não há páginas em branco
no decurso destes dias
nem palavras por dizer
momentos não preenchidos
em cada hausto ou sentir
num caminho percorrido

não há nada além da vida
– e está sempre a acontecer –
além do que ela convida
sem fim
princípio
ou medida…

e eu sinto o sol vadio numa tarde entardecida
a aconchegar-me o consolo de ser tão feito de tudo
eu que de um nada sou feito
ficando mais a meu jeito este preceito absurdo
de ser mar à superfície
mas ser abismo profundo

e ser só essa a razão
que nos traz razão ao mundo.