by OrCa | Mai 19, 2016 | Sem categoria |
Uma recomendação muito séria: visitem a obra de Jorge Bacelar, a quem tive o ensejo de conhecer em exposição fotográfica patente na Associação 25 de Abril.
Do que me sugeriu, emocionadamente, o seu olhar, tento repercutir sensações em forma de poema…
Mas comprovem o que digo visitando-o em:
RURALIDADES
era um espanta-aves o menino-ave no alto da árvore
e era um verde-mar naquele solto olhar do alto da vida
e ouve-se o riso de quem nos abraça de lá da vidraça
de teias de aranha e de mãos gravadas com sulcos de mar
e um crucifixo gravava o início da lide do dia
na parede escura onde se amanhava uma luz da rua
eram mil sorrisos no saco-capuz daquele contraluz
que coava a vida enquanto soava uma melodia
do boi que mugia da ovelha o balido e o cão que latia
na suave carícia que sulca em delícia um raio de luz
e era o bulício do constante início do árduo labor
de quem lavra o mar e a terra lavrada com o mesmo suor
uma bigodaça e o tempo que passa no abraço do vento
e um afago agreste mas doce que reste e que empreste amor
de rugas lavradas ao som de uma enxada que é já firmamento
tão rubra da seiva que deixa na lavra um rasto de flor
e um galo castiço trazendo o derriço da sua plumagem
no quadriculado onde um outro gato tecia dormências
ao colo do olhar tão feito de mar e torna-viagem
que nem esse mar nos seja capaz de tais abrangências
talvez uma fonte de risos de sonhos e de mãos calosas
nos dê o calor de sermos o ardor de cravos e rosas…
– Jorge Castro
19 de Maio de 2016
by OrCa | Dez 28, 2015 | Sem categoria |
Mão amiga fez-me chegar esta mensagem, proveniente já da lonjura do tempo mas, como é useiro e vezeiro naqueles que escrevem a Vida com maiúscula, que poderia muito bem ter sido escrita ontem ou, até, depois de amanhã… Aqui a partilho, com a ousadia de ser minha a retroversão do original, em francês:
«Desejo-vos
sonhos sem fim e a vontade furiosa de realizar alguns. Desejo-vos que amem o
que é preciso amar e que esqueçam o que é preciso esquecer. Desejo-vos paixões,
desejo-vos silêncios. Desejo-vos cantos de aves ao despertar e risos de
crianças. Desejo-vos que respeitem as diferenças dos outros, porque o mérito e
o valor de cada um estão muitas vezes por descobrir. Desejo-vos que resistam à
estagnação, à indiferença e às virtudes negativas da nossa época. Desejo-vos
enfim que nunca renunciem à procura, à aventura, à vida, ao amor, pois a vida é
uma aventura magnífica e ninguém razoável deve renunciar a ela sem travar uma
rude batalha. Desejo-vos sobretudo que sejam vocês próprios, orgulhosos de o
ser e felizes, pois a felicidade é o nosso verdadeiro destino.»
Será, porventura, a minha tradução canhestra, mas parece-me inteligível o bastante para a subscrever como uma bela mensagem para dedicar a todos para o ano de 2016. E, já agora, para os anos seguintes, também…
by OrCa | Mar 3, 2015 | Sem categoria |
Amadeu Ferreira deixou-nos e foi falar o seu querido Mirandês para outras paragens… Homem empenhado em causas, de que se destacaria a defesa intransigente e reiterada do Mirandês, que tanto ajudou a fazer renascer e a cultivar, mas também homem solidário e de intensa cultura.
Tive (tivemos) o prazer de o ter nas Noites com Poemas.
Aqui vos deixo o resumo da sessão nº. 85, O Mirandês e a Poesia, em jeito de homenagem, bem como a nota biográfica, à data coligida para adequada divulgação:
Sessão 85
19 de Abril de 2013 – Amadeu Ferreira
O mirandês e a poesia
de Amadeu Ferreira / Fracisco Niebro /
Fonso Roixo / Marcus Miranda
Amadeu Ferreira (Sendin, 29 de Júlio de 1950) ye abogado, i porsor
cumbidado an la Faculdade de Dreito de l’Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i
cuntina a ser un de ls percipales respunsables pula promoçon de l Mirandés,
sendo pursidente de la Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i
tenendo traduzido yá ‘Ls Quatro Eibangeilhos’, ‘Ls Lusíadas’ i bários poemas de
Bergílio i Hourácio (http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira).
Foi, então, esta uma sessão
integralmente em torno do mirandês e da poesia de Amadeu Ferreira, vertida nas
autorias de Fracisco Niebro e de Fonso Roixo, bem como de Marcus Miranda, sendo
este, preferencialmente, um tradutor de clássicos latinos (Catulo e Horácio),
com preponderância em peças de teatro, mas com incidência próxima também na poesia
daqueles autores.
Uma língua identitária, fruto de
um modo de ser e de estar que a fez sobrevivente desde tempos imemoriais,
matriz de uma comunidade que teve artes de não a deixar cair em perdição,
contra ventos e marés de contrariedades ou contrariando preponderâncias de
cultura dominante. Um exemplo a seguir, digo eu, em tempos tão aziagos para a
afirmação da diferença cultural que tantos de nós ainda persistem em cultivar,
a bem da riqueza maior da Humanidade na diversidade.
Tratando-se de Miranda – que se
tentou trazer para perto de todos, até na vestimenta – algum arrebatamento, ao
nível dos afectos, se nos impunha, para o que contámos com a complacência do
nosso convidado.
