em volta do qual se realizou esta sessão das Noites com Poemas.
– Ana Paula Guimarães, sempre envolvida em palavras, nos seus jogos e fruição, comunicativa por todos os poros e sempre trazendo consigo o alento necessário e urgente que esses verdadeiros nós entre nós, que são as palavras, nos propiciam.
– Adérito Araújo, de Matemática literalmente vestido, transbordando complexos mas desafiantes conceitos que nos levaram de passeio por entre o caos e até ao infinito, tantas vezes ao colo de um poema.
– Carlos Augusto Ribeiro, que nos propôs uma visita guiada a outros modos de ver (sentir? aperceber?) as palavras, os símbolos que nos rodeiam e enformam, que podemos recontextualizar ou recombinar até ao infinito, também, promovendo outros enlaces, outros entendimentos, outras desvairadas conjugações, tantas quantas o engenho humano se disponha a criar, interpretando.
Pelo caminho e por entre eruditas abordagens aos temas em apreço, saltava, a cada passo, um poema destinado a ilustrar a evidência do que ficava dito e que tem vindo a ser tratado por miríade de autores, tal como o livro Contas x Contos x Cantos e Que +, Cumplicidades entre Literatura e Matemática documenta.
Por fim, como tão bem parece sugerir a imagem seguinte, culminou em êxtase – perdoa-me a brincadeira, Ana Paula… -, ainda que de pés bem assentes na terra, este breve trajecto por saberes que, afinal, se complementam, que compõem e integram o que ao ser humano respeita, saberes que se enriquecem nessa complementarideade e que, assim, dão a si próprios outro sentido, assim como dão, nessa sua envolvência, um sentido mais claro à Vida. Às nossas vidas.
Digo, pois, com todo o à vontade que assim se cumpriu o objectivo deste nosso encontro.
Na parte final e na sequência do que é a matriz destas nossas sessões, afoitou-se quem se afoitou a dar voz aos poemas que o tema da sessão sugeriu ou, até, aqueles outros que apenas a sua vontade ditou…
– Hélio Proença
– Francisco José Lampreia
– Eduardo Martins
– Emília Azevedo
– Mário Baleizão
Não chegaram até nós, pela distância, os sons diversos da vizinha Lisboa que por lá orquestradamente agitavam os ares e as gentes, ocorrendo em simultâneo com esta sessão das Noites com Poemas. Mas terá sido, também, este o nosso contributo para o combate ao silêncio das vozes e ao vazio de ideias em que alguns parecem querer mergulhar-nos. E alegremente o fizemos.
A sessão de autógrafos
– Fotografias de Lourdes Calmeiro
by OrCa | Jun 18, 2013 | Sem categoria |
No próximo dia 21 de Junho (sexta-feira), pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, proponho-vos que deitemos contas à vida, até por constar (por aí…) que o tempo vai propício a tais exercícios. Contas x Contos x Cantos e Que +, Cumplicidades entre literatura e matemática é a obra apresentada:
«Matemáticos, poetas, colectores de cantos e contos populares, ensaístas, pedagogos, escritores e artistas plásticos, pessoas sensíveis ou sensibilizadas para as relações tão subtis quanto óbvias entre disciplinas distantes, afinal parentes, todos se prestaram ou emprestaram textos que decidimos organizar em capítulos, a ler um de cada x (sinal inventado no século XVII). Assim nasceu este ousado livro, conjugando verbos com números, aritmética com literaturas e estas com geometria.» – Ana Paula Guimarães, in Apresentação de Contas x Contos x Cantos e Que +.
Contas de outros rosários, contos de reis como de plebeus, cantos também de diversas esquadrias; contas, contos e cantos do que somos, do que fomos e do que seremos, bem enlaçados à vida – que isto anda tudo ligado, lá se diz.
Convidados de peso e substância, todos eles integrando os efectivos do IELT – Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (http://www.ielt.org/), com eles contaremos, que isto de imaterialidades está a ficar muito visto, usual e sem eficácia se não tiver recheio que lhe valha:
– Adérito Martins Araújo, doutorado em Matemática Aplicada, é professor Auxiliar no Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Desenvolve investigação no Centro de Matemática da Universidade de Coimbra onde também dirige o Laboratório de Matemática Computacional. É membro da direcção do Centro Internacional de Matemática e editor do CIM Bulletin. É o representante português no Conselho do ECMI (European Consortium for Mathematics and Industry).
