amizades,
não sei dizer-vos em duas palavras…

… o que me apetece dizer em três. Nem o Natal é o que se quiser antes de ser a baliza onde um ano finda e, logo, um outro começa.

Não há machado que corte a raiz ao pensamento, cantava-nos Manuel Freire, com clarividente espírito libertário, semeando tantas frondosas árvores de livre arbítrio que, ainda e sempre, permanecem como esteios de vida para aqueles que dessa mesma vida têm, por superior objectivo, vivê-la.

Mas, como em tudo, ele há machados e machados e, muito especialmente, há os nossos olhos quando observam as coisas que nos rodeiam – a que alguns chamam, a propósito, a raiz do pensamento.

Vem isto ao caso de, em lojinha (Memórias) que conheço lá para a Rua das Flores (número 18), no Porto, onde sempre me maravilho com produtos manufacturados com graça e originalidade pelo engenho humano, ter tropeçado com o objecto que vos deixo, nataliciamente, em imagem e que se me depara como metáfora para os dias que vamos vivendo.

Nestes dias necessários de ver com olhos de ver, tentemos olhar para o mundo que é o nosso com outro olhar, mais articulados com uma dimensão de Humanidade, onde não nos devemos alhear da reformulação de tantos conceitos.

– produto artesanal da serralharia O Pinha de Manuel Machado, em Celeirós, 

ali para os lados de Braga.
O certo é que me emocionei com a reutilização dada pelo artista aos três elementos de ferro, agreste e duro, que compõem a escultura, comummente designada como presépio ou sagrada família. Não sei se aqui reside, em mim, um limiar de religiosidade, mas sei que foram mãos humanas que, conjugadas com um cérebro inquieto e observador, deram à luz tal peça, diferente em tudo dos elementos que a enformam, e, ainda assim, não desdenhando a sua matriz.
Esta, pois, a tal metáfora com que vos deixo, a todos, os meus votos de festas felizes. E um poema, claro:

Natal 2015

tudo muda nesta vida
para que a vida aconteça
cai a noite adormecida
para que o dia amanheça
e assim muda o nosso olhar
com tudo aquilo que vemos
por vezes até o mar
se faz chão quando queremos

nada fica sem mudança
num imenso torvelinho
um homem ontem criança
uma ave a sair do ninho
e na vida assim passando
nessa espiral infinita
vai a esperança esperando
em tudo quanto acredita

e em cada ano que passa
a vida por nós passando
sentimos que nos abraça
a vontade de ir voando
e lá vamos sem parança
que a vida toda se inflama
e lá ao longe de esperança
já o horizonte nos chama

e com temor ou audazes
a rir levamos a sério
o sentirmo-nos capazes
de ser parte do mistério
connosco uma nostalgia
que é também vida afinal
… mas já lá vem outro dia
se quisermos de Natal.

– Jorge Castro
Dezembro de 2015

minha reflexão do dia

Para quantos andam a perorar aos quatro ventos que a solução parlamentar à esquerda é uma tentativa desesperada de «sobrevivência» dos partidos envolvidos – veja-se Zita Seabra e outros «teóricos» quejandos – ocorre-me uma reflexão:
– todos os partidos, bem como todos os seres vivos, aliás, tentam, em cada segundo, em cada minuto, em cada dia, em cada acção, apenas sobreviver; só que uns são melhor sucedidos do que outros. Mais nada.
Parafraseando um dito célebre, é a Biologia, estúpidos! 

anúncio (com nudez implícita)

Não sei se isto irá ocorrer (ou correr bem…), mas quero, desde já, avisar todos quantos aqui venham, que estou a pensar, muito seriamente, publicar no Sete Mares uma foto minha todo nu.
Ainda não me decidi, também, quanto à parte anatómica a expor com maior minudência, mas tal será ditado pela circunstância do momento político, claro.
Tenho a certeza, entretanto, de que toda a gente levará, a partir daí, as minhas convicções, políticas e não só, muito mais a sério!

Confesso, assim, desta forma enviezada, a minha incapacidade intelectual para compreender o gratuito inesperado de certas atitudes.

E que nos valha uma albarda…!