by OrCa | Nov 28, 2012 | Sem categoria |
Com edição da Gradiva, a minha madrinha de escrevinhações e amiga de todas as horas, Ana Paula Guimarães, com a colaboração de Adérito Araújo, lançaram à vida nossa de cada dia um livro de «cumplicidades entre Literatura e Matemática», coisa, afinal e q.e.d., nada rara de ocorrer.
Honrou-me a Ana Paula com a inclusão de um poema de minha autoria nesta deliciosa obra.
E eu fico-me, assim, grato e envaidecido… ou orgulhoso, se desta guisa preferirem alguns mais puristas.
Dos autores da obra – de que vos recomendo leitura voluntáriamente obrigatória – respigo:
– Ana Paula Guimarães, professora associada, doutorada em Estudos Portugueses, especialidade de Literatura Oral e Tadicional. Criou e dirige o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa.
– Adérito Araújo, doutorado em Matemática Aplicada, professor auxiliar no Departamento de Matemática da Faculdade d Ciências e Tecnologia da Univesidade de Coimbra.
E, já agora, recomendo, também vivamente, a leitura de parte da apresentação feita
por Ana Paula Guimarães, conforme contracapa do livro:

E cá fica o meu (agora) imortalizado poema…
Um Poema de Contar
um poema
dois sentires
três pedacinhos do céu
quatro versos
cinco enredos
seis voltas que o mundo deu
sete mares
oito aventuras
nove caminhos correu
e dos dez que tu procuras
fica um que to dou eu
um de contar uma história
dois de cantiga de amigo
três ao hino dessa glória
de quatro sermos abrigo
cinco da mão estendida
seis do final de um soneto
sete cânticos à Vida
oito mais que te prometo
a nove vai este abraço
dos dez mais que te darei
por sabermos dar o passo
que tu sabes e que eu sei
um poema feito abraço
com sabor a bolo rei
dois braços com que eu enlaço
quem faça da Vida lei
contra o medo e o cansaço
três estandartes erguei
da liberdade entre todos
da igualdade também
e fraternidade a rodos
que todos tivemos Mãe
e no conto de mil cores
que são as cores deste mundo
livres iguais e fraternos
de saber largo e profundo
seremos talvez maiores
seremos – quem sabe? – eternos.
– Jorge Castro
5 de Dezembro de 2010
by OrCa | Nov 24, 2012 | Sem categoria |
Em Coruche e pela mão orientadora de Ana Freitas que teve o condão de agrupar uma bela mão-cheia de amizades, têm decorrido, desde Fevereiro do corrente ano, regulares sessões de poesia, iniciativa a que foi dado o nome um poema na vila.
De pequena passada a passo de gigante, eis que nasce e se desenvolve o projecto, com crescente número de seguidores e com um nível de participação tal que justificou o lançamento, pela mão da editora Apenas Livros, de um livro que congrega o conjunto de poemas que dezassete autores levaram a uma sessão temática, a quinta desta iniciativa, com o mesmo nome: A Minha Rua.
Ora, no passado dia 17 de Novembro, no espaço disponibilizado pela Biblioteca Municipal de Coruche, denominado Mercado Cultural de Coruche, teve lugar o seu lançamento, em evento a que não chegam palavras para descrever.
Para reportagem mais completa e eucidativa de quanto por lá se passou, recomendo uma visita a:
– Bruno Dinis e Ana Freitas
– Ana Freitas
– Fernanda Frazão
– Carlos Peres Feio
– Jorge Castro
– Clara Pereira
– Alzira Carrilho
– Rosário Freitas
– Eduardo Martins
– Arlindo Pirralho
– Jorge Castro
– Juvenália Pereira
– Ana Taxa
– Idália Silva
– Maria Augusta Ambrósio
– Ernesto Fonseca
– Francisco José Lampreia
– Manuela Cabecinhas
– José Cordeiro
– Gracinda Maia
– Rosa Pais
– Augusta Santos
– Ana Flausino
– Joaquim Laranjo
– Estefânia Estevens
Decorria, também, naquele espaço, uma exposição temática – Arquitecturas da Paisagem Vinhateira do Douro – que levou todos os presentes a um passeio pelos doces néctares que pelo Douro se produzem… E – quem sabe? – tal foi a produção, que ainda teremos aí outra obra de tão bela colheita!