Depois, a palavra ao excelente
comunicador que o professor é. Com vivacidade, ritmo e paixão, Amadeu Ferreira
levou-nos a passear pelo linguajar (linguajares?) das terras do nosso Nordeste…
mas sempre em mirandês, obrigando-nos a redobrada atenção, para não lhe perder
pitada, ainda que sempre mantivesse a preocupação da sua inteligibilidade, em
relação à assistência.
Assim percorremos, afinal,
diversas disciplinas da história, enriquecendo a moldura do quadro mirandês que
Amadeu Ferreira nos ia, vividamente, pintando e ilustrava com poemas extraídos
dos seus diversos heterónimos em livros como Cebadeiros, Pul Alrobés de Ls
Calhos, L Mais Alto Cantar de Salomon,
Ars Vivendi-Ars Moriendi, L Purmeiro Libro de Bersos, através dos
quais dá livre curso, também, ao seu combate em defesa da grandeza e dignidade
de uma língua que o é de corpo inteiro, como muito bem documentou também
através da leitura de diversas estrofes de Ls
Lusíadas an Mirandés, com retroversão de sua autoria.
Foi-nos dado, ainda, o privilégio
de usufruir de um mano a mano e partilhá-lo com toda a assistência, em volta de
um poema da autoria de Jorge Castro, em pertués
i mirandés, com a prestimosa ajuda do professor Amadeu Ferreira
Por fim e continuando a matriz
que enforma estas nossas sessões, foi dada a palavra a quem se afoitasse a
usá-la, de onde destacaremos, nesta sessão, Adelaide Monteiro, que nos trouxe
poemas mirandeses de sua autoria, colhidos no seu livro Antre Monas i Sebolácios.
NOTA BIOGRÁFICA
AMADEU FERREIRA
Amadeu Ferreira (
Sendin,
29
de Júlio de
1950) ye abogado, i porsor cumbidado an la Faculdade de
Dreito de l’Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i cuntina a ser un de ls percipales
respunsables pula promoçon de l Mirandés, sendo pursidente de la
Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i tenendo traduzido yá ‘Ls
Quatro Eibangeilhos’, ‘
Ls Lusíadas‘
i bários poemas de
Bergílio i
Hourácio.
Naciu an Sendin i
stá a bibir an
Lisboua zde 1981. Pul meio passou por Vinhais i
Bergáncia,
adonde studou ne l Seminário até 1972; marcou passo an
Mafra (
L Calhau) i an Lisboua (1973-1975), donde
fizo la tropa; bolbiu a Sendin an 1975-76, adonde screbiu i repersentou l
purmeiro triato que screbiu an mirandés anquanto trabalhaba na custruçon cebil,
ne l campo i na Adega Cooperativa Ribadouro; stubo meianho an Lamego (1977),
outro meio na
Régua (1977) i dous anhos an Vila Real (1978-81), adonde
coinciu la tie cun quien stá casado, indo ne ls anterbalos al Porto para studar
filozofie na Faculdade de Lhetras (d’adonde passou pa la Faculdades de Lhetras
de l’Ounibersidade de Lisboua). Até 1982 melitou nun partido político
UDP, chegando a sentar-se por un cachico na
Assemblé de la
República (onde mal chegou a abrir la
boca). Apuis desso, bendiu publecidade, fui porsor de
música, i
tirou la lhicenciatura na Faculdade de Dreito de Lisboua, an 1990, adonde
passou a dar scuola zde esse anho. D’anton para acá fizo l mestrado (1994),
publicou mais dua dúzia de lhibros i artigos de dreito, bai purparando l
doutoramiento, trabalha na
CMVM Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, adonde faç parte de cunseilho diratibo, stando agora
cumo porsor ousseliar cumbidado na Faculdade de Dreito de l’Ounibersidade Nuoba
de Lisboua.
In http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira
by OrCa | Jan 27, 2015 | Sem categoria |
Um pouco por aí fora, para não incorrer na desmesura de afirmar por toda a parte, sobrevivem e sobrelevam uns tipos que, enfim, apreciam a poesia. E fazem-na. E dizem-na. Vá lá saber-se porquê, ainda que seja muito mais árduo dizer porque não.
Foi o caso de mais uma homenagem a António Feio, que ocorreu no passado dia 24 de Janeiro de 2015, organizada pelo seu irmão Carlos Peres Feio e, desta vez, o
apoio da Associação Mar d’Artes, sediada no Barreiro, .
Vai sendo já uma verdadeira maratona, com nove sessões realizadas e participações diversas, adaptadas a cada lugar, contando com a participação local, ainda que com um fio condutor idêntico entre elas e alguns elementos fixos, chamemos-lhes assim..
Colhe-se o exemplo de António Feio, apoiado por textos de Carlos Peres Feio, como pretexto salutar para se enveredar através de canções, também elas evocativas da vida do actor, e os poemas, também, que o seu exemplo de vida suscite.
Amadores, todos, na também saudável perspectiva de seres que amam o que fazem.
– Ana Matos
– Mariana Loureiro
– Carlos Fernando Bondoso
– Raul Ferrão
– Alice Gomes
– Carlos Peres Feio
– Hugo Sampaio
– Jorge Castro
– Arthur Santos
– A equipagem
Talvez haja quem considere poder fazer mais e melhor. E ninguém o duvida, neste concerto do mundo. Mas estes fazem-no, para além de considerações.
– Fotografias de Lourdes Calmeiro
by OrCa | Jan 23, 2015 | Sem categoria |
Continuando a série de homenagens a António Feio, que têm ocorrido um pouco por toda a parte e com organização de Carlos Peres Feio, cabe a vez, desta feita, ao Barreiro.
Amanhã, pois, na Mar d’Artes – Associação Cultura & Arte, no Centro Comercial Park Center (onde se localiza a sua sede), pelas 21 horas , lá nos encontraremos.
Até lá…