Faz-te ao Largo
Depois da ventania me levanto
Como o bambu em pleno canavial.
O choro aprendi a afogar e o pranto,
Lembrando dizeres de velho ancestral:
É tempo de arribar do teu quebranto!
Vê como é belo o espaço sideral…
Cuida a ternura, a graça e o encanto
Dos pombos que namoram no pombal…
O medo de ter medo é que destrói.
Lava as feridas. Não te importes se dói.
E faz-te ao largo em estrada não andada…
Procura a força. Está dentro de ti.
Mas nada importa. Olha o mundo e ri,
Que o Sol traz amanhã outra alvorada!…
– Maria Francília Pinheiro,
in Poesia que a Mágoa Tece, Lisboa, 2007)
Adeus, boa amiga, companheira das palavras e dos versos que nos sustêm. Deixas-nos a inveja dos deuses do Olimpo – de quem tanto nos falavas – pois serão apenas eles, agora, a sentir o teu arrebatamento poético… Pelo menos até àquele dia em que todos nós, pó das estrelas, partilharmos de novo a comunhão das palavras onde tu, com especial mestria, nos envolvias.
Até sempre, pois, amiga Francília, tu que pela força dessas palavras asseguraste um lugar imorredoiro na nossa memória. Daqui, deste terreal lugar, o meu beijo, o nosso abraço.