Aqui vos deixo o meu poema para este Abril, estes cravos
e notícia da comemoração do Dia da Poesia nas Caldas da Rainha
não
era nada, quase nada e era Abril
era nada, quase nada e era Abril
não era nada
quase nada
e era Abril
flor sem tempo entretanto mais
urgente
urgente
invadindo-nos a alma de
repente
repente
amorosa
airosa
mas febril
era um cravo ardente e a arma
em punho
em punho
era um olhar furtivo e tão
contido
contido
a surgir na madrugada
destemido
destemido
era a nossa mão erguida em
testemunho
testemunho
era um ser sem ser que a
pátria era
pátria era
era um ser sem querer de
estar à espera
estar à espera
era um andar pelas ruas
clandestino
clandestino
e era de homem o olhar – de
alma o menino
alma o menino
e houve um santo e uma senha
na alvorada
na alvorada
a erguerem-se numa só
feitas
à estrada
à estrada
as vontades de ser livre e
ser inteiro
ser inteiro
a rasgarem entre o denso
nevoeiro
nevoeiro
o alvor
a alegria
a liberdade
e mostraram ao país outra
verdade
verdade
não era nada
quase nada
e era Abril
e esse cravo no cano de uma
espingarda
espingarda
era a voz que gritava em
vozes mil
vozes mil
deste povo que envergando a
verde farda
verde farda
soube dar novas cores ao mês
de Abril.
de Abril.
– Jorge Castro
*
De algum modo a propósito ou, porque em Abril vontades mil, decorreu no passado dia 12 a Comemoração do Dia Mundial da Poesia, na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha, em que tive o prazer de participar e a honra de ser homenageado e de que aqui se lavra notícia.
– Isabel Gouveia – Palmira Gaspar – Jorge Castro – início e apresentação da sessão organizada pela Comunidade de Leitores e Cinéfilos das Caldas da Rainha
– Palmira Gaspar, da Comunidade de Leitores, anuncia o extenso e ambicioso programa perante uma plateia muito bem preenchida:
E tem início a sessão…
– Carlos Gaspar – Tânia Leonardo – Emily Duffy,
com o poema de Vinícius de Moraes, Porque Hoje É Sábado
– Grupo do Teatro de Boca, dos Pimpões, ensaiado por Tânia Leonardo, com Vânia Dinis, Eduarda Santos, Rita Vicente, Marta Taveira e Ana Sequeira, com a original e bem sucedida interpretação do quadro A Menina do Mar (conto de Sophia de Mello Breyner Anderson)
Carlos Gaspar inicia o período da sessão dedicado à homenagem aos dois autores presentes,
Isabel Gouveia e Jorge Castro
– Tânia Leonardo interpretando poemas dos autores homenageados
– Isabel Gouveia, na sua alocução seguida da leitura de poemas
– Isabel Gouveia
Referência à obra poética da poeta homenageada Isabel Gouveia,
coligida no livro Na Voz da Esperança Há Lágrimas
– Jorge Castro
– Breve alocução e interpretação de poemas recentes de minha autoria
– Visita à poética de Isabel Gouveia.
Grupo Olha-te, apresentado pela sua representante Célia Antunes
A participação poética da Universidade Sénior das Caldas da Rainha, com um notável desempenho:
– Maria José Ricardo
– Victor Duarte
Poetas das Caldas da Rainha:
– Emily Duffy, à descoberta de Portugal,
demanda essa que tive oportunidade de sublinhar, com louvor, mais à frente, na sessão.
– Joana Cavaco,
uma inesperada desenvoltura e boa presença, já com obra própria, bem defendida
– José Valadas, com a notável arte de selecção poética a que nos habituou
– Participação do Conservatório de Música de Caldas da Rainha:
Francisca Bonacho (violino)
Profª. Débora Bessa (flauta de bisel baixo)
Abel Martinho (flauta de bisel contralto)
interpretando um andamento de uma trio-sonata de Telemann
– Dança Yôga, pela Mestre Manuela Soares,
coreografando o poema Rosas, de Sophia M. Breyner.
coreografando o poema Rosas, de Sophia M. Breyner.
Grupo de poetas de Coruche:
– Ana Freitas
– Ana Neves
– Rosário Freitas
Destas amigas e companheiras de já tantas jornadas que mais dizer, além de sublinhar com realce a participação sempre empenhada, a solidariedade e esse precioso cuidado na arte do encontro?
– Apresentação do meu mais recente livro:
Ti Miséria e Outros Poemas ConVersos (edição Apenas Livros, 2014)
– Atravessei, airosamente, a apresentação deste meu novo livro através da leitura de alguns trechos, que se inspiram nos contos e lendas de que somos feitos.
Grupo de poetas de Lisboa, de Cascais, de… :
– Aida Nuno
– Ana Maria Patacho
– Luís Perdigão
Outros amigos que se juntam àquele panteão já acima referido. Amigos que, contra ventos e marés de infortúnio, escolhem vogar nesse mar de calmo que constroem…
Mário Piçarra e Heloisa Monteiro encerraram a sessão com interpretações musicais várias, como Carta ao Zeca, de José Mário Branco, Um Mito Urbano e Os Artistas, de Mário Piçarra e Jorge Castro, logo depois acompanhados por Zenaida Chantre, interpretando algumas Mornas de Cabo Verde.
– Aida Reis, directora da Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha fazendo a sua alocução de encerramento de mais um Dia Mundial da Poesia na Biblioteca das Caldas da Rainha, autêntica maratona de vontades como se pode ajuizar pelo que fica dito e mostrado.
– Coro, alargado a todos os presentes, da Trova do Vento que Passa, de Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre
– Fotografias de Lourdes Calmeiro
Tu mereces uma homenagem permanente. Pelo menos de mim, tem-la.
Podes enviar-me um exemplar do «Ti Miséria e Outros Poemas ConVersos»?
E podes publicar este teu poema no nosso «Persuacção»?
Eu sei, eu sei, sou uma cravadora…
(não te esqueças é de me dizer o preço e o teu NIB)
abraço, meu caro.
boas causas as tuas! sempre…
teu poema é empolgante.
Grândola!
Grândola, Vila Morena!
Meu sinal de alerta.
Armem-se todos de cravos:
Enfim, a Liberdade desperta.
Grândola, Vila Morena!
Sabem aqueles que vêm à luta,
Ancestrais foram contidos,
Servindo aos luxos.Plena labuta.
Grândola, Vila Morena!
Nunca mais serás proibida
Hoje e sempre na lembrança,
Da História não ficarás esquecida.
Da ditadura fascista,
Das guerras com irmãos, tantos anos.
Não queríamos fogo nas armas…
Só cravos e amor, cantamos.
Com cravos vermelhos, quisera,
Estar à tua espera, Soares.
E que por toda Lisboa querida:
Grândola, Vila Morena, entoassem.
(Deduzi que merecias, aqui neste espaço, a demonstração do meu carinho. Mamãe Coruja)
Mamãe Coruja, este poema é lindo! É teu?
Sim. Meu. Assim que li o do Jorge Castro, publicado em Persuacção… disse_me: vou criar um, com base no conhecimento histórico – pouco, mas não menos encantador -, sobre o assunto. E fui criando, e foram saindo as palavras. E aí está. Sim. Minha autoria, com carinho para vocês.
E, como já viste, está no Persuacção
Gracias, tuga querido.