Por vezes pergunta-se porque nasce um poema… Tenho para mim que essa é uma questão quase irrespondível, tantas as respostas.
Hoje, entretanto, ouvindo notícias e assistindo a esse flagelo dos refugiados pelo mundo, deu-me para o soneto, não por catarse, mas por reflexão – porventura canhestra – sobre o ser humano.


O DIREITO DE SER
tentamos as palavras impossíveis
nesse tempo de miséria e de mágoa
e queremos ser aquela gota de água
vogando pelos mares imperecíveis

quantos ventos adversos infindáveis
e correntes tormentosas contra a proa
dessa nau de melindres sempre à toa
sendo as velas e o leme tão mutáveis

na certeza bem maior da vida incerta
mesmo contra a rigidez de cada muro
seja nossa a palavra assaz desperta

hausto grande de ar mais limpo e bem mais puro
porque a vida é sempre um grito de alerta
nós seguimos numa esperança de futuro.

  • Jorge Castro
    18 de Novembro de 2021