do Natal perdi o jeito de o trazer junto ao peito
num abraço de família
dou por ele num canto estreito cheio de compras a eito
o que atrapalha a mobília

um Natal de facebook a desdobrar-se no truque
de ser fácil de gostar
gostar a torto e a direito clique dado a preceito
que nada custa a «clicar»

o Natal da hipocrisia onde damos demasia
para matarmos a fome a alguns só por um dia
que alimenta a mordomia
de quem tudo tem e come

o Natal primordial
raiz de cada reinício
das festas do solstício
esse sim será Natal

onde o eterno retorno
o culto da Terra-Mãe
com os amigos em torno
nos prova sermos alguém

Natal seja este o nosso brindado como quem diz
que sou feliz quanto posso
e sou feliz quanto quis de braço dado com o vosso
este meu Natal feliz.

Jorge Castro