– Ana Paula Guimarães, Professora Associada, doutorada em Estudos Portugueses, especialidade de Literatura Oral e Tradicional. Criou e dirige o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa.
Últimas obras publicadas: Falas da Terra – Natureza e Ambiente na Tradição Popular Portuguesa, Colibri/IELT (2004); Cuidar da Criação – Galinhas, galos, frangos e pintos da tradição popular portuguesa, Apenas Livros (2002); Artes de Cura e Espanta Males – Espólio de Medicina Popular recolhido por Michel Giacometti, Gradiva/IELT (2009); Contas X Contos X Cantos e que + (org. colaboração de Adérito Araújo), Gradiva/IELT (2012).
Dirige a colecção “a IELTsar se vai ao longe” desde nº1 (2003) ao nº 40 (2012), e duas colecções de folhetos de cordel, “À mão de respigar” (desde 2002, 47 folhetos) e “Bilhetes de Identidade” (desde 2002, 41 folhetos).
– Carlos Augusto Ribeiro, Investigador no Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL e artista plástico. Última exposição integrada no Festival de Artes na Paisagem, Safira, com a peça intitulada Lacuna (2012). Últimas publicações e dossier de imagens: QUEIROZ, Ana Isabel; ORNELLAS E CASTRO, Inês de, Falas da Terra no século XXI, What do We See Green? Lisboa, Esfera do Caos, 2011; “A matemática é certeira mesmo quando erra”, in Contas X Contos X Cantos e que + (org. colaboração de Adérito Araújo). Lisboa, Gradiva/IELT, 2012.
Perdoareis a extensão do convite, ainda que eu faça questão de vos sublinhar que só me atrevo a maçar-vos assim para, conforme o meu limitado entendimento, vosso bem e melhor esclarecimento… Tereis boa oportunidade para confirmar o que fica dito, escrito e contado se pudermos contar também com a vossa presença.
Tragam convosco um amigo, um poema. Em qualquer caso, quem trouxer mãos livres ou um assobio, nem é preciso que saiba cantar, como sugeriria Luiz Goes.
by OrCa | Mai 29, 2013 | Sem categoria |
No passado dia 18 de Maio decorreu, no castelo de São Jorge, em Lisboa, e pela iniciativa empenhada de Ernesto Matos, mentor e impulsionador do projecto, para além do responsável pelo seu apelativo design, o lançamento do livro Al Andalus – 33 Moaxahas a Lisboa, com o apoio e patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa e da Embaixada de Marrocos.
Com a participação de trinta e três autores, pretendeu-se que cada um oferecesse uma visão sobre Lisboa, recorrendo a um tipo de poema que constituiu uma inovação em relação à Poesia Árabe que se praticava até ao século IX.
Conforme refere Myriam Jubilot de Carvalho, que assegurou o apoio literário ao projecto, essa inovação revestia-se de vários aspectos:
– construção estrófica (5 a 7 quintilhas, precedidas por uma «entrada» e terminando cada uma delas por um refrão);
– variação da rima de estrofe para estrofe;
– o poema devia terminar por uma «finda» – em árabe, jarcha – uma estrofe final desgarrada do corpo do poema e que era uma estrofe colhida da poesia tradicional da população ibero-romana.
Este último aspecto testemunha, indelevelmente, a coexistência das diferentes culturas que na Idade Média coabitavam na Península Ibérica, como também salienta a professora Myriam Jubilot de Carvalho.
Do mesmo modo, Karima Benyaich, Embaixadora do Reino de Marrocos em Lisboa, nos diz que «a poesia ocupa um lugar particular no legado cultural e civilizacional luso-árabe… A presente compilação de poemas inscreve-se, por sorte, nesta longa tradição mantida e enriquecida ao longo dos séculos… e são um justo regresso das coisas, um marco suplementar no diálogo poético entre as nossas duas margens».
A «reconstituição» proposta a quem se afoitou a corresponder ao desafio resumia-se a uma entrada, seguida de duas quintilhas, encerradas pelo refrão.
No meu caso, optei por recorrer ao Mirandês como segunda língua a utilizar no fecho da minha moahaxa e aqui fica, para vossa apreciação:
Imagem da Sala Ogival do Castelo de São Jorge, onde teve lugar o lançamento
– Ernesto Matos
– Myriam Jubilot de Carvalho
– eu
Nesta iniciativa tive, ainda, o prazer de ser acompanhado por dois companheiros das Noites com Poemas:
-Eduardo Martins
– João Baptista Coelho
– fotografias de Lourdes Calmeiro