venha lá a sardinha
as papas e os bolos
de enganar os tolos
a chuva miudinha
uva sem grainha
venha lá o medo
venham os bretões
nos seus aviões
dar cor ao enredo
em cor de lagosta
como a gente gosta
mas sem sinapismo
venham lá depressa
espantar o Eça
criar mais turismo
venha lá a Covid
que ninguém duvide
que está p’ra ficar
assim como estamos
entre desenganos
a olhar para o mar
venha a valentia
de num qualquer dia
ao mar nos fazermos
mas com a alegria
de um submarino
que só anda a remos
venha lá o vinho
o amigo e o vizinho
e do mal venha o menos
venham caracóis
com os futebóis
tão bons de rimar
tal como a cerveja
e a tanta inveja
que temos p’ra dar
ah meu Portugal
plastificado
como o via O’Neill
como o canta o fado
não há outro igual

ou melhor dizendo
não há outro Abril…?

  • Jorge Castro
    10 de Junho de 2021