Assim se faz. Assim se cresce.
– Fotografias de Lídia Castro e de Lourdes Calmeiro
by OrCa | Nov 13, 2012 | Sem categoria |
(Adiro à greve do dia 14 de Novembro, sim senhores. Porquê? Ora, ainda é preciso dizê-lo…? )
aprouvera que me fosse mais fagueiro
este tempo só de impostos e ameaças
que de tudo preservasse o costumeiro
e vivesse sem me cuidar de pirraças
que bastasse p’ra ter luz um candeeiro
que de protecção sobrassem as vidraças
e por dar cá uma palha ser inteiro
peito aberto aos ardores das arruaças
porque roubam tudo ao pobre esfomeado
tão esganado à míngua de um seco pão
quando a alguns sobra pão por todo o lado
e assim fazem de mim o refilão
truculento ferrabrás e desbocado
não calando a aleivosia do ladrão
nem ao rico lhe desculpo o exagero
de viver só na riqueza… e das misérias
ao colher benefício ao desespero
de quem vive sem viver e sem dar férias
à vontade de comer e sem tempero
só lhe darem p’ra comer algumas lérias
e é neste entretém feito fumaça
que medramos num talvez-não adverso
sem passarmos do cuidado que esvoaça
fracamente na candura de algum verso
e se a cor ou o ser nos é diverso
que se apure que o Sol nasce p’ra quem passa
e se é nosso o mar todo e o universo
fomos todos moldados na mesma massa.
– soneto e seu simétrico da autoria de Jorge Castro
by OrCa | Out 8, 2012 | Sem categoria |
Terá sido um lapso; terá sido um boicote; terá sido qualquer coisa que não devia ter sido, como tanta coisa que por cá se vai passando e não se devia passar…
– imagem obtida, com a devida vénia, no sítio do Diário de Notícias
não que me afecte a bandeira
hasteada em modo vário
quem sabe bem mais faceira
de lado ou pelo contrário
e até chegar ao hino
com candura e muito imposto
e pô-lo a fazer o pino
de pés p’rò ar que é um gosto
marchando «contra os canhões»
e acabando com os «heróis»
seja lá por que razões
ou por sujos maus lençóis
porque afinal já se diz
estar a bandeira direita
mas ser bem mais infeliz
ver quanto o país se ajeita
ao facto extraordinário
de estar de pernas p’rò ar
e tal ser já ordinário
sem parecer ter volta a dar
pois que ao país não se acerta
sem protocolo a preceito
assim cá deixo um alerta:
dêmos-lhe a volta com jeito
com jeitinho mas denodo
zurzindo nos maus mandantes
voltando Abril de outro modo
sem nos ficar como d’antes
e rimar nação com povo
de canhões contra os tratantes.
– versalhada de Jorge Castro
Última actualização do Google Maps…
by OrCa | Ago 7, 2012 | Sem categoria |
O tempo é de férias, caseiras, acrisoladas e, ainda assim, retemperadoras. Na praia, a água demasiado fria – ou é de mim… – não convida à natação. Lê-se, então. Faz-se algum esboço às três pancadas e, no intervalo da gritaria desatinada da criançada sem pai nem mãe que os tempere, ainda se consegue ouvir o mar…
quando o vento ameno
em volta
a brisa traça
quando a luz do Sol
de mole
o mar abraça
quando a gaivota
traça a rota
por onde passa
o passado é a linha feita de horizontes
o futuro voga sem rosa-dos-ventos
e a utopia é o lugar onde queremos estar presentes
– «desenhação» e poema de Jorge Castro