Para registar e ver com olhos de ver:
A Associação Empresarial de Penafiel contratou quatro desempregados a 43 cêntimos à hora para se vestirem de Pai Natal. Segundo o Jornal de Notícias desta quarta-feira, os animadores, operários da construção civil, recebem 83 euros por 30 dias, mais subsídios de transporte e alimentação.

A Associação Empresarial de Penafiel pretendia, para o período compreendido entre 1 e 31 dezembro, quatro pessoas para o «desenvolvimento e promoção de ações de animação do comércio local no Centro Histórico de Penafiel, durante o período natalício e apoio à equipa existente», explica Graça Castro, diretora do Gabinete de Comunicação e Relações Externas do IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P.
«Dos candidatos presentes oito aceitaram voluntariamente a participação neste projeto e foram encaminhados para a entidade (Associação Empresarial de Penafiel), destas foram selecionadas 4 (quatro), de acordo com o número indicado na candidatura», explicou Graça Castro. (in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=606179

NOTA: Se dividirmos 83 € por 4 semanas, atingiremos as 48 horas de trabalho semanal; se dividirmos os mesmos 83 € por 30 (!) dias – sábados, domingos e feriados, tudo incluído -, teremos um total de 6 horas e meia de trabalho diário… Que palavras dizer? 

Muito para lá da ironia amarga do título que escolhi para esta entrada, há, na verdade, qualquer coisa de miserável naquilo que os mandantes andam a fazer contra a nação portuguesa.

 

Há, afinal, qualquer coisa de miserável nesses mandantes.

 

E porque 43 cêntimos por hora de trabalho é qualquer coisa a que não se pode chamar remuneração, nem honorários, por ser aviltante e explorar a carência de tudo, só podemos estar em presença de mais uma manifestação hipócrita da «caridadezinha» que apregoam as Jonets do nosso descontentamento.

Note-se que, se é certo que considero avilante esta exploração, os agentes desse aviltamento são, como não pode deixar de ser considerado, os que contratam e assim pagam o tempo (a vida?) dos contratados e apenas sobre eles incide o ónus do adjectivo. 

E quando o trabalho é remunerado como esmola, algo está definitivamente podre neste reino, que urge expurgar com carácter de urgência!