O País foi agitado por uma não-notícia. Isto, o País, agita-se quase sempre por muito pouco. Enfim, se calhar ninguém saberá de que país se fala, mas lá que parece perturbar-se, lá isso parece.
O jornal (?) Expresso fala, há dias, de um relatório sobre o «caso de Tancos». O País estremece e entreolha-se, temeroso.
Há um Coelho e demais elementos da lura que rejubilam. Pedem a cabeça do ministro da tutela e, de caminho, de todo o resto da geringonça.
Há outros que «a-ver-vamos», mais prudentes…
Agora, sabe-se que a notícia é falsa e que não há relatório nenhum.
Eu sei que isto, no meio de tantas telenovelas da programação diária, entremeadas por futebol, não vale nada nem tem importância nenhuma, nesta espécie de disneylândia em que se vai transformando Portugal.
Mas não iremos ainda a tempo de esperar de alguma entidade oficial que mova, sei lá, um processozito por falta de verdade jornalística (?) deliberada e por promoção de distúrbio social ao jornal Expresso ou, vá lá, ao rato mickey responsável por aquela notícia (?)?
É claro que não há qualquer relatório, como o mais provável é nunca ter havido um assalto, da forma em que imaginamos um assalto.
Tudo o que há, com estes "casos atrás de casos" é uma cartucheira cheia de munições montadas de forma quase hábil numa fita do tempo.
E digo "quase hábil" porque tirando o salivar da turba acéfala e sem qualquer capacidade de análise racional que acha certeiras as tiradas, as bombas disparadas têm acabado todas por cair em cima dos atiradores. Foram os mortos de Pedrógão e todos os outros "casos" atirados com a tal precisão cirúrgica.
É um facto que o efeito mediático tem tido sempre mais impacto aquando do disparo do que quando atinge o inesperado alvo, ou seja, quando por efeito de boomerang ou providência divina, lhes vem cair em cima.
Espero por isso o dia,- e não faltará muito-, em que o disparo e o alvo coincidam no tempo, dito de outro modo, que a bomba lhes rebente nas mãos. Com este "relatório" quase, quase que era. Foi preciso o Expresso vir repetir uma e outra vez a veracidade de uma coisa que estava na cara, de tão mal engendrada, que só poderia ser inventada. Talvez seja hoje ou amanhã, as eleições estão próximas, que o nervoso miudinho faça estoirar o paiol.
Não temos pena, não é? Deixa rebentar!
Eu até diria mais: fogo à peça, caro Charlie!