by OrCa | Set 14, 2012 | Sem categoria |
Depois de tudo quanto foi dito e de quanto mais se possa vir a dizer, aqui se declara que este cidadão considera que o actual governo perdeu a legitimadade para a governação do País – do qual, aliás, apenas uma parte relativamente pouco significativa do eleitorado o terá eleito – e que deve apresentar imediata demissão. A bem ou empurrado…
Talvez não fosse má ideia, entretanto, perante os resultados que nos vêm sendo apresentados de há mais de vinte anos a esta parte, que o próximo elenco governamental fosse contratado através de anúncio em jornal da especialidade – que os há em profusão -, com contrato a termo e manutenção mediante bom cumprimento de objectivos pré-definidos.
Ah… poderia ser um governo de iniciativa presidencial, já agora, para lhe conferir alguma credibilidade. E à Assembleia da República competiria, em coordenação com o senhor presidente da República, a fiscalização da actividade governativa.
Tenho a certeza de que, em termos de sensibilidade social, nada ficaria a dever a estes que temos tido e que, aparentemente, do conceito de nação apenas guardam o preceito do «venha-a-nós-o-vosso-reino» .
by OrCa | Set 9, 2012 | Sem categoria |
Panteão Nacional
O Panteão Nacional, situado na zona histórica de Santa Clara, ocupa o edifício originalmente destinado para igreja de Santa Engrácia, acolhendo os túmulos de grandes vultos da história portuguesa. Fundado na 2ª metade do século XVI, o edifício foi totalmente reconstruído em finais de Seiscentos pelo arquitecto João Antunes; embora nunca chegasse a abrir ao culto, conserva, sob a cúpula moderna, o espaço majestoso da nave, animada pela decoração de mármores coloridos, característica da arquitectura barroca portuguesa. Elemento referencial no perfil da cidade e oferecendo pontos de vista privilegiados sobre a zona histórica da cidade e sobre o rio Tejo, está classificado como Monumento Nacional. – informação colhida em
http://www.igespar.pt/pt/monuments/51/ da responsabilidade do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico

Pois fui-me ao Panteão Nacional, para assistir a uma inauguração de Pintura de
Isabel Nunes –
http://www.isabelnunes.com/ – (
A Geração de 500) -, sobre a gesta das descobertas, que lá se encontra patente e de que recomendo visita, aproveitando para colmatar uma lacuna grave nos meus périplos por Lisboa, pois a verdade é que nunca tinha, até anteontem, visitado este nosso local de referência da capital.
Da visita nada vos direi. Recomendo-a vivamente e pronto.
Mas não pude deixar de notar, com uma mistura de incredulidade, vergonha, espanto e, convenhamos, até alguma indignação, aquele cabo eléctrico preto que espreita, conspícuo, retorcido qual rabinho de porco, por trás dos restos mortais de Luís Vaz de Camões (e também por trás dos demais que lá repousam, diga-se) e que alimenta o holofote por trás do túmulo…
Terá a ver com o conceito de obras de Santa Engrácia, resquício perturbante do conceito articulado com o prévio nome do edifício?
Que diabo, não haverá um tubinho de cola de contacto que, sem ofender os belíssimos mármores, dissimule o malvado cabinho – que, a propósito, poderia até ser branco, que os há no mercado…), para que não fique aparente, criando assim um corte horrendo e meio-chunga em todo aquele harmonioso envolvimento?
E mais do que isso: não haverá um desgraçado de um responsável-de-qualquer-coisa que tenha olhos para atentar naquilo?
Em pleno Panteão Nacional? Ó meus amigos!…
by OrCa | Set 5, 2012 | Sem categoria |
Ele há destinos e destinos. Para mim, Miranda do Douro contém sempre qualquer coisa de «regresso às origens», mesmo que as origens de que aqui se fala sejam as dos afectos, da vagabundagem da meninice, daquele tempo áureo em que cada dia e cada minuto se grava em nós indelevelmente para a vida toda.
Depois, percorrer uma e outra vez os caminhos preenchidos pelas evocações….
… relembrar bichezas conhecidas de que já se nos esvaem contornos precisos…
… que percorreram e preencheram aqueles caminhos de infância, mas que por sorte nossa e cuidados de alguém, ainda por lá se mantêm, em cada lameiro escondido, em cada recanto recôndito.
A pequena ave que compôs episódios exemplares que ficaram para a vida toda – lembram-se do pintassilgo que «suicidou» os filhos engaiolados? – …
… ou a águia pairando sobre tudo e sobre todos, cujo voo tinha artes de silenciar e fazer estacar, mais junto à terra, tudo quanto era ser vivente potencial refeição…
Mas banquetearmo-nos, logo a seguir, com uma excelente costeleta de porco bísaro, de comer e chorar por mais…
… ajudando à sua digestão um périplo por locais rejuvenescidos…
… ou por outros de imagem e circunstância mais perenes…
… de algum modo, também, como elementos basilares ou verdadeiros pilares da nossa memória.
Miranda do Douro lá está, sempre à nossa espera, pronta para nos surpreender com o seu linguajar característico, que me traz uma nostalgia que não sei, sequer, disfarçar.
E lá vem o encontro de velhas amizades, o convívio em boa hora proposto…
… dos antigos alunos do Externato de São José, onde parece que as horas passaram depressa demais para serem verdade.
Como em anos anteriores, a recepção no salão nobre da Câmara Municipal, entre discursos de circunstância…
… alguns cerimoniais quase obrigatórios…
… mas muita relembrança do tempo matricial onde os nossos caminhos se cruzaram.
A diferença de idades vai-se diluindo…
… entre dois dedos de «olha lá, lembras-te daquele dia em que…?»…
… e as evidências sempre à mão de semear, mesmo se em diversas versões, pois assim somos feitos.
Depois, comer-lhe e beber-lhe, sendo que a ordem dos factores pode e deve ser arbitrária, tal como a sequência de evocações.
Como pano de fundo, Miranda do Douro, entardecendo…
Como sempre, também, o cerimonial jantar sem cerimónias…
… onde há, contudo, sempre algo de novo a celebrar…
… para gáudio e enlevo de todos.
Aos poucos, ensaia-se o cunho identitário de uma cultura que sabe manter-se de uma integridade invejável e talvez nerecedora de alguma atenção por quem pratica outros desvarios «globalizantes».
Os sorrisos ali estão, dir-se-ia de pedra e cal, não fora a alma que os anima.
Os abraços vêm sempre a propósito…
… bem como os discursos, ditos a preceito, em mirandês, mesmo com arremedos do microfone que esteja mais à mão.
A atenção, mais do que muita, dos circunstantes prova, afinal, a firmeza dos enlaces…
… que a música desgarra e entusiasma.
E porque não haveria lugar à poesia em tão aprazível encontro se, para cúmulo, ela se fez acompanhar por mavioso violino, que tanto ajudou a dar outra cor às palavras?
Para, logo mais, serem ditas a duas vozes e duas línguas, ainda que com ânimo idêntico.
A imponência do bel-canto antecede, então,…
… o lógico corolário do canto a múltiplas vozes, que se encontram e se entendem, como remate de uma bela sessão de convívio.
Miranda yé la mia tiêrra… i se nun fosteis cumo hables de saber l que perdesteis?
– Fotografias de Jorge Castro e de Lourdes Calmeiro