– um outro poema de referências, como agradecimento a João Balula Cid e aos seus (nossos) amigos em sessão memorável das Noites com Poemas

as canções da nossa liberdade
são da cor das madrugadas da vida
no acaso tanta vez feito vontade
por valer uma esperança enfim cumprida

são da cor de um olhar ao mar aceso
são o brilho desse olhar na noite escura
são raiz do pensamento enfim coeso
são as mãos da paz da guerra e da aventura

as canções da nossa liberdade
são aquelas soltas no vento que passa
alvoroço contra o medo e sem idade
de haver sempre uma candeia na desgraç
uma luz algum farol o olhar ardente
essa bola entre as mãos de uma criança
que saltita alegre e viva à nossa frente
e por saber ser assim livre é cor da esperança

hão-de ser para alguns um leme inteiro
o velame que impele a nau premente
esse grito que nos rasga o nevoeiro
quando o tempo de mudança é mais urgente

as canções da nossa liberdade
são a carne viva feita de emoções
cada nota cada estrofe que em nós arde
incendeia aqui e agora os corações
a crescer entre o peito e a garganta
a valer de pena e espada que acontece
quando a noite se finou e amanhece
nesse querer voar que sempre se agiganta
na invenção do amor que nunca é tarde
inteiro e limpo
o dia que enfim canta
as canções da nossa liberdade

e por ser assim
e assim nos valer a pena
nas canções da nossa liberdade
o povo é quem mais ordena.

– poema de Jorge Castro