Não há machado que corte a raiz ao pensamento, cantava-nos Manuel Freire, com clarividente espírito libertário, semeando tantas frondosas árvores de livre arbítrio que, ainda e sempre, permanecem como esteios de vida para aqueles que dessa mesma vida têm, por superior objectivo, vivê-la.
Mas, como em tudo, ele há machados e machados e, muito especialmente, há os nossos olhos quando observam as coisas que nos rodeiam – a que alguns chamam, a propósito, a raiz do pensamento.
Vem isto ao caso de, em lojinha (Memórias) que conheço lá para a Rua das Flores (número 18), no Porto, onde sempre me maravilho com produtos manufacturados com graça e originalidade pelo engenho humano, ter tropeçado com o objecto que vos deixo, nataliciamente, em imagem e que se me depara como metáfora para os dias que vamos vivendo.
Nestes dias necessários de ver com olhos de ver, tentemos olhar para o mundo que é o nosso com outro olhar, mais articulados com uma dimensão de Humanidade, onde não nos devemos alhear da reformulação de tantos conceitos.
Natal 2015
tudo muda nesta vida
para que a vida aconteça
cai a noite adormecida
para que o dia amanheça
e assim muda o nosso olhar
com tudo aquilo que vemos
por vezes até o mar
se faz chão quando queremos
nada fica sem mudança
num imenso torvelinho
um homem ontem criança
uma ave a sair do ninho
e na vida assim passando
nessa espiral infinita
vai a esperança esperando
em tudo quanto acredita
e em cada ano que passa
a vida por nós passando
sentimos que nos abraça
a vontade de ir voando
e lá vamos sem parança
que a vida toda se inflama
e lá ao longe de esperança
já o horizonte nos chama
e com temor ou audazes
a rir levamos a sério
o sentirmo-nos capazes
de ser parte do mistério
connosco uma nostalgia
que é também vida afinal
… mas já lá vem outro dia
se quisermos de Natal.
Só falta a imagem…
Faltava, mas, agora, já não falta. Obrigadinho pelo alerta.
Olha que continua a faltar. Pelo que vejo no código de fonte, estás a tentar usar uma imagem que tens no teu Google Mail… a que só tu tens acesso.
O teu texto é excelente. O teu poema é lindo. Mas também não vi a imagem…
Desejo-te um Natal cheio de conforto e um Ano Novo com muita Saúde, Paz e Amor.
Um beijo.
Muito obrigado pela vossa atenção. As informáticas intrusivas aliadas às nossas pressas dão, geralmente, disparate. Julgo ser o caso… Agora, sim, já se vê o que convém ser visto.
Já o povo diz:
"Não há machado que corte… os machados do presépio".
Pois, pois… ou, até, machado a machado enche a galinha o prato.
Machado… é uma fêmea que se torna macho?
Estás sempre a levar a conversa para o sexo… Enfim, sempre é um sítio acolhedor para trocar umas impressões, lá isso é verdade… ;-)»
Olá Jorge,
Conhecendo o seu espaço, o Mar é uma infinitude libertadora,
poética e imprevisível. Nesta imprevisibilidade encontra-se
toda a sua beleza…
Apreciei o seu texto na profundidade, conteúdo e mensagem:
"Nestes dias necessários de ver com olhos de ver, tentemos
olhar o mundo que é o nosso com outro olhar, mais articulados
com uma dimensão de humanidade, onde não nos devemos alhear
da reformulação de tantos conceitos,"
Bela imagem na arte criativa e original!…
O seu poema, magistral na beleza profunda nas ondas
da impermanência da vida…
Todo dia é um novo começo e o fim, o vazio, o todo, o nada, o novo…
O homem na sua inquietude esvaziada gosta de nomear os dias
e como gosta…rss
Perto do dia nomeado de natal, feliz natal, Poeta!..rss
Mergulhei aqui através do mar de poetas em comum,
o mar poético Herético (Manuel Veiga), conheces?…rss
Abraço.