«Um grupo de jovens mulheres decide aprender e reencontrar um canto primevo de muitas sonoridades. Assim, em 1979, nasce o Cramol – Grupo de canto de mulheres da Biblioteca Operária Oeirense.
Cantamos o que herdámos. Um canto que nasce da terra, da natureza, do trabalho, da morte e da vida, de ritos ancestrais a que as mulheres quiseram e souberam dar voz. São falas onde se inscreve o traço da tradição.
Cantamos por gosto e por uma vontade partilhada de salvaguardar as raízes, de preservar e de valorizar, no presente, o património comum. É este o nosso trabalho há mais de 35 anos!
A partilha e reflexão desse património são a razão de ser destes encontros. Com eles procuramos novos trilhos que outros olhares possam revelar. Alicerçados no ciclo da natureza, fiando e desfiando fios, teceremos as falas ou o canto que na recriação presente se faz futuro.
São quatro encontros anuais, como quatro são as estações do ano. Em cada um deles dois convidados – uma mulher e um homem –para abordar o aspecto musical e o contexto em que este canto habita – um canto feito de quotidiano, história e criação permanente.
Começámos com a Primavera. Estamos agora no Verão em pleno solstício.
Os convidados deste encontro: Rosário Pestana e Luís Pedro Faro, têm percursos bem diferentes. A primeira, é uma estudiosa das práticas músicas tradicionais que articula, nomeadamente, com as questões de género. O segundo, conhece bem o trabalho do Cramol que dirigiu artisticamente durante 11 anos. Estudioso da voz, tem aprofundado a construção da sonoridade no canto tradicional das mulheres. Cruzam-se assim outros olhares que propiciam tecer falas que cremos amadurecidas e folgadas-»

CRAMOL
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