by OrCa | Ago 23, 2013 | Sem categoria |
Tinha 24 anos e morreu.
Deixou a vida quase toda por viver e, afinal, morreu… também para que eu viva.
Pertencia aos Bombeiros Voluntários de Alcabideche.
Chamava-se Rita Pereira. Tinha 24 anos e a vida quase toda por viver.
Agora já não temos que lhe fazer ao nome. Talvez uma lápide que nos apazigue as consciências.
Tinha 24 anos e morreu a combater um país incendiado. Claro que não foi um acidente!
Ela morreu em Tondela porque quis ir para lá combater um incêndio que alguém ateou. Foi, então, uma morte voluntária em nossa defesa.
Cara Ana Rita, aqui te deixo a minha gratidão sem tamanho por teres dado a tua vida para salvares as nossas. Uma gratidão tão grande como grande é a dimensão da vergonha por deixarmos arder Portugal e assassinar os seus filhos melhores sem emenda, sem punição… sem vergonha!
Sem um estremecimento da consciência nacional que imponha aos mandantes o cumprimento de zelarem pelo país condignamente sob pena de serem, eles também, responsabilizados por cada morte como a tua.
24 anos e uma vida quase toda por viver! Que pena, Ana Rita. E que vergonha!
by OrCa | Abr 21, 2013 | Sem categoria |
Faz-te ao Largo
Depois da ventania me levanto
Como o bambu em pleno canavial.
O choro aprendi a afogar e o pranto,
Lembrando dizeres de velho ancestral:
É tempo de arribar do teu quebranto!
Vê como é belo o espaço sideral…
Cuida a ternura, a graça e o encanto
Dos pombos que namoram no pombal…
O medo de ter medo é que destrói.
Lava as feridas. Não te importes se dói.
E faz-te ao largo em estrada não andada…
Procura a força. Está dentro de ti.
Mas nada importa. Olha o mundo e ri,
Que o Sol traz amanhã outra alvorada!…
– Maria Francília Pinheiro,
in Poesia que a Mágoa Tece, Lisboa, 2007)
Adeus, boa amiga, companheira das palavras e dos versos que nos sustêm. Deixas-nos a inveja dos deuses do Olimpo – de quem tanto nos falavas – pois serão apenas eles, agora, a sentir o teu arrebatamento poético… Pelo menos até àquele dia em que todos nós, pó das estrelas, partilharmos de novo a comunhão das palavras onde tu, com especial mestria, nos envolvias.
Até sempre, pois, amiga Francília, tu que pela força dessas palavras asseguraste um lugar imorredoiro na nossa memória. Daqui, deste terreal lugar, o meu beijo, o nosso abraço.
by OrCa | Mar 21, 2013 | Sem categoria |
um poema
um só que fosse
que trouxesse em si
o gesto de ser doce
esse gesto como um gosto
que acontece
quando o Sol
nos lava a cara
e amanhece.
No dia 23 de Março, na
Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha, decorrerá, a partir das 14h30 e promovida pelo
Comunidade de Leitores e de Cinéfilos das Caldas da Rainha, uma sessão de homenagem a
Fernanda Frazão (editora Apenas Livros) e a mim próprio. O convite aqui fica, bem como a minha grande vontade de vos ver por lá.
by OrCa | Mar 19, 2013 | Sem categoria |
Amizades,
Quero partilhar convosco o convite que me foi formulado – e que muito me honra – pela Direcção do Museu Nacional de Arqueologia, para homenagear José Leite de Vasconcelos através da sua poesia. Aqui fica, então, um resumo dessa sessão, para a qual muito me aprazaria contar com a vossa presença:
– Homenageando a faceta de filólogo e poeta do Dr. José Leite de Vasconcelos no ano do 120º aniversário do Museu Nacional de Arqueologia o poeta, declamador e animador de comunidade de poetas, Jorge Castro, virá ao Museu, dia 22 de março (sexta-feira), às 18h00, fazer uma sessão que celebre o Dia da Poesia e da Árvore e que terá um programa que inclui poesia do fundador do Museu, além de outras peças escolhidas.
A sessão decorrerá na exposição Religiões da Lusitânia.
Com uma actualidade que emociona e desperta, a poesia deste nome maior da cultura portuguesa mantém-se fonte de inspiração que atravessou o tempo em busca de nós.
Fim de tarde, ali mesmo, aos Jerónimos… Conto convosco!
Abraços.
Jorge Castro
by OrCa | Dez 7, 2012 | Sem categoria |
Nasceu em 15 de Dezembro de 1907. Morreu no dia 05 de Dezembro de 2012.
Passou pelo mundo todo por «retas e curvas entrelaçadas», que foi seu legado.
Um homem só e, no entanto, o bater de asas da sua vida agitou esse mundo todo. Um homem só, então, que se fez em multidão.
Não cairei no lugar comum de afirmar que o mundo nos ficou mais pobre, porque, afinal e bem vistas as coisas, ele deixou-nos esse mundo todo muito mais enriquecido!
Autodefinição
Na folha branca de papel faço o meu risco.
Retas e curvas entrelaçadas.
E prossigo atento e tudo arrisco na procura das formas desejadas.
São templos e palácios soltos pelo ar, pássaros alados, o que você quiser.
Mas se os olhar um pouco devagar, encontrará, em todos,
os encantos da mulher.
Deixo de lado o sonho que sonhava.
A miséria do mundo me revolta.
Quero pouco, muito pouco, quase nada.
A arquitetura que faço não importa.
O que eu quero é a pobreza superada,
a vida mais feliz, a pátria mais amada.
Oscar Niemeyer