há sempre outros natais

do Natal perdi o jeito de o trazer junto ao peito
num abraço de família
dou por ele num canto estreito cheio de compras a eito
o que atrapalha a mobília

um Natal de facebook a desdobrar-se no truque
de ser fácil de gostar
gostar a torto e a direito clique dado a preceito
que nada custa a «clicar»

o Natal da hipocrisia onde damos demasia
para matarmos a fome a alguns só por um dia
que alimenta a mordomia
de quem tudo tem e come

o Natal primordial
raiz de cada reinício
das festas do solstício
esse sim será Natal

onde o eterno retorno
o culto da Terra-Mãe
com os amigos em torno
nos prova sermos alguém

Natal seja este o nosso brindado como quem diz
que sou feliz quanto posso
e sou feliz quanto quis de braço dado com o vosso
este meu Natal feliz.

Jorge Castro

a Nelson Mandela

o dia da libertação de Nelson Mandela

Madiba – mais além da morte impura
Além mais da tua vida que ofereceste
Nada é maior que tu nessa aventura
Do exemplo tão maior que nos legaste
Em tuas mãos nasce enfim um homem novo
Liberdade foi o nome que lhe deste
A Humanidade toda una e um só povo!

– Jorge Castro, em 05 de Dezembro de 2013

 

sensualidades
poesia de Maria Mamede

Saturado até ao indizível com as notícias dos «noticiários», foi com prazer maior que acolhi o novo livro de poemas de Maria Mamede, Sensualidades (edição da VersBrava, Março de 2013), trazendo-me fragmentos vários da outra vida (talvez com maiúscula, aqui…?) que devemos saber viver.
Deixo-vos uma breve amostra que, espero, atice o imaginário de cada um… Também para tanto deve servir um poema!
Dentro de mim
há algo de bravio
que acalma
com teu beijo
sensual
e faz crescer
em ânsias sem igual
o enorme desejo
o desafio
do regresso
ao pecado original!

uma flor na madrugada

– Em homenagem aos bombeiros mortos nos incêndios de 2013 e na hora em que nos morreu mais uma jovem de 21 anos, Cátia Pereira Dias, combatendo por nós um estéril e criminoso incêndio.
uma flor
apenas despontada
na negrura desolada da colina

uma flor só
e assim bem mais que nada
no silêncio agora frio de neblina

uma flor que nos grita
e à madrugada
a coragem de estar viva que a anima

uma flor tão ridente
e esperançada
que jamais deixará de ser menina.

– Jorge Castro
29 de Agosto de 2013
Nota – Sugiro uma visita a http://bombeirosparasempre.blogspot.pt/, onde poderemos colher informação importante sobre esta realidade.
Presumo, também, que face aos contornos de toda esta tragédia, alguém de bom senso deveria ter já decretado luto nacional. Seria um mínimo de humanidade…