Pois é… creio que nunca tal foi antes a extensão da reportagem fotográfica a lançar por estes Sete Mares, mas o facto é que fomos muitos a participar nesta sessão, assim a modos que um carrossel de afectos que evoluiu em espiral ascendente, mas carrossel onde os cavalinhos, as girafas, as cadeiras rodopiantes assumiram a forma e o modo de poemas, de música, de canto e de afectos.
Tratava-se da apresentação do livro de poemas Sou Mercúrio, Já Fui Água, da autoria de Regina Correia, a nossa convidada, livro que me competiu apresentar, mas que trazia acoplado a Noite Andarilha, outra obra da mesma autora e cujo título foi premonitório em relação ao que esta noite nos trouxe.
Página a página, os livros foram saboreados e degustados, numa correria à flor da pele… e deles não mais se dirá, a não ser que se trata de uma edição da Alphabetum – Edições Literárias e, como em tantas outras circunstâncias, não incomodando os meus improváveis leitores com arrazoados fastidiosos, se deixa lembrança das palavras de um poeta: «melhor é experimentá-lo…».
Disse, depois, a autora, Regina Correia, de sua justiça, com amáveis palavras e com o levantar do véu do que a noite tinha ainda para nos trazer…
Afinal, estávamos no Dia Mundial da Poesia, no Dia Mundial da Árvore e com a Primavera a entrar-nos portas adentro, sem pedir licença, mas de quem já todos vamos sentindo a falta… Recordemos e celebremos o Março que logo nos trará Abril, pois!
Após esta «primeira parte» em torno da apresentação das obras da autora convidada, chegou a vez dos poemas e dos poetas da casa de prestarem tributo ao dia, à convidada, à Lua, até, se o quisermos, que andava arredia, a garganeira, escondida por incansáveis bátegas de água que não conseguiram afugentar todos aqueles que vieram por bem.
– Carlos Gaspar e Palmira Gaspar, acompanhados pela prima-neta, uma bela jovem, Emily de sua graça, que nos chega dos Estados Unidos para saber de Portugal e da língua portuguesa. Entretanto deixaram o anúncio do próximo evento, por eles organizado, no próximo 12 de Abril, pelas 15h, na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha e também comemorativo do Dia Mundial da Poesia.
– Emily
(… e porque será que aqui me ocorreu o tema For Emily, Whenever I May Find Her,
de Simon and Garfunkel e de tão boa memória…)
– Ana Patacho, de quem ficou no ar anúncio de obra escrita para breve…
– Francisco José Lampreia, que no seu afã de ilustrar Pessoa, nem deu tempo ao completo desenvolvimento do conspícuo bigode… mas valeu a intenção.
– João Baptista Coelho, que dedicou à nossa convidada um seu poema, com o efeito… natural.
– Emília Azevedo
– Eduardo Martins… com sobejas razões para este seu ar agastado.
– Luís Perdigão, homem que não deixa penas por mãos alheias…
– Humberto Seriz
– Jorge Castro
E fomos chegados à «terceira parte» e ao excelente naipe de amizades de Cabo Verde (e não apenas…) com que Regina Correia nos brindou. Tratava-se, agora, de dar voz a diversos poemas da autora, através de alguns dos seus afectos. Antes, porém, deixou-nos ela com uma muito personalizada versão da Canção com Lágrimas, do Adriano Correia de Oliveira, assim a modos de anúncio/abertura relativamente ao que se seguiria.
Uma menção muito para além de meramente honrosa ao acompanhamento cuidado, à guitarra clássica, que António F. Lima (Tonecas) e Heloisa Monteiro fizeram ao longo de todo este espaço sem tempo…
E permitam-me lá a imodéstia: a sala, como sempre e contra as intempéries, cheia!
– Carlota de Barros
– Heloisa Monteiro
– Mário Piçarra, que nos trouxe dois temas compostos por si e sobre poemas meus: Um Mito Urbano e Os Artistas, mas também Carta ao Zeca, de José Mário Branco e, em parceria com Zenaida Chantre, as Ondas Sagradas do Tejo, de B. Leza.
– Alexandre Conceição (Xan)
– Zenaida Chantre, com o Mal de Amor, de Eugénio Tavares, com um dulcíssimo regato na voz…
E, a cada passo, um coro, que música desta pede e aconselha cumplicidades.
– Tonecas Lima
– Jorge Rodrigues
– Paula Martins
– Filomena Lubrano
– Luís Tomar
– Abílio Alves
– Teresa Noronha
– A parceria Zenaida Chantre e Mário Piçarra, acompanhados por Tonecas Lima e Heloisa Monteiro.
E sempre as vozes outras a enriquecerem mais o que já o era.
Regina Correia encerra o recital com a Trova do Vento que Passa, de Manuel Alegre, António Portugal e Adriano Correia de Oliveira, que estava mesmo, mesmo, a pedir que outras vozes se lhe juntassem…
… e vieram mais cinco e mais dez e, afinal, a sala toda!
Pois, pois… acabada a festa, a festa continuou, que nisto das músicas, em havendo Cabo Verde por perto, a navegação não pára.
Para cúmulo, uns docinhos de Cabo Verde, um ponche, um moscatel… e, afinal, uma Biblioteca com vida a extravasar por todos os poros.
Muito me pareceu que a autora não teve mãos a medir quando chegou a hora dos autógrafos…
… por entre o alegre vozear que persistia e não desarmava
Talvez no dia se comemorasse a Poesia… Mas já era outro o dia e a Poesia continuava, uma hora mais, outra hora, comprovando que ela terá lugar sempre que um homem e/ou uma mulher assim o quiserem!
Outra mais, que ninguém nos tira. E já lá vão 96!
– Fotografias de Lourdes Calmeiro e de José Freitas
Parabéns pelo evento!