… porventura sempre igual ao que sempre foi e que nos cansa de tanto ser…

Novo cantar da emigração
refrão
parto
em busco do horizonte
quero
viver outro dia
bebo
a vida dessa fonte
de
onde brota a utopia
parto
a caminho da noite
levo
comigo a saudade
envolta
no pano cru
tecido
pelos meus pais
deixei
a esperança tão longe
no
alto daquele montado
onde
a casa sitiada

os campos sem destino e o mar do nunca mais
vou
a caminho do mundo
levo
os olhos no futuro
solto
amarras da cidade
que
me tolhem junto ao cais
e
sei tão pouco da vida
sei
tão pouco da aventura
que
as lágrimas à despedida
são
o medo do jamais
na
bagagem levo sonhos
visto
a roupa do abandono
no
bolso levo amarguras
cansadas
de tantos ais
da
pátria perdi o rumo
da
nação perdi o pé

me perdi dos caminhos
virei
talvez nunca mais
– Jorge Castro