não cales o que sabes
meu amigo
porque morrerá contigo
o quanto sabes saber
e o que sabes nem é teu
pois houve tantos que o deram
outros tantos o emprestaram
só para te ver crescer
lembra também o suor
e o sangue derramado
o labor de cada dia
em cada dia passado

há a imensa maravilha
de termos certa a certeza
de homem algum ser uma ilha
mas promontório natural
e ser maior seu tamanho
quanto maior o empenho
em ter o irmão seu igual

não cales o que sabes
meu amigo
que a prisão de um pensamento
rouba-te à vida o alento
e ficas só
sem abrigo

dá-nos de ti a pintura
o poema
a partitura do que melhor te aprouver
um chiste
porventura a escultura
o romance em cantochão
de amor ou de amargura
mas de sentir um coração
a bater
sempre a bater

temos pouco tempo
amigo
de viver
só por viver.

  • Jorge Castro
    01 de Agosto de 2021